Estou a organizar informação sobre desenvolvimento social. Assim sendo, vou partilhando com vocês alguns apontamentos na esperança que, os mesmos, possam ser úteis.
PARTE 1 - IMPORTÂNCIA DE VÍNCULOS FORTES
A pergunta que toda a gente faz: As crianças e jovens estão cada vez mais “difíceis”..., há fórmulas mágicas para dar a volta à questão?
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Quero iniciar a abordagem deste processo com a seguinte conclusão:
A forma mais fácil de chegar ao segundo andar de uma casa é através do primeiro. Mas num momento de crise é sempre possível ir buscar uma escada, trepar e entrar por uma janela…
No final, penso que irão perceber esta conclusão!
VINCULAÇÃO
O desenvolvimento social inicia-se com o primeiro vínculo humano que é considerado, por vezes, como a base de todas as relações posteriores com os outros: a vinculação do bebé à pessoa que cuida dele.
O que é a vinculação?
Vínculo é a palavra científica para “relação” e fala da nossa necessidade preeminente de intimidade.
Procuramos proximidade e conexão de muitas maneiras: através de estar com, ser parecido com, fazer parte de, estar do mesmo lado de, ser importante para, através do amor, e através do sermos compreendidos.
Assim sendo, vinculação é uma relação afetiva que se estabelece entre a criança e o seu cuidador primário.
Assim sendo, vinculação é uma relação afetiva que se estabelece entre a criança e o seu cuidador primário.
Durante os primeiros meses de vida, o mundo social do bebé está limitado a uma única pessoa, geralmente à mãe. Com o tempo os horizontes sociais tornam-se mais vastos, passando a incluir ambos os pais, o resto da família e depois os companheiros de cresce e da escola. Com o início da adolescência, os amigos do sexo oposto assumem cada vez maior importância, o indivíduo torna-se sexualmente ativo e em breve ele próprio torna-se pai iniciando novamente o ciclo reprodutivo. Mas a expansão do mundo social da criança vai mais longe. Já crescida, começa a compreender o sistema de regras sociais que a une não só à família mas também a um universo social mais vasto.
SEPARAÇÃO E PERDA
A figura de vinculação fornece conforto e segurança, ao passo que o seu afastamento desperta angústia.
Durante os primeiros meses de vida, o bebé aceitará um substituto, talvez porque ainda não exista uma conceção clara da mãe que a diferencie de todas as outras pessoas. Mas, a partir de certa altura, entre os seis e os oito meses de idade, o bebé começa a saber quem é a sua mãe. A partir de agora, chora e inquieta-se quando a vê partir.
Separações longas podem ter efeitos graves.
Para alguns autores, o desgosto experimentado por adultos com a morte de um ente querido é, em muitos sentidos, semelhante à ansiedade de separação da criança afastada da mãe.
AVALIAÇÃO DA VINCULAÇÃO
A reação à separação fornece um modo de avaliar o tipo de vinculação que um bebé estabeleceu com a mãe.
Um procedimento largamente utilizado é a chamada “situação estranha”, inventada por Mary Ainsworth e seus colegas, para crianças com cerca de um ano de idade.
A criança é primeiro introduzida numa sala desconhecida onde há muitos brinquedos, dando-se-lhe oportunidade para explorar e brincar, enquanto a mãe está presente. Passado algum tempo, entra um estranho, fala com a mãe e depois aproxima-se da criança. O passo seguinte é uma breve separação: a mãe sai da sala e deixa a criança sozinha com o estranho. Segue-se a reunião, a mãe volta e o estranho sai.
Qualidade da vinculação
Na situação estranha, um grupo é descrito como “firmemente vinculado”. Enquanto a mãe está presente, estas crianças exploram, brincam com os brinquedos e até se aproximam cautelosamente do estranho. Mostram alguma perturbação, quando a mãe sai, mas saúdam com grande entusiasmo o seu regresso. As restantes crianças revelam vários padrões de comportamento que Ainsworth e os seus colegas consideram sinais de “vinculação insegura”. Algumas parecem estar muito ansiosas: não exploram a sala mesmo na presença da mãe, ficam extremamente angustiadas e em pânico quando elas as deixam e reagem com ambivalência emocional no momento da reunião, correndo para elas para serem pegadas ao colo e lutando com raiva, depois, para voltarem ao chão. Outras mantêm-se distantes e afastadas de início: manifestam pouca perturbação, quando a mãe a deixa, e ignoram-na quando volta.
Crianças, na “situação estranha”, classificadas como firmemente vinculadas, foram consideradas, aos três anos e meio, como mais extrovertidas, populares e bem adaptadas na creche.
[A vida emocional da criança não é exclusivamente dedicada à mãe. Mas a mãe parece ser mais importante, pelo menos em idades precoces.
Ou seja, os resultados sugerem que a vinculação ao pai é menos poderosa do que à mãe. O mais provável é que esta disparidade reflita o facto de, na grande maioria das crianças da nossa sociedade, a mãe ter a seu cargo a maior parte dos cuidados.]
(continua)
É sempre bom ler o que escreves Liliana :)
ResponderEliminarUm beijinho *
Muito Obrigada simpática Bárbara ;)
EliminarBeijinho e votos de uma doce Páscoa...
"…Quanto mais nos disserem o que devemos ou não fazer, mais perdemos o senso comum e a intuição natural."
ResponderEliminarEsta frase diz-me muito. Ainda há dias dizia que se fosse avaliada por "especialistas" reprovava no teste e no entanto acho que tenho feito um bom trabalho como mãe. Faço muitas coisas que "não devia", segundo os livros e os 'experts' mas não me arrependo nada, sigo a minha intuição ou instinto e acho que estou a criar uma criança saudável e feliz e para mim isso é o que mais c