Quem são as barrigas de aluguer/mães
hospedeiras?
“Barriga de aluguer/Mãe
hospedeira refere-se, habitualmente, àquela mulher fértil que deu o seu acordo
para desenvolver uma gravidez para um casal, com quem estabeleceu uma relação
prévia contratual, perante o qual se compromete a entregar a criança
recém-nascida e a renunciar a qualquer direito maternal.”
Para começar a minha (humilde)
reflexão, inicio debruçando-me sobre as palavras “mãe” e “hospedeira”. E aqui,
surgem-me já algumas dúvidas: Mãe? Mas qual Mãe? E o que é ser mãe? Hospedeira?
Mas não serão todas as mães também hospedeiras?
Na verdade, com o avanço das
novas tecnologias reprodutoras, o conceito tradicional de família alterou-se,
pois deu-se a separação progressiva das diversas componentes – mãe: mãe
genética (produtora ou dadora do óvulo), mãe gestadora (encarregada do
desenvolvimento do feto) e a mãe cuidadora (que assume o desenvolvimento
psicossocial da criança).
Mas, afinal, qual destas três
será a mãe verdadeira? Se entregássemos a Salomão a tarefa de resolver este
assunto, será que ele mandaria partir a criança em três? E qual das mães “prescindiria”
da sua parte para que a criança ficasse inteira, viva? Deixarei a pergunta em
aberto, mas penso que talvez as três…
Será que a mulher que traz na
barriga durante 9 meses um bebé de outrem será apenas hospedeira/barriga de
aluguer, isto é, será uma situação passageira que depois é esquecida e em que
não há trocas entre ambos que irão durar toda a vida?
Claro que durante a gravidez há
ligações não só afetivas e psicológicas, mas também fisiológicas e biológicas. Sabemos
que as ligações hormonais, transmissão de imunidade, incompatibilidade
sanguínea, etc., são feitas com a mãe que gera. Posso aqui concluir que o
ambiente da gravidez é extremamente importante e, se pudesse quantificar aquilo
que é genético e aquilo que é ambiental na gravidez, talvez pudesse dizer que
este último aspeto é maioritário.
E será que a bi(tri)partição da
entidade materna terá algumas vantagens? Ou será apenas desvantagens?
Como argumentos
a favor poderei nomear os seguintes:
- Possibilitar o acesso à maternidade genética e/ou social a mulheres que, de outro modo, não a poderiam alcançar;
- Possibilitar a parentalidade aos casais homossexuais;
- Aceitar a especialização (na área da gestação) numa época de especializações;
- O útero é um órgão reprodutor, não é um órgão sexual – atividade sexual e reprodutora não são uma e mesma coisa;
- Podemos esperar bebés melhores se geneticistas, biólogos, endocrinologistas de reprodução, perinatologistas e mães gestadoras “derem as mãos”.
E quais as desvantagens? Vou ao
outro lado da moeda!
Era uma vez um feto…E a importância da aprendizagem fetal? A
partir da 6.ª semana de gestação começam a sensibilidade à luz e as capacidades
gustativas e a partir do 7.º mês a aprendizagem das capacidades auditivas. E a
vinculação intra-uterina? O estudo sobre os ruídos intra-amnióricos e o seu
efeito no choro dos latentes e ainda a exposição prolongada do recém-nascido ao
batimento cardíaco materno diz-nos que leva a criança a comer mais, a dormir
melhor e a chorar menos.
E era uma vez uma mulher… E a ligação entre o bebé de fantasia, o
bebé imaginário e o bebé real?
Para terminar, deixo mais uma
questão em aberto: será que, mais uma vez, os ditados antigos, populares, é que
estão certos? Veremos daqui a alguns anos se, na verdade, se confirma que PARIR
É DOR, CRIAR É AMOR!
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