Foto by Rafael Peixoto
Por que continuam as pessoas a viver em permanente agitação e a ser
violentas consigo mesmo, com os outros e com a natureza? Qual a origem da
discrepância entre o que dizem, o que conseguem ser e o que colocam em prática?
A verdade é que somos educados
com base numa orientação assente no paradigma
newtaniano-cartesiano, que coloca a ênfase sobretudo na razão e numa lógica
mutuamente exclusiva, isto é, nada é verdadeiramente digno de consideração, a
não ser que quantificável e analisável pelo Pensamento e pela Lógica
de que A é necessariamente diferente de B.
Foi com base neste paradigma que
construímos um mundo interno e externo fragmentado e mutuamente exclusivo.
Vejamos:
Ao nível externo, este paradigma trouxe-nos uma sociedade com um
modelo competitivo e exclusivo, “só posso ganhar, se tu perderes”, “só posso ter
lucro, se tu tiveres prejuízo”, “só posso ser rico, se tu fores pobre” e
desenvolveu um sistema de ensino assente sobretudo no pensamento, na passagem
discursiva de informação.
Ao nível interno, trouxe-nos um ser humano desarmonioso, pois é fruto
de uma visão fragmentada do ser, que apenas considera a função razão, a aquisição
da informação e do saber técnico e se esquece de educar as outras funções
psíquicas que, tal como definido por Yung, são o Sentimento, a Sensação e a Intuição. Temos um sistema de ensino que
promove doutorados, que permanecem, inúmeras vezes, no bê-á-bá da capacidade de
lidar com as emoções pessoais e as dos outros e no jardim-de-infância das suas
capacidades intuitiva e sensitiva.
Decoramos o discurso sobre a Paz
e a Não-Violência mas não aprendemos a ser a Paz e a Não-Violência.
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