Uma visão da
natureza humana que ignore o poder das emoções é tristemente míope. Basta pensarmos na etimologia da palavra "emoção",
que vem do latim motore = mover; com o prefixo "e-" fica "mover
para", o que demonstra que as emoções são impulsos importantes para atuar
e encarar a vida.
Sem perceber muito bem porquê, sinto que somos educados para reprimir as emoções. Quem nunca ouviu expressões do género: "Não dês parte de fraco/a"; "Não respondas, ignora", "Pareces um/a pinga-amor", "Para de chorar, parece mal", "Sê amável, não te irrites", "Deixa-te disso...fica muito lamechas", "Não demonstres o que estás a sentir"... Parece que algo, ou alguém, nos convenceu de que, quanto mais racionais, melhores pessoas.
Sem perceber muito bem porquê, sinto que somos educados para reprimir as emoções. Quem nunca ouviu expressões do género: "Não dês parte de fraco/a"; "Não respondas, ignora", "Pareces um/a pinga-amor", "Para de chorar, parece mal", "Sê amável, não te irrites", "Deixa-te disso...fica muito lamechas", "Não demonstres o que estás a sentir"... Parece que algo, ou alguém, nos convenceu de que, quanto mais racionais, melhores pessoas.
Na verdade, cada um é
como é… E eu, eu irrito-me e sinto raiva
– os meus ansiolíticos de eleição. Muitas vezes, “engulo as palavras, tusso para respirar, mas se o nó na garganta
apertar… digo tudo! E desnudo a alma”. Eu choro – porque chorar é para mim uma catarse,
um expelir de
sentimentos em turbilhão… Eu fico triste
– porque a tristeza só há de passa se eu me permitir entristecer. Eu demonstro que gosto, quando gosto
muito – porque é bom cuidar de quem se ama, porque é bom não perder a oportunidade
de dizer que se ama. Eu sinto medos – são as inquietações que
me dão vida. Eu preciso do silêncio –
só ele me permite autoconhecer, refletir, recordar, reviver... Eu rio à gargalhada – por vezes sabe
tão bem exibir a minha felicidade! Eu
sinto indiferença – porque sou humana. Eu
gosto de dar e receber gestos carinhosos
– afinal, a ciência diz-nos que abraçar, beijar, tocar, retarda o
envelhecimento, protege a saúde e, acima de tudo, alivia a dor!...
Partilho da opinião de Eduardo
Sá: quanto
mais reprimimos as emoções, menos hábeis nos tornamos para as palavras…
Sentimos tudo e todos, somos muito intuitivos, mas deixamos de conseguir
verbalizar o que sentimos… e é assim que a nossa alma
adoece.
Amei o que escreveste. Penso exactamente assim. No entanto, ainda tenho um longo caminho a percorrer no que diz respeito a não engulir palavras...
ResponderEliminarÁs vezes sinto que me magoam tanto, e quando está na altura de dizer umas verdades, tenho medo de magoar. É uma estupidez, admito.
Talvez faça parte do meu crescimento remoer situações. Ás vezes penso que se pudesse dizer tudo o que realmente penso, não teria ninguém à minha volta.
Se bem que tenho vindo a fazer um trabalho árduo nesse sentido, e se recuar no tempo vejo que não sou mais a mesma pessoa.
Ás vezes custa-me "falar" e acabo por exprimir-me com atitudes. Porque não consigo ser falsa comigo própria. Se estou triste, não rio...Se estou magoada, não me aproximo...Se amo abraço muito...
Sou muito transparente, mas peco por reprimir as palavras, nunca os sentimentos.
Adoro o Eduardo Sá...Já vi que estás ligada à Educação como eu...
Nada é por acaso!
;)
Também não digo tudo, tudo! Mas não sei fingir.
EliminarParafraseando Eduardo Sá, as nossas emoções são um ótimo GPS que temos na nossa vida. Daí, procuro "escutá-las" com atenção.
É, sou psicóloga e trabalho na educação.
Curioso, estava a responder ao teu comentário anterior e pensei "nada é por acaso".
Grande Beijinho*