As crianças sentem-se seguras quando lhes fixamos limites,
mas, como diz Orlando Lourenço, “Há normas e normas, ou convicções e convicções!”
Não duvido que acha
mal, horrível mesmo, que o seu filho bata nos colegas por tudo e por nada.
Também não duvido que acha incorreto que o seu filho tire dinheiro da sua
carteira e acuse, depois, outro irmão. Num caso como no outro, há poucas
dúvidas de que se comportou mal, na medida em que prejudica o bem-estar dos outros, sem ter qualquer direito de
fazê-lo. Os especialistas do desenvolvimento para a justiça falam em NORMAS MORAIS para estes casos.
Também imagino que não vê especial gravidade pelo facto de o
seu filho se sentar para jantar com o boné na cabeça, ou entrar com ele pela
aula dentro. Em ambos os casos, está a fazer apenas o que a família e a escola
não acham muito “civilizado”, mas não imoral. De facto, há culturas em que, ao
invés da nossa, seria pouco decente e civilizado descobrir a cabeça de tal
ocasião. Ou seja, esse tipo de normas não interfere no bem-estar e dignidade de
pais, professores, irmãos ou colegas, pretendendo apenas coordenar alguns aspetos da vida social. Por isso, os especialistas
do desenvolvimento social chamam-lhes NORMAS
CONVENCIONAIS ou de convenção.
Antecipo que reconhece que ninguém, mesmo que sejam pais ou
professores, tem nada a ver com os colegas que a criança escolhe para amigos,
que convida para a festa de anos, ou com o tipo de penteado e de camisa que
gosta de usar. Os especialistas do desenvolvimento social falam aqui em
comportamentos da esfera privada ou DOMÍNIO
PESSOAL.
Isto é, há normas e normas! Do ponto de vista educativo e
psicológico, é uma pessoa justa e
competente se procura promover nos seus filhos:
- Convicções fortes em relação a certo tipo de normas e princípios morais;
- Muitas dúvidas e relativismo quanto às normas convencionais; e
- Um sentido profundo de iniciativa e liberdade individual quanto ao domínio pessoal.
Os seus filhos ou alunos terão muita sorte em ter pais e
professores deste género. Provavelmente, crescerão num contexto que os ajuda a
chegar longe em termos de desenvolvimento pessoal e social.
Há pais e professores, contudo, que tendem a invadir a esfera
do domínio pessoal da criança, pensando que são eles que lhes devem escolher os
amigos, preferências e gostos. É muito bem possível que este tipo de pais e
professores eduquem, sem querer, para o conformismo
e obediência.
Os dados da psicologia do desenvolvimento mostram que a
existência bem vincada de um domínio pessoal é indispensável para a criança
desenvolver autoestima e sentido de poder sobre as coisas, sendo isto
essencial, por sua vez, para o seu
desenvolvimento saudável.
De modo não surpreendente, as pessoas que mais se respeitam a
si próprias, domínio pessoal, são também as que mais tendem a respeitar os
outros, domínio moral.
ORLANDO, L. (1996). Educar Hoje Crianças para o Amanhã.
Porto: Porto Editora.
Obrigada, mais uma vez, por esta "ajuda"!
ResponderEliminarBeijinhos grandes