‘(...) It
matters not how strait the gate,
How charged
with punishments the scroll.
I am the
master of my fate:
I am the
captain of my soul.’
Invictus,
William Ernest Henley
Mais do que dizer o quanto sinto a partida de Nelson Mandela, mais do que partilhar as suas sábias palavras, procuro, neste breve texto, demonstrar porque é que Mandiba (ou Madiba) é um daqueles casos raros de seres humanos dos quais se pode afirmar que chegou ao último estádio/nível de desenvolvimento moral - ponto máximo de maturidade e consciência moral.
Para iniciar, coloco uma questão: quantos de nós se revelaria pronto a morrer por uma causa/por um princípio ético e universal?
Para iniciar, coloco uma questão: quantos de nós se revelaria pronto a morrer por uma causa/por um princípio ético e universal?
Moralidade tem a ver com a ação de um ego, de um
sujeito que relaciona a sua ação com a ação dos outros (interação). Pressupõe uma
causa de ação, uma explicação para as razões, motivos, intencionalidade do
ator/sujeito.
De acordo com a teoria de Kohlberg, o desenvolvimento moral
evolui ao longo de 6 estádios/níveis, independentemente da cultura, grupo
social ou país.. Os estádios/níveis representam o desenvolvimento da perspetiva
sociomoral dos indivíduos em direção à descentralização crescente, partindo-se
do interesse pessoal (egocentrismo/heteronomia), passando pelo dever de
manutenção de normas (semi-autonomia), até o pensamento orientado por
princípios éticos universais (autonomia/descentração), ponto máximo de maturidade e consciência moral. Segundo Kohlberg,
muitos adultos não chegam ao estádio/nível 5 e são raros os que chegam ao
estádio 6.
[6º Princípios Éticos e Universais: o indivíduo reconhece esses
princípios e age de acordo com eles. Se as leis injustas não puderem ser
modificadas pelos canais democráticos legais, o indivíduo ainda assim
resiste-lhes. É a moralidade da desobediência civil, dos mártires e dos
revolucionários pacifistas e de todos os que permanecem fiéis aos seus
princípios, sem se conformarem com o poder, quando este estabelece uma ordem
injusta. A perspetiva adotada é a de um ponto de vista moral, onde qualquer ser
racional que reconhce como natureza da moralidade o facto de que as pessoas são
um fim em si mesmas e precisam ser tratadas como tal.]
Existem dúvidas de que Nelson Mandela, há muito, se
encontrava no 6.º estádio de desenvolvimento moral?
Mandela, no seu julgamento por atividades de sediação e
sabotagem em 1963-1964 (‘Rivonia Trial’), declarou-se pronto a morrer pelos
seus ideais de igualdade e democracia. Os advogados de defesa terão tentado convencê-lo
do contrário, mas Mandela manteve-se ‘Invictus’
e preferiu correr o risco de ser condenado à pena de morte. Felizmente tal não
aconteceu mas passou quase 3 décadas na prisão.
O poema Invictus , de William Ernest Henley, inspirou Nelson
Mandela durante o seu calvário de 27 anos na prisão, a maioria dos quais
passados em trabalhos forçados e condições desumanas em Robben Island.
Durante toda a sua vida, mas principalmente nessa fase, Mandiba revelou
uma extraordinária capacidade de resistir integro (invictus) à terrível
opressão que sofreu em função da sua longa luta pelo fim da Discriminação Racial (cristalizada em lei, durante o apartheid, no seu país).
Para além dessa fase, Mandela lutou em prol da reconciliação interna e externa. Perdoou, publicamente, os próprios carrascos e ter criou uma comissão para investigar os crimes cometidos tanto pela oposição negra como pelos dirigentes brancos. Se isso não bastasse, apanhou todos de surpresa ao ter abandonado, voluntariamente, o poder, coisa rara entre os presidentes africanos.
Para além dessa fase, Mandela lutou em prol da reconciliação interna e externa. Perdoou, publicamente, os próprios carrascos e ter criou uma comissão para investigar os crimes cometidos tanto pela oposição negra como pelos dirigentes brancos. Se isso não bastasse, apanhou todos de surpresa ao ter abandonado, voluntariamente, o poder, coisa rara entre os presidentes africanos.
Se ainda não viram o filme aconselho. Pela história, pelo
realizador, pelos atores, mas, acima de tudo, pela lição de vida. Este filme, para além de muitos outros aspetos, deixa bem evidente a importância de um povo, de uma nação, partilhar a mesma linguagem, principalmente partilhar uma mesma linguagem de emoções. Isso une.
Só de rever o Trailer emocionei-me.
Só de rever o Trailer emocionei-me.
Muito mais poderia dizer acerca deste meu ídolo, mas prefiro apenas acrescentar a pergunta: “Como é possível alguém sofrer o que este HOMEM sofreu e, ainda assim, ser capaz de perdoar?” Parte da resposta talvez esteja na deixa de um segurança de Mandiba que, numa cena de Invictus, afirma para outro colega: “para ele, ninguém é invisível”.
Há pessoas que passam no mundo como cometas brilhantes.
Obrigada.
Obrigada.
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