O Vício das Compras - Oniomania.

Um em cada três europeus compra mais do que necessita. Eis uma das conclusões do recente Relatório Europeu Sobre Problemas Relacionados com Adição ao Consumo, Hábitos Pessoais de Compra e Sobre-endividamento. Mais: 5% da população europeia sofre de oniomania, perturbação do foro psicológico que requer tratamento.


Galerias Vittorio Emanuelle II @ Milão


Becky Bloom, no filme "Louca por Compras", é viciada em compras. E nem o facto de ter a conta bancária a zero, vários cartões de crédito no limite e dívidas em várias lojas lhe serve de alerta para o facto de algo muito grave estar a acontecer na sua vida. Como diz a sinopse das aventuras imaginadas pela escritora Sophie Kinsella, «a sua única esperança é tentar ganhar mais e gastar menos. O seu único consolo é comprar alguma coisa, só mais uma coisinha...»



Por tudo isto está mais que visto que a protagonista desta história se aproxima dos tais um em cada três europeus que compram mais do que precisam, numa conclusão do Relatório Europeu sobre Problemas Relacionados com a Adição ao Consumo, Hábitos Pessoais de Compra e Sobre-endividamento.

Em tempo de crise, o panorama fica ainda mais negro se tivermos em conta outro dado estatístico: 5% da população do Velho Continente sofre de Oniomania, a doença das compras diagnosticada há cerca de 30 anos, perturbação do foro psicológico que requer tratamento. A perturbação afeta quase na mesma medida homens e mulheres. No estudo divulgado pelo jornal espanhol El País, as pessoas que sofrem deste distúrbio demoram em média 10 anos a pedir ajuda.

A vítima de oniomania adquire objetos que não têm a menor utilidade, compra porque sim. «Quando a compra não é realizada, há uma sensação de angústia e mal-estar», definem os especialistas. O consumismo compulsivo pode ser desperto pela necessidade extrema de nos sentirmos especiais e/ou pode servir como forma de combater a solidão. O pior é que nenhuma destas alíneas fica satisfeita e o resultado é o agravamento de tal comportamento. À semelhança de outros vícios, os consumidores compulsivos vivem numa montanha-russa de sensações: à euforia inerente à compra segue-se a ansiedade e a desilusão.

Quando a doença piora, ou começa a chamar a atenção de amigos e familiares, a tendência é para começar a comprar às escondidas. De qualquer forma não há conta bancária ou armário lá de casa que aguentem. É então que começa o ciclo da vergonha, das mentiras e da autonegação e, com isso, a deterioração das relações sociais.

As consequências da oniomania podem ser devastadoras: casamentos falhados, carreiras destruídas, bancarrota, solidão. Crê-se que a causa da doença é uma conjugação de fatores biológicos e psicológicos. Privação emocional na infância, incapacidade para gerir sentimentos negativos, necessidade de preencher um vazio… estão na origem do problema. Uma vez diagnosticado, além de cortar todas as formas de crédito (cheques e cartões), o ideal é que alguém da família ou um amigo assuma o controlo das finanças do doente. Este deve procurar ajuda psicológica ou frequentar grupos de apoio, ao jeito de uns AA.

É importante lembrar que nem todas as pessoas que consomem muitos supérfluos sofrem de oniomania. Pessoas com bom poder de compra que não sacrificam as suas vidas para ir às compras não são necessariamente "consumistas compulsivas".



(Confesso que estou a fazer um "exame de consciência"!!...)


[oniomania (grego onê, -ês, compra + -maniaPsicopatologia:  Mania de comprar muita coisa ainda que seja desnecessário. =ONEMANIA, ONEOMANIA, ONOMANIA]

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