É mesmo verdade que a violência
na televisão torna as crianças mais violentas e agressivas?
Há idades críticas
especificamente propícias para a imitação de condutas agressivas através de
programas violentos?
Terei de proibir televisão aos
meus filhos para serem turbulentas e agressivas?
Os dados disponíveis revelam que
as crianças que vêm programas violentos são as mais agressivas na escola.
A partir dos dados disponíveis,
houve muita gente que passou a considerar a violência na televisão a causa
direta de muitas condutas agressivas nas crianças. Tudo leva a crer que
tais respostas são demasiado simplistas.
Por exemplo: as pesquisas mostram
também que os programas violentos têm grande influência nas crianças já
agressivas, e que têm pouca influência nas crianças não agressivas. Mostram,
pois, que há crianças mais vulneráveis do que outras aos efeitos da violência
na televisão.
Por outras palavras, que
interesse teria clamar contra a violência na televisão e proibir todos os
programas violentos às crianças e, ao mesmo tempo, pouco ou nada fazer para
afastar outras dimensões que levam ao aumento da agressividade na criança, em
particular, e na comunidade, em geral?!
Aliás, a violência psicológica
passa em abundância na televisão como em casa. Só que tal violência, menos
perceptível mas de efeitos tão ou mais dramáticos que a violência física é
menos notada.
De facto, seria bom que houvesse
menos programas violentos na televisão e que as crianças não os vissem em
demasia.
Sabe-se, que a idade entre os
7-11 anos é das mais críticas em relação aos efeitos nefastos da violência que
passa na televisão sobre a aprendizagem de condutas agressivas. Isso parece dever-se ao facto de
as crianças dessa idade tomarem como real muita da violência simbólica que vêm
na televisão. Mas a sugestão de não deixarmos as crianças verem toda a
violência que passa na televisão seria incompleta se não fossemos alertados
para outras realidades.
Castigo, agressão e televisão
Uma dessas realidades mostra que
existe uma associação muito forte entre comportamento agressivo das crianças e
rejeição e castigo por parte dos pais. Em palavras simples, se educa o seu
filho de modo autoritário (não confundir com exigência) e não estabelece com
ele relações de grande afeto, é provável que ele seja mais agressivo. Sendo mais
agressivo, os programas mais violentos terão sobre ele efeitos mais nefastos e
ele próprio tenderá a gostar mais de ver programas violentos. É uma espécie de
circuito que começa e não mais termina…
Aproveitamento escolar, agressão e televisão
Outra realidade mostra que as
crianças de baixo rendimento escolar gastam mais tempo a ver televisão. Ou seja,
têm mais oportunidade de observar modelos violentos e aprender condutas
agressivas. O que, de novo, as torna mais vulneráveis aos efeitos nocivos da
violência na televisão. A ilação é fácil de tirar, embora mais difícil de pôr
em prática. Se se estimular o aproveitamento escolar das nossas crianças, não
só as tornamos menos dependentes da televisão, como as afastamos da televisão,
como as afastamos, de modo pedagógico e científico, de modelos agressivos.
Rejeição, agressão e televisão
Outra realidade mostra ainda uma
associação positiva entre comportamento agressivo na criança e rejeição por
companheiros. E, tal como acontece com as realidades anteriores, também aqui se
grea uma espiral bastante dramática. A criança rejeitada, porque não desfruta
de relações agradáveis com os seus companheiros, tenderá a passar mais tempo em
frente do televisor; tenderá a ver programas mais violentos; e tenderá a
tornar-se mais agressiva. Ficando mais agressiva, terá mais dificuldades em se
relacionar com os colegas. O que a leva a mais televisão, mais agressão e mais
rejeição!...
Fazer da televisão o único ou o
principal responsável pela violência é redutor, podendo mesmo ser injusto. Se é
verdade que a televisão vomita violência, também é verdade que modela o bem, o
belo e o verdadeiro. Por outras palavras, erramos o alvo se pensarmos que a
erradicação da violência seria possível através da simples proibição de
programas violentos na televisão ou da proibição de tais programas às crianças.
Se queremos um mundo mais pacífico e menos violento temos de olhar para além da
televisão…
FONTE:
ORLANDO, L. (1996). Educar Hoje Crianças para o Amanhã. Porto: Porto Editora.
FONTE:
ORLANDO, L. (1996). Educar Hoje Crianças para o Amanhã. Porto: Porto Editora.
Pelo sim pelo não, quando o pai está a ver os seus filmes com mais violência elas brincam em outro compartimento.
ResponderEliminarAcredito que a tv tem uma grande influencia.
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