Violência no namoro: nuvens passageiras ou sinal de tempestade?

Para a maioria das pessoas, a palavra “namoro” rima com paixão, amor, romantismo, período de ajustamento, apoio mútuo,…No entanto, algumas pessoas acrescentam, a este elenco de características, palavras como: controlo, humilhação, manipulação, medo,…

Violência no namoro: nuvens passageiras ou sinal de tempestade?
Toda a violência conjugal tem uma história e o seu início é geralmente insidioso e subtil. Na maior parte dos casos, a violência física é antecedida por um historial de agressões psicológicas de “baixa” intensidade, como, por exemplo: um dos parceiros impedir que o outro tenha contacto com determinadas pessoas; um dos parceiros ridicularizar, não prestar atenção ou humilhar publicamente o outro; ameaçar, gritar ou partir coisas para intimidar o outro; ceder frequentemente a pressões e exigências no campo sexual contra vontade própria (mais frequentemente as mulheres). Estes são alguns sinais de alarme que convém não ignorar. Quando a vítima insiste em pensar, contra todas as evidências, que vai conseguir mudar a personalidade do agressor, quando acredita que “depois do casamento as coisas vão mudar”, quando atribui às agressões masculinas a “forma de ser dos homens”, ou considera o ciúme “doentio” como uma prova de amor, está a desculpabilizar o comportamento violento, contribuindo para a sua manutenção.

FACTO
As agressões ocorrem, na maioria das relações, de forma cíclica e em intensidade crescente. Este ciclo de violência comporta 3 fases:
  1. FASE DE ACUMULAÇÃO DA TENSÃO, em que pequenos atritos se vão somando, gerando um acumular da ansiedade e da hostilidade;
  2. FASE DO EPISÓDIO AGUDO, em que a tensão acumulada dá lugar à explosão (de intensidade variável);
  3. FASE DA LUA-DE-MEL,  em que o arrependimento leva ao pedido de desculpas e à promessa de que a situação não vai repetir-se

Com o tempo recomeçam os episódios de acumulação da tensão, reiniciando-se o ciclo.

Como li algures “as nuvens de violência que pairam sobre um namoro poderão não ser passageiras: algumas vêm para ficar e anunciam uma vida conjugal tempestuosa.” 
Onde há violência não há amor.

PARA SABER MAIS:
Gameiro, J. (2004). "Nem contigo nem sem ti". Lisboa: Terramar.
Machado, C., Matos, M. & Moreira, A. I. (2003). "Violência nas Relações Amorosas: Comportamentos e Atitudes na População Universitária". Psychologica, 33, 69-83.
Morais, C. (2004). "Sobreviver à Crise Conjugal". Lisboa: Oficina do Livro.

4 comentários:

  1. Gostei imenso deste post. Quem tem filhas (os) adeolescentes, como é o meu caso, deve conversar muito com elas (eles) para os alertar e consciencializar acerca deste assunto " onde há violência, não há amor".
    Devemos educar para o direito, que todos temos, à felicidade.

    Beijinhos

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    1. Obrigada Lassalete. Escrevi estas palavras porque, trabalhando com adolescentes, apercebi-me que esta realidade existe e é bem complexa. E desengane-se aquele/a que julga que é de fácil resolução.
      Sem dúvida, que os pais têm um papel fundamental. Quer para o bem, quer para o mal...

      Beijinho.

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  2. Concordo inteiramente, onde há violência não há de facto amor.

    bjs

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    1. Sempre ouvi dizer: "Quem ama respeita", não é verdade?

      Beijinho Maria

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