Qual
a influência da presença de um animal de estimação no desenvolvimento infantil?
As
crianças cujas famílias optam por ter um cão ou um gato como animal de estimação
apresentam melhores competências a nível social e de comunicação não-verbal,
são mais populares e têm níveis de auto-estima mais elevados que as famílias
que não fizeram essa opção.
Os
animais de estimação tradicionais desempenham um importante papel no
desenvolvimento infantil, pois são confidentes, companheiros de jogos e
brincadeiras e gostam da criança incondicionalmente. O próprio contacto com o
animal exerce um efeito calmante, pois a textura do seu pelo é reconfortante.
Hubert
Montagner possui uma tipologia muito interessante diferenciando diferentes
espécies de animais de estimação. Neste texto, apresento apenas o tipo de ralação que se pode estabelecer com o cão e com o gato.
Os cães estão sempre disponíveis para a interação
e manifestam permanentemente comportamentos que os aproximam dos humanos e que
resultam em que os humanos se queiram aproximar deles. Os gatos interagem com
os humanos de olhos nos olhos e adaptados aos contextos; quando se manifestam,
os gatos são “maciços”, avassaladores e possessivos.
Na
interação que a criança estabelece com o cão, ela sente-se amada, compreendida
e considerada, porque não lhe pede satisfações e está sempre disponível para a
interação. A criança fala-lhe como se o cão fosse o seu confidente e as emoções
e afetos que mobilizam e partilham faz com que entre eles se desenvolva uma
intensa afeição, tão intensa como aquela que a criança estabelece com os seus
pais.
O gato
estabelece um tipo de interação muito diferente da do cão, pois os
comportamentos manifestados pelo gato são em geral interpretados como de maior
autonomia e independência, comparativamente com os comportamentos manifestados
pelo cão. No entanto, o gato desencadeia comportamentos interpretáveis como de
amizade, de submissão e de amor perante crianças e adultos que estejam a passar
por um momento difícil das suas vidas. O gato é um bom recetáculo dos seus
afetos, emoções e fantasmas: a criança confia-lhe as suas alegrias, os seus
desgostos, os seus medos, as suas raivas, as suas surpresas e os seus
pensamentos. Torna-se o recetor das confidências íntimas da criança, o que é
especialmente importante para a criança, que, por algum motivo, perdeu os seus
pontos de referência.
Alguns
resultados da investigação científica nesta área demonstram que a relação
estabelecida entre a criança e os animais constitui um bom indicador do tipo de
ambiente doméstico em que a criança vive. Quando se verificam atos de crueldade
praticados pelas crianças em animais de estimação, certamente que no seu
ambiente familiar prevalecem diversas formas de violência, havendo uma forte
passibilidade de, mais tarde, esse indivíduo vir a desenvolver comportamentos
criminosos.
Fonte:
Montagner, H. A. (2004). A Criança e o animal: as emoções que libertam a
inteligência. Lisboa: Instituto Piaget.
Na interação que a criança estabelece com o seu animal de estimação, ela sente-se amada e compreendida. Vê nele um amigo e um confidente sempre disponível.