A doença dos rituais

Quando uma simples mania toma conta de nós…
Quantas vezes lava as mãos, por dia? Quantas vezes verifica se o gás está desligado? Se desligou o fogão ou se as janelas estão fechadas? Quantas vezes se certifica que a porta está trancada ou se o carro ficou aberto? Quanto tempo perde a organizar a roupa antes de se deitar, ou a secretária antes de começar a trabalhar?
Estas e outras perguntas podem ter uma única resposta: Perturbação obsessivo-compulsiva. Começam por simples “manias”, que não afetam, mas, com o tempo, evoluem para rituais ilógicos capazes de transformar qualquer um em autêntico escravo da sua própria mente.

  • De acordo com a quarta edição do MANUAL DE DIAGNÓSTICO E ESTATÍSTICA DA ASSOCIAÇÃO AMERICANA DE PSIQUIATRIA (DSM-IV), a perturbação obsessivo-compulsiva é uma situação crónica caraterizada pela presença de obsessões e/ou compulsões, que consomem, pelo menos, uma hora por dia, e causam sofrimento ao doente e/ou aos seus familiares.
  • Obsessões são ideias ou impulsos persistentes, que são vivenciados como intrusivos, ou seja, contra vontade do indivíduo e inadequados, causando ansiedade e sofrimento. A pessoa tem a noção de que alguma coisa não está bem com ela, mas que escapa ao seu controlo.
  • Compulsões são comportamentos repetitivos (como lavar as mãos, a híper-organização, rituais de verificação), ou ações “executadas” mentalmente (como repetir frases, contar, repetir palavras em silêncio) cujo objetivo é prevenir ou reduzir a ansiedade ou sofrimento, ao invés de oferecer prazer ou gratificação. A pessoa sente-se obrigada a executar a compulsão para reduzir o sofrimento que acompanha uma obsessão.
AUMENTO EXPONENCIAL
Os números têm vindo a aumentar e a perturbação obsessivo-compulsiva é já a quarta perturbação psicológica mais frequente. De acordo com os dados da Organização Mundial da Saúde, até ao ano de 2020, estima-se que estará entre as 10 causas mais importantes de doença.
Sim, esta é a minha mania...não a "das grandezas", mas ouvir MUSE...!

Bullying

“Uma pessoa está a ser vítima de Bullying quando se encontra exposta, de forma repetida e ao longo do tempo, a acções negativas por parte de uma ou mais pessoas.”
(Dan Olweus)


O Bullying é um problema mundial,

um problema do ser humano imaturo, um fenómeno encontrado em qualquer escola, não estando restrito a nenhum tipo específico de instituição: primária, básica ou secundária, pública ou privada, rural ou urbana.
A intencionalidade de fazer mal e a persistência de uma prática violenta a que a vítima é sujeita é o que diferencia o Bullying de outras situações ou comportamentos agressivos.
CINCO TIPOS DE BULLYING
(1) Físico – violência física;
(2) Verbal – violência verbal;
(3) Relacional/Racial – exclusão de grupos sociais/comportamentos racistas;
(4) Sexual – utilização de comentários sexuais e até mesmo contactos sexuais e
(5) Cyberbullying – difamação com recurso às novas tecnologias (MSN, Hi5, Mysapace,…)
PESSOAS ENVOLVIDAS: Espetador, Vítima e Agressor
1.   ESPETADOR: aquele que presencia as situações de Bullying. O espectador omite por duas razões: (1) por tornar-se inseguro e amedrontado, uma vez que tem medo de sofrer represálias e (2) por estar solidário com o sofrimento da vítima e não ter coragem de assumir a identidade do agressor.
2.   VÍTIMA: costuma ser uma pessoa frágil e que não dispõe de habilidades físicas e emocionais para reagir, tem um forte sentimento de insegurança e o isolamento social suficiente que a impede de pedir ajuda. Tem também dificuldades para fazer novas amizades ou para se adequar ao grupo.
Sinais de alerta(1) Ira intensa; (2) Ataques de fúria; (3) Irritabilidade extrema; (4) Frustrar-se com frequência; (5) Impulsividade; (6) Auto-agressão; (7) Poucos amigos; (8) Dificuldade em prestar atenção e (9) Inquietude física
Muitas vezes, os pais e professores só notam que se está a passar alguma coisa grave quando observam os efeitos dos danos desta pressão, que se manifestam sob a forma de fobia à escola, baixo rendimento escolar, depressão e sintomas psicossomáticos.
CONSEQUÊNCIAS PARA A(S) VÍTIMA(S)(1) Percepção distorcida da realidade cognitiva; (2) Perda de auto-confiança; (3) Perda de auto-estima; (4) Dificuldade de ajustamento na adolescência e vida adulta, nomeadamente de problemas nas relações pessoais e (5) Morte, muitas vezes suicídio ou vítima de homicídio.
3.   AGRESSOR: os agressores por norma são antipáticos ou arrogantes. Estes de um modo geral vêm de famílias pouco estruturadas, nomeadamente de pobre relacionamento afectivo com os seus membros familiares.
TIPOS DE AGRESSORES: (1) Impulsivo – aquele que tem dificuldades em compreender as emoções dos outros e por isso com uma tendência agressiva maior e (2) Dissimulador – aquele que possui uma excelente cognição social, utilizando-a para manipular e controlar os outros. Desta forma, faz sofrer de uma maneira muito subtil e evita ser descoberto.
CONSEQUÊNCIAS PARA O(S) AGRESSORE(S)(1) Percepção distorcida da realidade cognitiva; (2) Crença na força para resolução dos seus problemas; (3) Dificuldade em respeitar as ordens inerentes à sociedade; (4) Dificuldades na inserção social; (5) Problemas de relacionamento afectivo e social e (6) Incapacidade ou dificuldades de auto-controlo e comportamentos anti-sociais.
TENTE PERCEBER SE O SEU FILHO/EDUCANDO/ALUNO/COLEGA É VÍTIMA DE BULLYING
(1) É muitas vezes alvo de brincadeiras de mau gosto?
(2) Qual é a alcunha que tem na escola?
(3) Há alguma característica na sua personalidade ou fisionomia que o coloca na situação de ser um “alvo fácil”?
(4) Recusa-se a ir à escola ou anda triste?
(5) Parece não ter amigos ou não se sentir à vontade com eles?
(6) Mostra-se muito sensível às brincadeiras e reage, ou chorando, ou de forma agressiva?
O QUE SE DEVE FAZER?
(1) Não ser hiper-protector, mas vigiar com atenção;
(2) Explicar-lhe que é natural sentir medo e vergonha, mas que deve ser capaz de falar sobre o que está a acontecer para que o possam ajudar;
(3) Falar com os pais da criança agressora;
(4) Explicar-lhe que ela não se deve culpar pelo que aconteceu e caso necessário oferecer-lhe um acompanhamento psicológico para que possa elaborar os traumas a que foi sujeita.
PERGUNTA/RESPOSTA
Como fazer com que a criança/adolescente afirme que está a ser vítima de bullying?
É importante dar-lhe segurança, fazê-la perceber que possui capacidades internas para lidar com a situação e que o silêncio não é a solução, que pode parecer, mas que com os outros (pais, professores e amigos mais próximos) se pode pensar em alternativas à sua forma de actuação. Estes elementos são importantes fontes de apoio para a criança.
E os pais que medidas podem tomar?
Os pais devem assumir uma postura de escuta activa e pensar com os seus filhos formas de limitar a situação. Devem ter proximidade com a escola, pois é no espaço escolar que se resolvem estes problemas.
Quais as medidas essenciais para reduzir este mal na sociedade?
É necessário que nas escolas sejam trabalhadas áreas como a cidadania, cooperação, assertividade, competências pessoais e sociais, empatia. É necessário que se tomem medidas para incutir nos nossos alunos a responsabilidade, o viver em comunidade, o direito à diferença e, acima de tudo, a necessidade de preservar uma identidade individual e não uma identidade grupal, pois, muitas vezes, a inserção num grupo de pares “obriga” a tomadas de posição que não são consistentes com o pensar individual.

SAIBA MAIS


Título Original: Bullying
Gênero: Drama
Ano de Lançamento: 2010

Bullying Título de um filme espanhol que mostra com detalhes o sofrimento do jovem Jordy, vítima de bullying na escola. O final é trágico. O filme, muito didático, deveria ser visto e debatido em sala de aula.
Perguntas importantes que poderiam ser feitas após a projeção do filme:

• Qual seria a conduta correta da escola para evitar o bullying sofrido por Jordy?
• O que deveria ter feito a própria vítima para se proteger?
• O que deveriam ter feito as testemunhas silenciosas que a tudo assistiam?
• A família de Jordy agiu corretamente?

Aconselho.

Torna-se necessário parar um pouco para voltar a refletir sobre o nosso papel, na sociedade e na vida...

O tempo...
Mais do que certezas em respostas às nossas incertezas de amanhã, qualquer reflexão sobre o futuro traz-nos incertezas às nossas certezas presentes.” (Edgar Morin, in O Método)
O tempo cronológico, também conhecido como a quarta dimensão (da física), é algo indefinido e, tal como a vida, é sempre limitado, mesmo quando não somos capazes de ver o princípio e o fim. Disse limitado, o que não significa necessariamente efémero, porque isso depende, quase só, da força do nosso testemunho forjado na memória do tempo – alquimia de mulheres e homens, sonhos e realidades, sucessos e insucessos… da realização das gerações que cumprem o seu “mandato” existencial.
Mas como se define tempo? ... Intervalo entre dois acontecimentos?
É uma ideia fascinante! O início de tudo. O momento em que tudo começa. Mas, efetivamente, começa o quê? A vida não, certamente. Neste aspeto, tanto físicos como metafísicos estão de acordo – a vida só apareceu mais tarde. Então, insiste-se, o que é que começou de facto? A matéria, a luz, a energia e todas as outras formas de uma mesma realidade, de uma mesma natureza que, temos de admitir, ainda não foi totalmente revelada? Talvez. O que importa reter é que começou. Ou seja, algo mudou naquele instante inicial.
Alguma coisa começou a mudar. Quando algo muda, há o momento da mudança ou, também, a duração da mudança. É a esse momento ou a essa duração que chamamos tempo. O tempo só existe porque existe mudança. Isto resolve, para já (!), uma das dúvidas mais prementes no espírito de muitos: existiu um momento antes da criação do Universo? Não. Antes do início (do big bang, para os espíritos mais científicos), o tempo não existia, uma vez que não havia mudança. Logo, não houve qualquer momento que antecedesse o Início.
Assim, podemos definir o tempo singelamente como sendo “o intervalo entre dois acontecimentos”. Ora, para que alguma coisa aconteça é necessário que algo mude: que se mova, por exemplo, que aumente ou diminua, que altere o seu aspeto, a sua temperatura, o seu estado, a cor, etc. Se nada mudar, o tempo não faz sentido. E não será de mais recordar que medir é sempre comparar!

O tempo e a sociedade dos nossos dias...
Vivemos num tempo em que as pessoas dizem não ter tempo para nada e vivem angustiadas, frequentemente, em função disso mesmo: “Ah, se eu pudesse parar o tempo!”, “Tenho que ter tempo para tudo e para todos menos para mim próprio” – (estes são alguns dos desabafos que povoam as consciências do nosso tempo).
As pessoas correm, correm freneticamente em todas as direções, por isto e por aquilo, aos ziguezagues…

Mas para onde estamos a ir?
Sem dúvida sempre em direção à menor fração de tempo. Atrás desta quimera vai o nosso ritmo de vida, cada vez mais rápido. O que dantes se media em dias ou em horas, agora é medido ao minuto (Ex.: ”Telefona-me daqui a 10 minutos, Ok?”- como ainda há pouco uma colega me disse!!). Em certas modalidades de alta competição já se medem os resultados em centésimas de segundo, como no atletismo, e em milésimas de segundo, como no automobilismo. E isto é só o começo! O movimento continua. Vamos certamente continuar a correr, em constante aceleração, perseguindo ou sendo perseguidos pelo tempo, sempre em busca daquela felicidade mítica a que o instinto nos conduz. Será apenas uma questão de tempo? Como alguém dizia, o tempo é um grande mestre. Só é pena que tenha o defeito de matar os seus discípulos!

Torna-se necessário, portanto, parar um pouco para voltar a refletir sobre o nosso papel, na sociedade e na vida.
No entanto, antes de perguntar: como posso esticar o tempo? – tarefa titânica reservada aos deuses do Olimpo -, devo questionar-me sobre quais as prioridades da minha vida, qual o sentido das minhas ações ou, de forma mais tecnocrática, como gerir melhor o meu tempo? (tentarei abordar a gestão do tempo numa publicação futura).
Não sendo capaz de responder a todas as solicitações devo, de entre o universo das possíveis, escolher aquelas que mais poderão contribuir para a minha alegria de viver, para a minha realização pessoal.
Mas este EU tem que ser utilizado com parcimónia, sob a pena de se confundir com egoísmo e, neste caso, voltaremos a ter mais do mesmo, ou seja, uma existência cheia de coisa nenhuma, balofa, pouco útil e sem sentido gregário…

SÍNDROME DE ESTOCOLMO: qual o significado?

Ouvir Muse já se tornou um caso sério de inspiração!!! Desta vez com o tema Stockholm Syndrome.


***
Em Agosto de 2006 os jornais e telejornais de todo o mundo noticiavam a fuga da austríaca Natascha Kampusch, após 8 anos de cativeiro. Recordo-me que às imagens de estupefação e alegria do seu pai, seguiram-se a notícia do suicídio do presumível raptor e, para espanto de todos, as palavras de simpatia da jovem pelo mesmo. Os especialistas apressaram-se a esclarecer que estávamos apenas a presenciar mais um exemplo da “Síndrome de Estocolmo” (= simpatia da vítima pelo seu raptor).


Mas será assim tão estranha esta simpatia da vítima pelo seu raptor?
Este fenómeno não é estranho e nem sequer é raro, pois também está presente em situações de grande tensão emocional, como são exemplos o abuso infantil e a violência doméstica em geral. Estamos, portanto, perante um processo psicológico desencadeado para que a vítima consiga "suportar" a situação traumática.
A designação “Síndrome de Estocolmo” esclarece-nos, desde já, que algo aconteceu na capital da Suécia. De facto, nesta cidade, em Agosto de 1973, foi assaltada uma dependência do Kreditbanken e durante seis dias os empregados foram mantidos nas instalações pelos assaltantes. Após a sua libertação, e para espanto de todos, estes empregados bancários, em vez de acusarem os seus opressores, defenderam-nos.
Mas o mais estranho estava para chegar. Em Fevereiro do ano seguinte, Patty Hearst, uma herdeira multimilionária educada nas melhores escolas da costa leste norte-americana, é raptada pelo autodenominado Symbionese Liberation Army, que pediu como resgate a distribuição de 6 milhões de dólares de bens de primeira necessidade pelos pobres da cidade de São Francisco. Apesar da família Hearst ter distribuído a quantia, Patty não foi libertada. E 60 dias depois, foi fotografada a participar fortemente armada num assalto a uma dependência do Hibernia National Bank (por acaso propriedade da família da sua amiga de escola Patrícia Tobin).
Um terceiro e último exemplo é o de Yvonne Ridley, jornalista do “Daily Express”, que foi capturada e retida durante 11 dias pelos talibãs no Afeganistão, em Setembro de 2001. Durante a sua estada junto dos talibãs prometeu a um dos seus dirigentes religiosos que iria estudar o Islão se a deixasse regressar a Londres. O que fez, tendo-se convertido em 2003 ao Islamismo mais radical (mas não, ela não se considera uma vítima…).
Explicações para este fenómeno?
A duração parece desempenhar um papel importante. Nos quatro casos relatados, as vítimas/reféns/cativos passam dias, meses ou anos permanentemente com os seus agressores/raptores/guardas.
Os exemplos apresentados e outras situações semelhantes, como o abuso infantil e a violência doméstica, são situações de grande intensidade emocional, em que as vítimas estão constantemente receosas sobre o que lhes vai acontecer.
Um outro fator é a substancial diferença de poder das vítimas em relação aos agressores, possuindo, estes, plenos poderes sobre as suas vidas e a sua liberdade.
Como os exemplos sugerem nos mais diversos contextos culturais, a universalidade destes comportamentos dita a existência de um mecanismo de sobrevivência física mas também psicológica.
  • Será um mecanismo geneticamente desenvolvido para que o indivíduo sobreviva caso seja retirado do seu contexto social?
  • Ou talvez um mecanismo psicológico que auxilia o indivíduo a lidar com uma situação que de outro modo seria insuportável pela objetiva (e subjetiva) completa ausência de controlo?
  • Ou será antes um mecanismo psicológico de defesa que, ao permitir a identificação com o agressor todo-poderoso, garante a proteção e a sobrevivência da vítima? 
EXPLICANDO...
LIGAÇÃO AO CAPTOR
Dado que os comportamentos das vítimas são muito semelhantes, independentemente da sua cultura de origem, alguns autores sugerem que se trata de um mecanismo psicológico adaptativo que possibilitou a sobrevivência nas sociedades primitivas de caçadores coletores, especialmente das mulheres. O rapto de mulheres e criança por outras tribos de caçadores coletores foi um fenómeno comum, pelo que as mulheres nossas antepassadas, que desencadearam comportamentos de maior afeição interna pelos captores, tiveram maior probabilidade de sobrevivência de sobrevivência e passaram à descendência essa característica. Por exemplo, alguns dos bancários da situação original, que deu origem à designação do fenómeno, após o seu resgate organizaram uma recolha de fundos para defesa dos seus captores…

IDENTIFICAÇÃO COM O AGRESSOR 
O agressor é o que possui objetivamente mais poder, que decide sobre a vida e a morte da vítima. Para alguns autores, com base nos modelos psicanalíticos, a identificação com o agressor maximiza a probabilidade de sobrevivência. O caso da jornalista Yvonne Ridley, raptada pelos talibãs, é uma forte demonstração desta identificação, pois atualmente ela acusa os islamitas moderados de servos do ocidente e do capitalismo.

ILUSÃO DE ESTABILIDADE E CONTROLO
O ser humano, de modo a conter a sua ansiedade, necessita de perceber estabilidade no mundo que o rodeia e de sentir algum grau de controlo sobre esse mundo. A vítima está numa situação que, no limite, é cognitiva e emocionalmente insuportável: nunca sabe e não decide o que vai acontecer a seguir, a ligação emocional ao agressor torna mais suportável a sua situação, especialmente quando replica os seus comportamentos, como parece ser a situação vivida por Patty Hearst

Seja qual for a explicação que decida adotar, só há mais um grão a acrescentar à engrenagem: a Síndrome de Estocolmo poderá transformar-se na Síndrome de Lima. Nesta cidade peruana o Movimiento Revolucionario Túpac Amaru ocupou a Embaixada do Japão em finais de 1996, fazendo cerca de 140 reféns, mas aqui o processo psicológico desenrolou-se em sentido inverso, tendo os guerrilheiros ficado gradualmente sensibilizados com a situação vivida pelos seus reféns. Talvez, precisamente, porque o diferencial de poder não se registasse de forma tão dramática como noutras circunstâncias.

TRABALHO EM EQUIPA. Encontrar o ponto de equilíbrio

Conhecem a história dos três ratinhos do campo?


Certa vez, andavam três pequenos ratos a correr por entre campos todos atarefados a preparar os mantimentos para o Inverno.

O primeiro rato andava atarefadíssimo em busca de provisões, acartando todo o tipo de grãos e sementes para a toca.
O segundo rato andava à procura de coisas que o mantivessem quente, e levou muitas palhas e materiais fofinhos para a toca.
E o terceiro rato? Continuava a andar nos campos de um lado para o outro a olhar para o céu, depois para a terra e depois deitava-se para descansar um pouco (simpatizo com esta criaturinha!!).
Os seus dois companheiros diligentes criticaram-no dizendo: "És tão preguiçoso, não te prepares para o Inverno, vamos lá ver como é que depois te vais arranjar!"
O terceiro rato não fez qualquer tentativa de se explicar.

Mais tarde, quando o Inverno chegou, os três ratos do campo esconderam-se na pequena toca apertada. Não tinham falta de alimentos e dispunham de tudo o que precisavam para se manterem quentes, mas não tinham nada com que se entreter ao longo de todo o dia. Gradualmente, o tédio foi-se instalando, e não faziam ideia de como passar o tempo.

Assim, o terceiro rato começou a contar histórias aos outros dois: acerca de uma criança que uma vez, numa tarde de Outono, tinha encontrado nos limites do campo e do que a viu fazer, acerca de um homem que viu junto ao lago numa manhã de Outono e do que ele estava a fazer. Contou-lhes conversas que tinha tido e falou-lhes de uma canção que tinha ouvido um pássaro cantar...
Foi só então que os seus dois companheiros perceberam que este rato do campo tinha andado a "arrecadar luz do sol" para os ajudar a passar o Inverno.


Porque me lembrei desta história? Porque hoje dei comigo a pensar na importância do trabalho em equipa e no segredo do seu sucesso…


Pensando em cada elemento isoladamente, podemos afirmar o seguinte: cada indivíduo tem diversas aptidões, que vão desde a criatividade e capacidade de inovação, ao pensamento crítico, ao trabalho em equipa, de cooperação, de argumentação e expressão, de decisão racional, de alguma estabilidade emocional e evidentemente capacidade de aprendizagem e de perceção.
Para além destas aptidões também são necessárias: uma certa flexibilidade mental e capacidade de adaptação perante as situações ao longo do tempo.
A falta desse equilíbrio, seja porque razão for, gerará ineficácia e incompetência. O que parece óbvio.

Quanto ao grupo, facilmente se depreende que: as decisões a tomar têm de ser corretas, racionais e todos os implicados num projeto devem saber argumentar corretamente e a favor deste, ou seja, todos os esforços devem estar focalizados na mesma direção.
Resumindo, o sucesso também dependerá de um equilíbrio emocional individual, das competências próprias e das dos outros.

Vejamos: uma pessoa racional pode ser pouco criativa, uma criativa pode ter dificuldade em organizar e gerir a sua racionalidade, outras podem ter dificuldades em expressar-se, and so ono segredo está no equilíbrio e na harmonia. São fatores basilares numa empresa/instituição, e não devem existir conflitos pessoais, contendas ou falhas na comunicação ou cooperação entre as pessoas, equipas e departamentos.

Gerir esse equilíbrio, manter os níveis de motivação elevados e alcançar um ritmo de trabalho que se mantenha num compasso inalterável é a tarefa mais complexa da questão e a mais motivante.

Tolerância

"Quando encaramos o modo de vida dos outros através do nosso próprio sistema de valores, podemos ficar chocados; mas se soubermos o que levou determinada pessoa ao ponto onde agora se encontra, então talvez consigamos ser um pouco mais compreensivos."-- Butterflies & Hurricanes

O QUE DIZEM OS ESTUDOS -- Herdamos as nossas expressões faciais?


Segundo uma pesquisa publicada na Proceedings of National Academy of Siences, as nossas expressões faciais podem ser hereditárias. Os cientistas descobriram que as semelhanças entre expressões faciais de pessoas da mesma família são admiravelmente grandes. As conclusões do estudo confirmaram as hipóteses colocadas por Charles Darwin em 1872, no seu trabalho: Expressão das emoções em homens e animais. Este apontava para a possibilidade das expressões serem herdadas geneticamente. Os pesquisadores da Universidade de Haifa, em Israel, estudaram as expressões de 21 voluntários cegos congénitos, e de alguns familiares. Verificaram que os voluntários reagiam de modo muito semelhante ao dos familiares, especialmente nas reações negativas. "Descobrimos que as expressões faciais são caraterísticas das famílias, como se fossem uma assinatura", afirma Gigi Peleg, chefe de pesquisa do Instituto de Evolução da Universidade de Haifa.

E se tu me cativares, e eu te cativar?


"Eu não preciso de ti.
Tu não precisas de mim.
Mas,
Se tu me cativares, e se eu te cativar...
ambos precisaremos um do outro..."
Antoine de Saint Exupéry - O Principezinho

Pergunto:
Já imaginaram viver sem aquele grupo de pessoas em quem podemos confiar, que se preocupam com o nosso bem-estar, e que, quando necessário, nos ajudam, nos dão apoio, e com as quais podemos partilhar as nossas vivências, alegrias, tristezas e inquietações?... Não, pois não?
Porque viver sem amigos não é viver.*

*Em publicações futuras falarei da importância do suporte social.

"Professor Brazelton, qual é o seu lema no que diz respeito à educação?"

" Amor e Disciplina.
A disciplina é extraordinariamente importante. A disciplina é a segunda coisa mais importante que se pode fazer por uma criança. Depois do amor.
A disciplina não é castigar. A disciplina é ensinar. De cada vez que a criança faz algo de errado os pais têm uma oportunidade para ensinar. Se se limitam a castigar a criança, estão a perder essa oportunidade.
A disciplina é bastante frágil: seja porque as pessoas castigam ou porque não dizem às crianças: "é aqui que tens de parar; vou obrigar-te a parar até que tu saibas parar-te a ti próprio". E isso é disciplina.
Berry Brazelton
 (principal referência no campo da pediatria a nível mundial)

“Só pode amar e amar-se quem foi amado”

Uma questão de autoestima
Quando se fala de autoestima há algumas questões que se levantam: o que é a autoestima? Qual o seu impacto e influência nas experiências do dia-a-dia? Como é que se desenvolve e evolui? Como se pode transformar uma baixa numa elevada estima de si?
A autoestima é o valor autoatribuído, aceitação pessoal pelo próprio ou um sentimento de competência pessoal auto-percebida.
A autoestima, à semelhança de muitos outros conceitos psicológicos, é algo que se desenvolve no berço e nas interações com os outros indivíduos nos primeiros anos de vida. Tal como defende Bandura, a ideia que os indivíduos têm de si mesmos deriva da forma como são tratados pelos contextos e pelo ambiente social. E aqui os pais ocupam um lugar privilegiado, pela ligação específica que o bebé e a criança vão estabelecendo com eles.
As expetativas, desejos e sonhos que os pais desenvolvem em relação ao seu/a filho/a relacionam-se com aquilo que ele/a será ou terá no futuro: advogado, médico, cabeleireiro, bom atleta, autónomo, integro, franco e honesto, preocupado com a sua aparência, respeito pelos outros, resistência à doença …
É num medir de forças entre as expetativas, desejos e sonhos dos pais e os reais interesses, competências e capacidades dos filhos, que se pode desenvolver um sentimento de incompetência, uma imagem empobrecida de si e das suas capacidades e o sentimento de não gostar de si mesmo/a, o que se designa por baixa autoestima.
Quando Coimbra de Matos nos diz que “só pode amar e amar-se quem foi amado” – numa sequência natural que inicia no ser-se amado (pelos pais), que passa pela capacidade de se amar (a si mesmo) para finalizar na possibilidade de amar o outro – possui subjacente a convicção de que os pais (os bons pais – biológicos ou adotivos, acrescenta ele) desempenham um papel fundamental no crescimento saudável e harmonioso do bebé e da criança, um papel onde a sua capacidade de amar incondicionalmente e a não exigência de retribuição desse amor são essenciais para o que o seu filho desenvolva uma boa estima de si.
SABIA QUE:
  • Será mais sensível ao que o seu filho pensa e sente se conseguir colocar-se na sua pele.
  • É muito importante para o seu filho ser levado a sério.
  • As crianças cujos pais têm uma imagem negativa de si têm mais dificuldade em ver-se de forma positiva.
  • As crianças dos 6 aos 12 anos dão muita importância á sua aparência física; são particularmente sensíveis á atração suscitam e à aprovação dos outros
  • A forma como o seu filho se vê e se avalia influencia os seus atos.
  • Ter uma autoestima positiva é ser capaz de aceitar os seus limites e erros.
  • A opinião que o seu filho tem de si próprio influencia consideravelmente a sua propensão para ter êxito e uma vida feliz.
A tarefa dos pais não é fácil, nem simples, pois exige encontrar um equilíbrio entre a necessidade de impor regras e limites (que são fundamentais para o desenvolvimento da capacidade de estabelecer relacionamentos harmoniosos com os outros indivíduos) e proporcionar situações em que o seu filho/a desenvolva gradualmente a capacidade de viver a sua vida de forma autónoma, independente e com respeito pelos outros. E essa capacidade é tanto mais fácil de alcançar quanto mais a criança se sentir confiante nas suas capacidades.
REGRAS E LIMITES
  • As crianças sentem-se seguras quando lhes fixamos limites.
  • As regras são necessárias ao bom funcionamento de todo o grupo social, incluindo da família.
  • As regras devem ser estabelecidas em função da idade das crianças. E, acima de tudo, devem ter em conta as suas necessidades.
  • Após terem estabelecido as regras, é importante que os adultos prevejam as consequências que delas decorrem, positivas ou negativas…
  • Os pais são os primeiros modelos dos seus filhos
  • Uma relação de amor está na base de toda a disciplina
  • Nos períodos de crise, a criança deve verificar que o amor dos pais não diminuiu. Aprende assim a manter a sua autoconfiança, apesar das dificuldades com que se depara ao longo da vida.
Uma elevada autoestima pode ser considerada como um mecanismo mental que incentiva o indivíduo a aceitar novos desafios e o auxilia a ultrapassar os problemas que naturalmente se vão colocando ao longo da vida. Não é por acaso que Carl Rogers considerava que uma boa estima de si constitui um excelente protetor da sanidade mental.

SUGESTÕES DE LEITURAS
Laporte, D. & Sévigny, L. (2006). A auto-estima dos 6 aos 12 anos. Coleção Crescer & Viver. Lisboa: Climepsi.
Duclos, G. (2006). A Autoestima, Um passaporte para a vida. Coleção Crescer & Viver. Lisboa: Climepsi.

FOTO: Família Carvalho (parte da minha linda família!)

O QUE DIZEM OS ESTUDOS -- Aulas de música estimulam o saber


As aulas de música podem facilitar a aprendizagem nas crianças. De acordo com uma pesquisa publicada na revista científica online Brain, estas aulas podem ajudar a melhorar a memória e a capacidade de aprendizagem nas faixas etárias mais baixas, uma vez que promovem diferentes padrões de desenvolvimento do cérebro. A pesquisa envolveu dois grupos com idades entre os 4 e os 6 anos, um deles com aulas de música e o outro não. Estes dois grupos foram alvo de uma comparação durante um ano e os resultados revelaram que os que assistiram a aulas de música apresentavam um melhor desempenho nos testes de memória (estes estudos foram igualmente desenvolvidos para avaliar as habilidades da criança em alfebetização e matemática).

"Eu quero ser músico, nha dona!
E chegar à lua toda,
nos tamanhos que ela tem
Quero letras no meu mar
E aprender a ser doutor!"
                                                                                 Elisabete Simões

A minha pomposa teoria filosófica

Uma espécie de mensagem de Natal 
Gosto de sentir esta magia natalícia que já se vive aqui em casa. Há uns instantes atrás, sem me dar conta, comecei a vaguear pelas memórias dos Natais da minha infância… Recordo-me que era mágica aquela ansiedade infantil vivida antes de se iniciar todo o ritual de decorar a casa, enfeitar o pinheirinho e montar o presépio. Mas não havia nada de mais belo do que a euforia provocada pela expetativa da tão desejada chegada do Pai Natal…Eu e as minhas irmãs, a muito custo, mantínhamo-nos acordadas até à meia-noite do dia 24, e… “façam pouco barulho: - escutem, é ELE!”. Não havia excessos na generosidade do velhote de barbas brancas, mas fazia-nos sentir tão especiais! A minha mãe, como a minha mãe dava amor, cor e sabor àqueles Natais… Boas Memórias, Muitas Saudades (imensas)…
De facto, os “pensamentos são como as cerejas”, essa breve viagem ao passado, e fazendo uso da metáfora da minha primeira publicação, permitiu que se formasse uma nova “cadeia de bolinhas”, que é difícil de provar, mas que quero partilhar com vocês pois é aquilo em que eu acredito.
Acredito que tudo anda à volta do antes de e do “naqueles tempos”, que tudo gira em redor da antecipação do momento, mas não do momento em si, ao contrário do que nos diz a filosofia Zen!
Em alemão, existe uma bela palavrinha para isto: Vorfreude, que é ligeiramente diferente de “deleite” e de “prazer”. Digamos que é o “antes da alegria”, o “pré-gozo”, ou seja, o prazer de esperar pela chegada de um determinado momento, os estados de júbilo do tipo “mal posso esperar”, o esperar-desejar alguma coisa ou alguém…
Os sábios, os Dalai-Lamas, … dizem-nos que tudo está, supostamente, nos momentos – que devemos entesourar o momento e não nos importarmos com a continuação do tempo. Mas desde muito cedo, me apercebi de que, de alguma maneira, a beleza reside no tempo antes, na expectativa, na espera, na imagem imaginária, pintada na perfeição, desse instante no tempo. E então, depois que esse passou, num piscar de olhos, o que permanece connosco é a memória, o reflexo, a lembrança desse tempo.
Esperar pelo primeiro beijo pode dar-nos vagos arrepios de emoção pela espinha, mas quando acontece mesmo é um monte de moléculas em colisão – na verdade uma confusão. Em antecipação, o momento será glorificado pela inocência, pelo não saber. Na recordação, o momento será purificado pelos filtros da memória. E são estas fases, do antes e do depois, que sufocam por completo a monotonia diária.
Para pôr as coisas claramente: passem a vida na eterna felicidade de sempre ter alguma coisa para desejar, alguma coisa pela qual esperar, planos não realizados, sonhos que ainda não se transformaram em realidade. Tratem de ter sempre novas referências no horizonte, criem-nas deliberadamente. E, ao mesmo tempo, revivam as vossas memórias, sustentem-nas e acarinhem-nas, mantenham-nas vivas e partilhem-nas, falem acerca delas…
Façam planos e tirem fotografias!
Não tenho forma de provar que esta “pomposa teoria filosófica” está correta, mas antecipo intensamente o momento em que consiga prová-la e, quando o tiver feito, de certeza absoluta que jamais o esquecerei.

Afinal trata-se de um caso de..."Comichão Cognitiva"

Ultimamente, tenho sido invadida por uma necessidade incontrolada de cantarolar:
“One, two, three, four,
Can I have a little more,
Five, six, seven, eight, nine, ten,
I love you.
A, B, C, D,
Can I bring my friend to tea,
E, F, G, H, I, J,
I love you (…)”
Porque será que esta música não me sai da cabeça? Descobri que a campanha publicitária da Optimus provocou em mim um fenómeno designado de: “comichão cognitiva”.
Um estudo conduzido nos Estados Unidos mostrou que algumas músicas não saem da cabeça, porque provocam uma espécie de “comichão cognitiva”, apenas aliviada quando a canção é cantarolada várias vezes (acabamos de encontrar uma desculpa para aquelas ocasiões em que nos mandam parar de cantar!).

Na Alemanha, esse tipo de música denomina-se “ohrwurm” (“verme de ouvido”) e, carateristicamente, apresenta uma melodia otimista e letra repetitiva. É o caso, por exemplo, das músicas, já antiguinhas, “Y.M.C.A. “, dos Village People, e “Macarena”, dos Los del Rio, que obtiveram um grande êxito graças à capacidade de provocar a tal “comichão cognitiva”, segundo o professor James Kellaris, da Escola de Administração e Negócios da Universidade de Cincinnati. Os resultado preliminares da sua pesquisa foram apresentados numa conferência de psicologia do consumo. Os mais interessados são os responsáveis pela Indústria pop, preocupados com o acréscimo de vendas.


A simpática técnica de engate...



Hoje, por mero acaso, lembrei-me  do livro “A medusa e o caracol”, de Lewis Thomas. Nesse livro existe um artigo muito engraçado chamado: “Sobre o pensamento acerca do pensamento”. Sem perder tempo, vim para o computador e aproveitei o tema para esta minha primeira publicação!


No referido artigo, Thomas propõe uma metáfora alargada sobre o que é o pensamento. Diz ele que, em estado de vigília na nossa mente vão passando vagas noções, assim como se boiassem, livres como a liberdade, numa espécie de caldo sideral, assim como as estrelas. Essas noções têm forma de bolinhas, o que é de facto uma ideia muito engraçada, e têm dois ganchinhos a arrematá-las. De vez em quando, uma noção passa perto de outra, que tem um ganchinho compatível. As duas engatam-se. Continuando a girar. Volta e meia encontram mais um ganchinho compatível, voltam a engatar. A partir de certa altura, tantas noções já ligadinhas entre si formam uma outra coisa, mais consistente e que já não se vai satisfazer com qualquer ligação.
A essa coisa mais consistente Thomas chama de ideia.

Não pensem que a história acabou! Porque a ideia também gira, sempre de ganchinho pronto ao engate, mas cada vez mais seletiva naquilo que aceita agregar. Vai tendo mais peso, diz Thomas, e vai rodando mais devagar – o que é de todo natural: uma ideia, desde que nasça e queira desenvolver-se, é como qualquer outra coisa: exige tempo e calma.


Chegada a uma certa altura, a cadeia de bolinhas chamada de ideia já não recebe nenhuma bolinha nova. Ficou pronta, densa e nítida, com extensão quanto baste. A ideia passou a ser pensamento.
É assim que tem lugar a origem, pontual e pouco nítida, de qualquer pensamento. Nessa altura, quando as coisas ainda estão no campo das vagas noções rodando no espaço da mente, é difícil, senão mesmo impossível verbalizar. Esse pré-pensamento materializar-se em formas mistas de imagens e vagas lembranças verbais, assim como se fosse um sonho. Aliás, estarmos entregues à flutuação das noções é uma forma de devaneio, palavra com que designamos exatamente aquela interessante experiência de “sonhar acordado” (algo que conheço muito bem!!).

Nota n.º 1 – Foi este o percurso que as “minhas bolinhas” efetuaram até àquele momento em que verbalizei: “Estou a pensar criar um blog, valerá a pena amadurecer esta ideia?”
Nota n.º2 – Será assim, com tempo e calma, que as “minhas cadeias de bolinhas densas e nítidas”, a partilhar neste cantinho, irão nascer.

Não pensem que a história acabou! Porque agora entram vocês que vão querer conversar sobre os meus pensamentos. Aí, terão de fazer um percurso inverso do meu.

Vão, então, separar as partes do meu pensamento, para analisar, compreender e poder contra-argumentar ou reforçar a minha argumentação. Trarão ao de cima as ideias, e se eu tiver sorte, vocês dir-me-ão que os engates das minhas bolinhas são os melhores. Bingo para mim.
Mas vocês podem “escavacar” mais um pouco e puxar pelas noções. Separá-las umas das outras e, com as minhas noções, poderão chegar a um outro pensamento. Bingo para vocês!

Até breve!