Brothers & Sisters - Part 2

A IMPORTÂNCIA DA ORDEM DE NASCIMENTO
Numa família, cada indivíduo desempenha um determinado papel, que é distinto dos restantes. Mas porque é que uma criança não pode desempenhar um papel semelhante a um outro irmão? As crianças acreditam que precisam de ser diferentes para terem valor. A partir daqui, desenvolvem crenças erradas sobre si, baseadas na mesma família, como resultado da ordem de nascimento.

É curioso notar que as crianças pertencentes a uma determinada família são verdadeiramente diferentes, apesar de terem os mesmos pais, a mesma casa e a mesma vizinhança. O ambiente pode não ser exatamente o mesmo, mas na verdade o fator que contribui em maior escala para as diferenças no interior da família (papel) é mesmo a interpretação que cada uma delas atribui ao ambiente em que vive, resultado, em larga medida, da forma como os pais interferem nestes comportamentos de fraternidade.

AS CONSEQUÊNCIAS (POSSÍVEIS) PARA DETERMINADAS ORDENS DE NASCIMENTO

Irmãos mais velhos - quando se pensa no tipo de “posição” e comportamentos que possuem junto do(s) seu(s) irmão(s), espera-se que seja responsável, líder, “mandão”, perfecionista, crítico (de si e dos outros), conformista, organizado, competitivo, independente, relutante em correr riscos ou conservador. Neste sentido, e indo ainda ao encontro das conceções erradas que formam, pela posição que ocupam, este tipo de irmãos adota a conceção errada de que a sua importância assenta em um ou dois pilares fundamentais – ser melhor ou ser o primeiro.

Irmãos mais novos - são conhecidos por serem “estragados com mimos”. A conceção que estes, por sua vez, formulam baseia-se na ideia (errada) de que a sua importância se deve à manipulação que conseguem fazer sobre os outros, para obter o que desejam. São geralmente criativos e amorosos, características que canalizam para aquela manipulação.

É imperativo que os pais tomem atenção a esta manipulação para que os filhos não se transformem em indivíduos a quem lhes foi retirada a responsabilidade, auto, autoconfiança e auto-suficiência, quando cedem a todos os pedidos da criança, sem que esta tenha a possibilidade de experimentar tais competências, em atos tão “simples” como acordar e vestir-se sozinho de manhã, ou fazer a cama.

Caso a criança seja superprotegida e ilibada das responsabilidades, os próprios pais correrão o risco de ficarem mais tarde desapontados e frustrados quando se depararem com a falta de desenvolvimento de melhores competências e atitudes por parte dos seus filhos.

Filhos do meio - porque ocupam posições diferentes possuindo, por vezes, a conceção errada de que, por seu turno, têm de ser diferentes dos irmãos para terem o seu valor e sucesso, dando origem a crianças “muito sociáveis”, “tímidas” ou tão-somente “rebeldes”. Desenvolvem então uma enorme empatia com os mais desfavorecidos, identificando-se com eles; podem ser bons promotores da paz e os outros procuram-nos pela simpatia e compreensão.
Este modelo de idealização do tipo de irmão, de acordo com a ordem de nascimento, não deve ser utilizado para rotular ou estereotipar crianças. Tratam-se apenas de linhas orientadoras, na tentativa de compreender por que razão as crianças têm muitas vezes interpretações erradas sobre como encontrar um sentido de pertença/valor, para tomar consciência das formas mais eficazes de as ajudar.

EXCEÇÕES À REGRA
Género Sexual
Analisemos as seguintes situações:
Se o primeiro e segundo filhos, de uma fratria de 3 ou mais filhos, são de géneros diferentes, ambos podem desenvolver características de filho mais velho, no âmbito do seu papel sexual na família.

Contudo, se os dois filhos mais velhos são do mesmo sexo, é de esperar que existam diferenças entre ambos, que podem variar ao extremo, sendo opostos nos comportamentos, como vimos anteriormente.
Repare ainda que se um filho tem a oportunidade de estar numa posição durante mais de quatro anos, já formulou muitas interpretações acerca da vida e de si próprio e de como encontrar valor ou pertença. As interpretações podem ser modificadas, mas dificilmente transformadas, quando a constelação familiar muda.

Ambiente Familiar
Este pode diminuir ou aumentar as diferenças. Quando a competição é valorizada e moderada, as diferenças acentuam-se; contrariamente, quando a tónica é colocada na cooperação, as diferenças diminuem. Assim, quando duas irmãs, que têm uma diferença de idades de apenas 18 meses, têm características semelhantes e não opostas (como vimos em cima), podemos supor que os seus pais as criaram num ambiente de cooperação e não de competição. É importante mencionar que cada característica que acima é mencionada, independentemente do caso, surge no sentido de uma orientação, não de definição de cada qual.

***
AQUI Lancei o desafio de efetuarmos uma "Ode aos Irmãos". Bastava uma fotografia. O resultado é este!


 




Obrigada!
Poema de José Luís Peixoto

"ainda que tu estejas aí e tu estejas aí e
eu esteja aqui estaremos sempre no
mesmo sítio se fecharmos os olhos
serás sempre tu e tu que me ensinarás
a nadar seremos sempre nós sob
o sol morno de julho e o véu ténue
do nosso silêncio será sempre o
teu e o teu e o meu sorriso a cair
e a gritar de alegria ao mergulhar
na água ao procurar um abraço que
não precisa de ser dado serão
sempre os teus e os teus e os meus
cabelos molhados na respiração
suave das parreiras sempre as tuas
e as tuas e as minhas mãos que não
precisam de se dar para se sentir
ainda que tu estejas aí e tu estejas aí e
eu esteja aqui estaremos sempre
juntos nesta tarde de sol de julho
a nadarmos sob o planar sereno dos
pombos no tanque pouco fundo da
nossa horta sempre no tanque fresco
da horta que construíram para nós
para que na vida pudéssemos ser
mana e mana e mano sempre." JLP

Boas Festas

A ÁRVORE
Como prometido, a minha árvore com as bolas feitas por mim!  (falei delas AQUI)

OS MEUS VOTOS...

Desejo-vos um Feliz Natal junto daqueles que mais amam... 
Desfrutem da presença e do carinho da vossa família (de sangue, ou não).
Eu penso que não há nada que nos faça sentir tão bem quanto a nossa família. Por mais que existam complicações, maluquices e coisas do género. A nossa família lembra-nos quem somos. Traduz a nossa essência. A família conhece-nos do avesso. Amigos também, é verdade. Mas como os poucos amigos que tenho fazem parte da minha família (então, é justo dizer que estão inseridos aqui, nesse texto e contexto). 
De perto, nenhuma família é normal… A minha não é! Portanto, seja lá como for a vossa família… aproveitem cada momento com ela, amem-na…Afinal, se estamos aqui e somos o que somos é por causa dela.

Desejo, igualmente,  que o Novo Ano vos traga muitas venturas...
Não se agarrem só às esperanças, evitando dar “saltos de fé” mais arrojados e potencialmente mais frutuosos…Vivam, Arrisquem! A felicidade é algo pelo qual temos de lutar e procurar... E nada é mais útil ao homem do que o próprio homem … pois na vida tudo pode acontecer, e sobretudo pode não acontecer absolutamente nada, tudo depende de nós enquanto realizadores (e atores!) do filme da nossa vida.

UMA SUGESTÃO...
 E que tal a companhia da Agenda Heartless para o ano de 2013? Visitem AQUI

TRÊS MÚSICAS...



UM POEMA...

Eu queria ser Pai Natal - Luísa Ducla

Eu queria ser Pai Natal
E ter carro com renas
Para pousar nos telhados
Mesmo ao pé das antenas.



Descia com o meu saco
Ao longo da chaminé,
Carregado de brinquedos
E roupas, pé ante pé.
Em cada casa trocava
Um sonho por um presente
Que profissão mais bonita
Fazer a gente contente!

UMA IMAGEM...
Santa Claus is coming to town!

Mais um...

Imagem Butterflies & Hurricanes

Sinto um enorme carinho por presépios. 
Cá em casa moram imensos...Uns ficam expostos todo o ano, outros só são vistos nesta época.
Mas todos eles têm algo em comum: são pouco convencionais!

O presépio "benetton" é o mais recente, com assinatura True Colours by Natália Batista.
Não deixem de visitar a página de facebook...

Brothers & Sisters - Part 1


“Sibling relationships …  flourish in a thousand incarnations of closeness and distance, warmth, loyalty and distrust.”  - Erica E. Goode, The Secret World of Siblings





De cima para baixo, da esquerda para a direita: Afghanistan, Bhutan, Cambodia, India, India, Tibet, Uzbekistan, 


Fotos: Steve Mccurry's
Fonte: http://stevemccurry.wordpress.com/
***

Nas últimas semanas não tenho tido muito tempo para me dedicar à escrita. Contudo, tenho andado a reunir informação sobre a importância da ordem de nascimento. Será este, portanto, o tema do próximo artigo, onde procurarei responder à questão: “Como é que a ordem de nascimento nos pode ajudar a compreender as crianças e a sermos mais eficazes com elas?”
Sim, sempre sofri da síndrome da irmã do meio!!

Ao conversar sobre o assunto com uma amiga, surgiu uma ideia que me parece muito engraçada: reunir registos fotográficos de irmãos/irmãs (juntos) em crianças (recentes e menos recentes!!).
Já lancei o desafio a alguns amigos - e já me fizeram chegar algumas fotografias magníficas! Agora, generalizo o convite a todos… Querem colaborar? Será uma espécie de "Ode aos Irmãos"!

Caso queiram participar, é só enviar a(s) fotografia(s) para o e-mail: lilasfer@hotmail.com e informarem como querem que seja feita a identificação.

Eu já escolhi uma foto das "Manas Fernandes"! 
Ah! E esta música é para a Tina e para a Sá

Antony and the Johnsons-You Are My Sister

Tarde de trabalhos manuais :)


Este ano, tenho cá em casa um espetador atento às decorações natalícias...o meu gato! 
A árvore, com as decorações dos anos anteriores, facilmente quebráveis, não iria resistir! Assim, hoje dediquei-me a forrar bolas de esferovite com tecido. Uma divertida tarefa.
Para além de me ter divertido, personalizei as decorações com apenas 8€!...
...depois mostro a árvore decorada!

Ah! Visitem a página de fazebook da professora:  Retalhos de Ternura






"Um ano de vida!"


Este blog comemora hoje um ano de vida!

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Agradeço a quem me visita regularmente;
Agradeço a quem me visita ocasionalmente!
Agradeço as sugestões;
Agradeço as correções!
Agradeço os comentários;
Agradeço as partilhas;
Agradeço o estímulo...
E, acima de tudo,
o Carinho.




"Quero mudar a minha vida sem mudar a minha vida!"



Não quero mudar a minha vida. Quero mudar a minha vida sem mudar a minha vida. Porque sei que não vou descobrir a felicidade (ou mais felicidade) num lugar distante ou em circunstâncias invulgares; será aqui e agora – tal como na peça de teatro The Blue Bird, em que duas crianças passam um ano a percorrer o mundo à procura do Pássaro Azul da Felicidade, apenas para o encontrar à sua espera quando regressam finalmente a casa.

Não entendo nada de física, nem de escalas temporais. A minha “ciência” é outra! Mas acredito que uma escolha, uma pequena mudança na minha vida, por mais insignificante que possa parecer, pode mudar muita coisa lá na frente – sou 'simpatizante' da teoria do caos! –. A dimensão de tal facto? Não faço ideia, nem serei capaz de medir. Mas, por via das dúvidas, previno-me: controlo as borboletas que voam na minha barriga e exijo-lhes calma. Afinal, nunca se sabe o temporal que somos capazes de criar!

Afinal, a lei é só uma: Ação, Reação, Repercussão. Pense nisso!
Obrigada Querida Sofia  pela imagem!

Tudo anda à volta do "antes de" e do “naqueles tempos”.


Acredito que tudo anda à volta do "antes de" e do “naqueles tempos”, que tudo gira em redor da antecipação do momento, mas não do momento em si, ao contrário do que nos diz a filosofia Zen.
Em alemão, existe uma bela palavrinha para isto: Vorfreude, que é ligeiramente diferente de “deleite” e de “prazer”. Digamos que é o “antes da alegria”, o “pré-gozo”, ou seja, o prazer de esperar pela chegada de um determinado momento, os estados de júbilo do tipo “mal posso esperar”, o esperar-desejar alguma coisa ou alguém…

Os sábios, os Dalai-Lamas, … dizem-nos que tudo está, supostamente, nos momentos – que devemos entesourar o momento e não nos importarmos com a continuação do tempo. Mas desde muito cedo, me apercebi de que, de alguma maneira, a beleza reside no tempo antes, na expectativa, na espera, na imagem imaginária, pintada na perfeição, desse instante no tempo. E então, depois que esse passou, num piscar de olhos, o que permanece connosco é a memória, o reflexo, a lembrança desse tempo.

Esperar pelo primeiro beijo pode dar-nos vagos arrepios de emoção pela espinha, mas quando acontece mesmo é um monte de moléculas em colisão – na verdade uma confusão. Em antecipação, o momento será glorificado pela inocência, pelo não saber. Na recordação, o momento será purificado pelos filtros da memória. E são estas fases, do antes e do depois, que sufocam por completo a monotonia diária (...)

Butterflies & Hurricanes, in "A minha pomposa teoria filosófica!"

Prazer

“Ensinaram-me tanta vergonha em sentir prazer, que acabei sentindo prazer em ter vergonha.”
Mia Couto, in “O Fio das Missangas”

«(...) Aparentemente simples, muitas vezes é extremamente difícil fazer o que nos dá prazer, temos tendência a sentirmo-nos culpados, até porque isto de ter prazer... não é pecado? (...) Sabemos que a nossa forte cultura judaico-cristã, os tempos da inquisição e da ditadura ensinaram-nos a ser recatados e sentir muito a culpa. Mas culpa de quê? Às vezes de nada... 
Sermos capazes de nos censurar mostra uma evolução saudável da nossa personalidade, não deverá é tomar conta da nossa vida. O que é preciso é encontrar (como em tudo na vida) o ponto de equilíbrio...


(...) Nas escrituras originais, “pecar” é quando fugimos aos nossos objetivos, segundo Jean-Ives Leloup (e não só) é quando nos desviamos do nosso propósito de vida!»



Butterflies & Hurricanes, in "Viva o dolce fare niente!"

Há dias assim


~~~

Há dias assim:
introspetivos...
Dias em que a imagem refletida no espelho
sou apenas eu,
sentada e perdida no centro
de mim!

Exorcizar fantasmas

Uma certa dose de preocupação é benéfica ao ser humano. Como diria o poeta: "na medida certa, nem demais e nem de menos."

É inegável que as pessoas têm desassossegos sobre muitas coisas. Eu tenho! Há quem se preocupe legitimamente com questões de dinheiro e segurança familiar, questões de saúde, relacionamentos pessoais, profissionais, etc. 

Porém, existe uma outra categoria de preocupações que além de não ajudarem em nada são até perigosas para a nossa saúde... Estou a referir-me àquele tipo de preocupações criadas pela nossa imaginação…

Se não “exorcizarmos esses fantasmas” que residem em nós, eles acabam por nos bloquear e impedir-nos de avançar...
Aviso de amiga: "eles são péssimos conselheiros!"…
Qual a ironia da situação? A ironia é que ficamos à mercê de algo que fomos nós que arquitetamos na nossa  própria mente.

Afinal de contas, somos fruto da nossa imaginação, não é verdade?! 

25 Novembro - Dia Internacional para a Eliminação da Violência contra as Mulheres



Entristece-me, enquanto ser em sociedade, e apesar do reconhecimento da igualdade das mulheres, continuarmos a assistir à reivindicação da masculinidade através do controlo forçado, no qual qualquer sinal de autonomia da mulher é visto como uma provocação, e legitima o restabelecimento da dominância através da força. E assim, passa a ser o corpo a regular a resolução do conflito e não a inteligência.
É, ironicamente, o paradoxo de uma situação na qual a violência acaba por refletir a fraqueza do homem.
As mulheres, essas, submetem-se por acreditar que o dia seguinte será melhor...e permanecem em medo no silêncio.
Condenar o homem que se gosta/gostou, o pai dos seus filhos e tornar público o fracasso de uma relação é difícil. Mas a tolerância e a aceitação não resolvem a situação e pensar que o tempo o fará é mera ilusão.
O medo e a vergonha impedem de falar e de intentar uma saída, a culpa e a autorresponsabilização fazem o resto.
Mas é intolerável viver com um homem que recorre à violência. É necessário quebrar o silêncio sem esperar pelo momento em que não se aguenta mais os golpes.

E de repente, alguém me surpreendeu com uma mensagem muito simpática...


Mensagem: “…Lembro-me que quando deste início ao blog, tinhas dúvidas sobre a continuidade do mesmo ou se terias condições para o manter! Hoje penso que teria sido um erro não o teres iniciado! A pertinência dos temas que abordas são tão profundos e tão nossos que levam a refletir sobre as nossas atitudes!
…Tens um lugar merecido por mérito próprio na web! Não te dou os parabéns porque não entendo que tenha mais valor do que teres em mim um espectador atento às tuas publicações! Conviver e conhecer as pessoas não nos permite valorizar os que lhes vai na alma! Depois, como és uma pessoa que faz em vez de agitar, pouco se conhece de ti!”

Como gosto de ser surpreendida, mas também gosto de surpreender… aqui fica a minha resposta:

“Como sabes, numa publicação anterior, já assumi que sinto tudo demais…e que o pouco me diz sempre muito. Portanto, as tuas palavras amigas emocionaram-me!
As dúvidas em relação à continuidade do blog mantêm-se… Mas são alguns reforços intermitentes (como a tua mensagem) que acabam, indubitavelmente, por marcar a diferença na “vida” do mesmo!
De há um ano a esta parte, a única coisa que se alterou foi mesmo o “peso” da responsabilidade… dado que agora tenho seguidores atentos!

Tens toda a razão. É difícil conhecerem-me. Não o faço conscientemente (ou será que faço?!), mas, e principalmente em contextos mais formais, “abotoo-me até ao último botão!!”. Sou “observadora a tempo inteiro”, “mais de bastidores do que de palcos” e "facilmente me perco nos trilhos do meu mundo!”. E como costumo dizer: “gosto de me dar com todos, sem me envolver com ninguém!”. Positivo ou negativo? Não sei. Simplesmente sou assim!

No entanto, e por ser muito observadora, e por ser muito do “sentir”, sei reconhecer aqueles que se encaixam no meu conceito de “boas pessoas”, aquelas pessoas para quem olho e penso: deve ser bom ser amiga dele/a. E como o meu coração é espaçoso, está sempre em condições de receber novos inquilinos… Sê bem-vindo!

Com amizade,
Liliana.

Decoramos o discurso sobre a Paz e a Não-Violência mas não aprendemos a ser a Paz e a Não-Violência.

Foto by Rafael Peixoto     

Por que continuam as pessoas a viver em permanente agitação e a ser violentas consigo mesmo, com os outros e com a natureza? Qual a origem da discrepância entre o que dizem, o que conseguem ser e o que colocam em prática?

A verdade é que somos educados com base numa orientação assente no paradigma newtaniano-cartesiano, que coloca a ênfase sobretudo na razão e numa lógica mutuamente exclusiva, isto é, nada é verdadeiramente digno de consideração, a não ser que quantificável e analisável pelo Pensamento e pela Lógica de que A é necessariamente diferente de B.

Foi com base neste paradigma que construímos um mundo interno e externo fragmentado e mutuamente exclusivo.

Vejamos:

Ao nível externo, este paradigma trouxe-nos uma sociedade com um modelo competitivo e exclusivo, “só posso ganhar, se tu perderes”, “só posso ter lucro, se tu tiveres prejuízo”, “só posso ser rico, se tu fores pobre” e desenvolveu um sistema de ensino assente sobretudo no pensamento, na passagem discursiva de informação.

Ao nível interno, trouxe-nos um ser humano desarmonioso, pois é fruto de uma visão fragmentada do ser, que apenas considera a função razão, a aquisição da informação e do saber técnico e se esquece de educar as outras funções psíquicas que, tal como definido por Yung, são o Sentimento, a Sensação e a Intuição. Temos um sistema de ensino que promove doutorados, que permanecem, inúmeras vezes, no bê-á-bá da capacidade de lidar com as emoções pessoais e as dos outros e no jardim-de-infância das suas capacidades intuitiva e sensitiva.

Decoramos o discurso sobre a Paz e a Não-Violência mas não aprendemos a ser a Paz e a Não-Violência.

Como esticar o tempo?

Harold Lloyd's 'Safety Last'
Fonte: Revista  obvious

Antes de me perguntar: como posso esticar o tempo? – tarefa titânica reservada aos deuses do Olimpo -, devo questionar-me sobre quais as prioridades da minha vida, qual o sentido das minhas ações ou, de forma mais tecnocrática, como gerir melhor o meu tempo? 

Não sendo capaz de responder a todas as solicitações devo, de entre o universo das possíveis, escolher aquelas que mais poderão contribuir para a minha alegria de viver, para a minha realização pessoal.

Mas este EU tem que ser utilizado com parcimónia, sob a pena de se confundir com egoísmo e, neste caso, voltaremos a ter mais do mesmo, ou seja, uma existência cheia de coisa nenhuma, balofa, pouco útil e sem sentido gregário…

Nudez

Tomar consciência de nós próprios (conhecer as nossas qualidades, defeitos, potencialidades, medos, sentimentos, …) é o processo mais importante e útil da nossa vida.

Autoconhecermo-nos e sentirmo-nos à vontade connosco próprios é condição necessária para nos relacionarmos com os outros. E "estar com o outro" em pleno exige a capacidade de nos despirmos por dentro - a mais bela e premente das nudezes!

Porque será que é cada vez mais difícil ter a coragem da dádiva e da entrega por completo?


Encomendas: mafaldaliliana.encomendas@gmail.com

Frase do dia:"A tristeza não tem fim, a felicidade sim." [19]


Como diria o imortal Tom Jobim: A felicidade é como uma gota de orvalho numa pétala de flor, brilha tranquila, depois de leve, oscila e cai, como uma lágrima de amor (…). A felicidade é como uma pluma que o vento vai levando pelo ar, voa tão leve, mas tem a vida breve: precisa que haja vento sem parar. A minha felicidade está sonhando (…), e como esta noite, passando, passando, em busca da madrugada... A tristeza não tem fim, a felicidade sim...". 



Só nos resta passar a maior parte do tempo possível a usufruir, saborear e planear novas sensações de felicidade...!

Frase do dia: "Conversation is food for the soul." [18]

Educados para reprimir emoções?


Uma visão da natureza humana que ignore o poder das emoções é tristemente míope. Basta pensarmos na etimologia da palavra "emoção", que vem do latim motore = mover; com o prefixo "e-" fica "mover para", o que demonstra que as emoções são impulsos importantes para atuar e encarar a vida.

Sem perceber muito bem porquê, sinto que somos educados para reprimir as emoções. Quem nunca ouviu expressões do género: "Não dês parte de fraco/a"; "Não respondas, ignora", "Pareces um/a pinga-amor", "Para de chorar, parece mal", "Sê amável, não te irrites", "Deixa-te disso...fica muito lamechas", "Não demonstres o que estás a sentir"... Parece que algo, ou alguém, nos convenceu de que, quanto mais racionais, melhores pessoas.

Na verdade, cada um é como é… E eu, eu irrito-me e sinto raiva – os meus ansiolíticos de eleição. Muitas vezes, “engulo as palavras, tusso para respirar, mas se o nó na garganta apertar… digo tudo! E desnudo a alma”. Eu choro – porque chorar é para mim uma catarse, um expelir de sentimentos em turbilhão… Eu fico triste – porque a tristeza só há de passa se eu me permitir entristecer. Eu demonstro que gosto, quando gosto muito – porque é bom cuidar de quem se ama, porque é bom não perder a oportunidade de dizer que se ama. Eu sinto medos – são as inquietações que me dão vida. Eu preciso do silêncio – só ele me permite autoconhecer, refletir, recordar, reviver... Eu rio à gargalhada – por vezes sabe tão bem exibir a minha felicidade! Eu sinto indiferença – porque sou humana. Eu gosto de dar e receber gestos carinhosos – afinal, a ciência diz-nos que abraçar, beijar, tocar, retarda o envelhecimento, protege a saúde e, acima de tudo, alivia a dor!...

Partilho da opinião de Eduardo Sá: quanto mais reprimimos as emoções, menos hábeis nos tornamos para as palavras… Sentimos tudo e todos, somos muito intuitivos, mas deixamos de conseguir verbalizar o que sentimos… e é assim que a nossa alma adoece. 

Banda Sonora do Dia: Muse In Concert Live from the BBC Radio Theatre in London

Se pedirem a minha opinião (que vale o que vale!) quanto àquela que considero ser a melhor banda de palco da atualidade, esta é a minha resposta: MUSE!
Adorei o alinhamento deste concerto mais "intimista", no passado dia 31 de Outubro de 2012.



Alinhamento: 

00:00:30 - Supremacy (Novo álbum) - a minha favorita!
00:05:34 - Interlude + Hysteria
00:10:30 - Panic Station (Novo álbum)
00:13:38 - Supermassive Black Hole
00:17:05 - Follow Me (Novo álbum)
00:22:05 - Animals (Novo álbum)
00:26:40 - Undisclosed Desires
00:30:47 - Explorers (Novo álbum)
00:37:06 - Falling Down
00:41:15 - Madness (Novo álbum)
00:46:09 - Time Is Running Out
00:50:46 - Starlight
00:55:12 - Uprising