Cientistas e escritores há anos que conhecem os benefícios
terapêuticos de escrever sobre experiências pessoais, pensamentos e
sentimentos. Mas, além de servir como um mecanismo para aliviar o stresse,
expressar-se por meio da escrita traz muitos benefícios fisiológicos. Pesquisas
mostram que com a prática da escrita é possível aprimorar a memória e o sono,
estimular a atividade dos leucócitos e reduzir a carga viral de pacientes com
SIDA e até mesmo acelerar a cicatrização após uma cirurgia.
Um estudo publicado na revista Oncologist mostra que as pessoas com cancro que escreviam para
relatar os seus sentimentos logo depois, se sentiam muito melhor, tanto mental
quanto fisicamente, em comparação a pacientes que não desenvolviam este tipo de
atividade.
De acordo com a neurocientista Alice Flaherty, da
Universidade de Harvard e do Hospital Geral de Massachusetts, a teoria do
placebo para o sofrimento pode ser aplicado neste caso.
A reclamação, por exemplo, funciona como um “placebo para
conseguir satisfação”, afirma Flaherty. Usar o blog para “colocar a boca no
mundo”, expressar insatisfação e partilhar experiências stressantes pode
funcionar da mesma forma.
Flaherty, que estuda casos como hipergrafia (desejo
incontrolável de escrever) e também o bloqueio criativo, analisa modelos de
doenças que explicam a motivação por trás dessa forma de comunicação.
Por exemplo, as pessoas em estado de mania (pólo oposto à
depressão, característico do transtorno bipolar) geralmente falam demais. “Acreditamos
que algo no sistema límbico do cérebro fomenta a necessidade de a pessoa se
comunicar”, explica Flaherty.
Localizada principalmente no centro do cérebro, essa área
controla motivações e impulsos relacionados com a comida, sexo, desejo e
iniciativa para a resolução de problemas.
“Sabemos que há impulsos envolvidos na criação de blogs, pois
muitas pessoas agem de forma compulsiva em relação a eles. Além disso, o hábito
de mantê-los atualizados pode desencadear a libertação de dopamina, os
estímulos são similares aos que temos quando escutamos uma música, comemos ou
apreciamos uma obra de arte”, diz Flaherty.
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