Refletindo sobre...| Legalização de "barrigas de aluguer", em Portugal, deverá ser votada em Maio

Quem são as barrigas de aluguer/mães hospedeiras?
“Barriga de aluguer/Mãe hospedeira refere-se, habitualmente, àquela mulher fértil que deu o seu acordo para desenvolver uma gravidez para um casal, com quem estabeleceu uma relação prévia contratual, perante o qual se compromete a entregar a criança recém-nascida e a renunciar a qualquer direito maternal.”

Para começar a minha (humilde) reflexão, inicio debruçando-me sobre as palavras “mãe” e “hospedeira”. E aqui, surgem-me já algumas dúvidas: Mãe? Mas qual Mãe? E o que é ser mãe? Hospedeira? Mas não serão todas as mães também hospedeiras?

Na verdade, com o avanço das novas tecnologias reprodutoras, o conceito tradicional de família alterou-se, pois deu-se a separação progressiva das diversas componentes – mãe: mãe genética (produtora ou dadora do óvulo), mãe gestadora (encarregada do desenvolvimento do feto) e a mãe cuidadora (que assume o desenvolvimento psicossocial da criança).

Mas, afinal, qual destas três será a mãe verdadeira? Se entregássemos a Salomão a tarefa de resolver este assunto, será que ele mandaria partir a criança em três? E qual das mães “prescindiria” da sua parte para que a criança ficasse inteira, viva? Deixarei a pergunta em aberto, mas penso que talvez as três…
Será que a mulher que traz na barriga durante 9 meses um bebé de outrem será apenas hospedeira/barriga de aluguer, isto é, será uma situação passageira que depois é esquecida e em que não há trocas entre ambos que irão durar toda a vida?

Claro que durante a gravidez há ligações não só afetivas e psicológicas, mas também fisiológicas e biológicas. Sabemos que as ligações hormonais, transmissão de imunidade, incompatibilidade sanguínea, etc., são feitas com a mãe que gera. Posso aqui concluir que o ambiente da gravidez é extremamente importante e, se pudesse quantificar aquilo que é genético e aquilo que é ambiental na gravidez, talvez pudesse dizer que este último aspeto é maioritário.
E será que a bi(tri)partição da entidade materna terá algumas vantagens? Ou será apenas desvantagens? 

Como argumentos a favor poderei nomear os seguintes:
  • Possibilitar o acesso à maternidade genética e/ou social a mulheres que, de outro modo, não a poderiam alcançar;
  • Possibilitar a parentalidade aos casais homossexuais;
  • Aceitar a especialização (na área da gestação) numa época de especializações;
  • O útero é um órgão reprodutor, não é um órgão sexual – atividade sexual e reprodutora não são uma e mesma coisa;
  • Podemos esperar bebés melhores se geneticistas, biólogos, endocrinologistas de reprodução, perinatologistas e mães gestadoras “derem as mãos”.

E quais as desvantagens? Vou ao outro lado da moeda!
Era uma vez um feto…E a importância da aprendizagem fetal? A partir da 6.ª semana de gestação começam a sensibilidade à luz e as capacidades gustativas e a partir do 7.º mês a aprendizagem das capacidades auditivas. E a vinculação intra-uterina? O estudo sobre os ruídos intra-amnióricos e o seu efeito no choro dos latentes e ainda a exposição prolongada do recém-nascido ao batimento cardíaco materno diz-nos que leva a criança a comer mais, a dormir melhor e a chorar menos.
E era uma vez uma mulher… E a ligação entre o bebé de fantasia, o bebé imaginário e o bebé real?

Para terminar, deixo mais uma questão em aberto: será que, mais uma vez, os ditados antigos, populares, é que estão certos? Veremos daqui a alguns anos se, na verdade, se confirma que PARIR É DOR, CRIAR É AMOR!

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