Prazer

“Ensinaram-me tanta vergonha em sentir prazer, que acabei sentindo prazer em ter vergonha.”
Mia Couto, in “O Fio das Missangas”

«(...) Aparentemente simples, muitas vezes é extremamente difícil fazer o que nos dá prazer, temos tendência a sentirmo-nos culpados, até porque isto de ter prazer... não é pecado? (...) Sabemos que a nossa forte cultura judaico-cristã, os tempos da inquisição e da ditadura ensinaram-nos a ser recatados e sentir muito a culpa. Mas culpa de quê? Às vezes de nada... 
Sermos capazes de nos censurar mostra uma evolução saudável da nossa personalidade, não deverá é tomar conta da nossa vida. O que é preciso é encontrar (como em tudo na vida) o ponto de equilíbrio...


(...) Nas escrituras originais, “pecar” é quando fugimos aos nossos objetivos, segundo Jean-Ives Leloup (e não só) é quando nos desviamos do nosso propósito de vida!»



Butterflies & Hurricanes, in "Viva o dolce fare niente!"

Há dias assim


~~~

Há dias assim:
introspetivos...
Dias em que a imagem refletida no espelho
sou apenas eu,
sentada e perdida no centro
de mim!

Exorcizar fantasmas

Uma certa dose de preocupação é benéfica ao ser humano. Como diria o poeta: "na medida certa, nem demais e nem de menos."

É inegável que as pessoas têm desassossegos sobre muitas coisas. Eu tenho! Há quem se preocupe legitimamente com questões de dinheiro e segurança familiar, questões de saúde, relacionamentos pessoais, profissionais, etc. 

Porém, existe uma outra categoria de preocupações que além de não ajudarem em nada são até perigosas para a nossa saúde... Estou a referir-me àquele tipo de preocupações criadas pela nossa imaginação…

Se não “exorcizarmos esses fantasmas” que residem em nós, eles acabam por nos bloquear e impedir-nos de avançar...
Aviso de amiga: "eles são péssimos conselheiros!"…
Qual a ironia da situação? A ironia é que ficamos à mercê de algo que fomos nós que arquitetamos na nossa  própria mente.

Afinal de contas, somos fruto da nossa imaginação, não é verdade?! 

25 Novembro - Dia Internacional para a Eliminação da Violência contra as Mulheres



Entristece-me, enquanto ser em sociedade, e apesar do reconhecimento da igualdade das mulheres, continuarmos a assistir à reivindicação da masculinidade através do controlo forçado, no qual qualquer sinal de autonomia da mulher é visto como uma provocação, e legitima o restabelecimento da dominância através da força. E assim, passa a ser o corpo a regular a resolução do conflito e não a inteligência.
É, ironicamente, o paradoxo de uma situação na qual a violência acaba por refletir a fraqueza do homem.
As mulheres, essas, submetem-se por acreditar que o dia seguinte será melhor...e permanecem em medo no silêncio.
Condenar o homem que se gosta/gostou, o pai dos seus filhos e tornar público o fracasso de uma relação é difícil. Mas a tolerância e a aceitação não resolvem a situação e pensar que o tempo o fará é mera ilusão.
O medo e a vergonha impedem de falar e de intentar uma saída, a culpa e a autorresponsabilização fazem o resto.
Mas é intolerável viver com um homem que recorre à violência. É necessário quebrar o silêncio sem esperar pelo momento em que não se aguenta mais os golpes.

E de repente, alguém me surpreendeu com uma mensagem muito simpática...


Mensagem: “…Lembro-me que quando deste início ao blog, tinhas dúvidas sobre a continuidade do mesmo ou se terias condições para o manter! Hoje penso que teria sido um erro não o teres iniciado! A pertinência dos temas que abordas são tão profundos e tão nossos que levam a refletir sobre as nossas atitudes!
…Tens um lugar merecido por mérito próprio na web! Não te dou os parabéns porque não entendo que tenha mais valor do que teres em mim um espectador atento às tuas publicações! Conviver e conhecer as pessoas não nos permite valorizar os que lhes vai na alma! Depois, como és uma pessoa que faz em vez de agitar, pouco se conhece de ti!”

Como gosto de ser surpreendida, mas também gosto de surpreender… aqui fica a minha resposta:

“Como sabes, numa publicação anterior, já assumi que sinto tudo demais…e que o pouco me diz sempre muito. Portanto, as tuas palavras amigas emocionaram-me!
As dúvidas em relação à continuidade do blog mantêm-se… Mas são alguns reforços intermitentes (como a tua mensagem) que acabam, indubitavelmente, por marcar a diferença na “vida” do mesmo!
De há um ano a esta parte, a única coisa que se alterou foi mesmo o “peso” da responsabilidade… dado que agora tenho seguidores atentos!

Tens toda a razão. É difícil conhecerem-me. Não o faço conscientemente (ou será que faço?!), mas, e principalmente em contextos mais formais, “abotoo-me até ao último botão!!”. Sou “observadora a tempo inteiro”, “mais de bastidores do que de palcos” e "facilmente me perco nos trilhos do meu mundo!”. E como costumo dizer: “gosto de me dar com todos, sem me envolver com ninguém!”. Positivo ou negativo? Não sei. Simplesmente sou assim!

No entanto, e por ser muito observadora, e por ser muito do “sentir”, sei reconhecer aqueles que se encaixam no meu conceito de “boas pessoas”, aquelas pessoas para quem olho e penso: deve ser bom ser amiga dele/a. E como o meu coração é espaçoso, está sempre em condições de receber novos inquilinos… Sê bem-vindo!

Com amizade,
Liliana.

Decoramos o discurso sobre a Paz e a Não-Violência mas não aprendemos a ser a Paz e a Não-Violência.

Foto by Rafael Peixoto     

Por que continuam as pessoas a viver em permanente agitação e a ser violentas consigo mesmo, com os outros e com a natureza? Qual a origem da discrepância entre o que dizem, o que conseguem ser e o que colocam em prática?

A verdade é que somos educados com base numa orientação assente no paradigma newtaniano-cartesiano, que coloca a ênfase sobretudo na razão e numa lógica mutuamente exclusiva, isto é, nada é verdadeiramente digno de consideração, a não ser que quantificável e analisável pelo Pensamento e pela Lógica de que A é necessariamente diferente de B.

Foi com base neste paradigma que construímos um mundo interno e externo fragmentado e mutuamente exclusivo.

Vejamos:

Ao nível externo, este paradigma trouxe-nos uma sociedade com um modelo competitivo e exclusivo, “só posso ganhar, se tu perderes”, “só posso ter lucro, se tu tiveres prejuízo”, “só posso ser rico, se tu fores pobre” e desenvolveu um sistema de ensino assente sobretudo no pensamento, na passagem discursiva de informação.

Ao nível interno, trouxe-nos um ser humano desarmonioso, pois é fruto de uma visão fragmentada do ser, que apenas considera a função razão, a aquisição da informação e do saber técnico e se esquece de educar as outras funções psíquicas que, tal como definido por Yung, são o Sentimento, a Sensação e a Intuição. Temos um sistema de ensino que promove doutorados, que permanecem, inúmeras vezes, no bê-á-bá da capacidade de lidar com as emoções pessoais e as dos outros e no jardim-de-infância das suas capacidades intuitiva e sensitiva.

Decoramos o discurso sobre a Paz e a Não-Violência mas não aprendemos a ser a Paz e a Não-Violência.

Como esticar o tempo?

Harold Lloyd's 'Safety Last'
Fonte: Revista  obvious

Antes de me perguntar: como posso esticar o tempo? – tarefa titânica reservada aos deuses do Olimpo -, devo questionar-me sobre quais as prioridades da minha vida, qual o sentido das minhas ações ou, de forma mais tecnocrática, como gerir melhor o meu tempo? 

Não sendo capaz de responder a todas as solicitações devo, de entre o universo das possíveis, escolher aquelas que mais poderão contribuir para a minha alegria de viver, para a minha realização pessoal.

Mas este EU tem que ser utilizado com parcimónia, sob a pena de se confundir com egoísmo e, neste caso, voltaremos a ter mais do mesmo, ou seja, uma existência cheia de coisa nenhuma, balofa, pouco útil e sem sentido gregário…

Nudez

Tomar consciência de nós próprios (conhecer as nossas qualidades, defeitos, potencialidades, medos, sentimentos, …) é o processo mais importante e útil da nossa vida.

Autoconhecermo-nos e sentirmo-nos à vontade connosco próprios é condição necessária para nos relacionarmos com os outros. E "estar com o outro" em pleno exige a capacidade de nos despirmos por dentro - a mais bela e premente das nudezes!

Porque será que é cada vez mais difícil ter a coragem da dádiva e da entrega por completo?


Encomendas: mafaldaliliana.encomendas@gmail.com

Frase do dia:"A tristeza não tem fim, a felicidade sim." [19]


Como diria o imortal Tom Jobim: A felicidade é como uma gota de orvalho numa pétala de flor, brilha tranquila, depois de leve, oscila e cai, como uma lágrima de amor (…). A felicidade é como uma pluma que o vento vai levando pelo ar, voa tão leve, mas tem a vida breve: precisa que haja vento sem parar. A minha felicidade está sonhando (…), e como esta noite, passando, passando, em busca da madrugada... A tristeza não tem fim, a felicidade sim...". 



Só nos resta passar a maior parte do tempo possível a usufruir, saborear e planear novas sensações de felicidade...!

Frase do dia: "Conversation is food for the soul." [18]

Educados para reprimir emoções?


Uma visão da natureza humana que ignore o poder das emoções é tristemente míope. Basta pensarmos na etimologia da palavra "emoção", que vem do latim motore = mover; com o prefixo "e-" fica "mover para", o que demonstra que as emoções são impulsos importantes para atuar e encarar a vida.

Sem perceber muito bem porquê, sinto que somos educados para reprimir as emoções. Quem nunca ouviu expressões do género: "Não dês parte de fraco/a"; "Não respondas, ignora", "Pareces um/a pinga-amor", "Para de chorar, parece mal", "Sê amável, não te irrites", "Deixa-te disso...fica muito lamechas", "Não demonstres o que estás a sentir"... Parece que algo, ou alguém, nos convenceu de que, quanto mais racionais, melhores pessoas.

Na verdade, cada um é como é… E eu, eu irrito-me e sinto raiva – os meus ansiolíticos de eleição. Muitas vezes, “engulo as palavras, tusso para respirar, mas se o nó na garganta apertar… digo tudo! E desnudo a alma”. Eu choro – porque chorar é para mim uma catarse, um expelir de sentimentos em turbilhão… Eu fico triste – porque a tristeza só há de passa se eu me permitir entristecer. Eu demonstro que gosto, quando gosto muito – porque é bom cuidar de quem se ama, porque é bom não perder a oportunidade de dizer que se ama. Eu sinto medos – são as inquietações que me dão vida. Eu preciso do silêncio – só ele me permite autoconhecer, refletir, recordar, reviver... Eu rio à gargalhada – por vezes sabe tão bem exibir a minha felicidade! Eu sinto indiferença – porque sou humana. Eu gosto de dar e receber gestos carinhosos – afinal, a ciência diz-nos que abraçar, beijar, tocar, retarda o envelhecimento, protege a saúde e, acima de tudo, alivia a dor!...

Partilho da opinião de Eduardo Sá: quanto mais reprimimos as emoções, menos hábeis nos tornamos para as palavras… Sentimos tudo e todos, somos muito intuitivos, mas deixamos de conseguir verbalizar o que sentimos… e é assim que a nossa alma adoece. 

Banda Sonora do Dia: Muse In Concert Live from the BBC Radio Theatre in London

Se pedirem a minha opinião (que vale o que vale!) quanto àquela que considero ser a melhor banda de palco da atualidade, esta é a minha resposta: MUSE!
Adorei o alinhamento deste concerto mais "intimista", no passado dia 31 de Outubro de 2012.



Alinhamento: 

00:00:30 - Supremacy (Novo álbum) - a minha favorita!
00:05:34 - Interlude + Hysteria
00:10:30 - Panic Station (Novo álbum)
00:13:38 - Supermassive Black Hole
00:17:05 - Follow Me (Novo álbum)
00:22:05 - Animals (Novo álbum)
00:26:40 - Undisclosed Desires
00:30:47 - Explorers (Novo álbum)
00:37:06 - Falling Down
00:41:15 - Madness (Novo álbum)
00:46:09 - Time Is Running Out
00:50:46 - Starlight
00:55:12 - Uprising

Frase do Dia: "As palavras detêm força e poder. " [17]

Podem até magoar mas também podem curar...
Ninguém consegue estar sempre controlado – e se calhar nem deve. As emoções negativas e a irritação têm o seu lado saudável (são o melhor ansiolítico!). A forma como lidamos com elas - sem desrespeito nem violência, sem fazer coisas de que nos arrependamos a seguir, ... - é que deve ser cultivada.

Encomendas: mafaldaliliana.encomendas@gmail.com

Quis o acaso




Quis o acaso que viesses bater à minha porta.
Não costumo fazê-lo sem convidar, mas deixei-te entrar…
Foi então que:
O teu olhar desarrumou o meu mundo;
O teu pensar desorientou o meu rumo;
O teu ser acordou o meu ser.

Sinto-me a flutuar no caos.
Sim, eu.
A esposa da razão.
A amante do silêncio.
A amiga da solidão.
Eu que sempre gostei de conduzir.
O carro. O ritmo. A ordem. O destino.

Apareceste e tomaste de assalto o meu refúgio.
Há quanto tempo não sei precisar.
Pois nem dele tenho mais noção.
Só sei…
Só sei que tudo em ti é original demais, que a tua alma é delicada, intensa e infinita.
E que agora te quero.
E que agora te necessito.
Estarei eu a amar?
Não sei, mas convido-te a ficar! 

Give me please five minutes of everything

De ti e contigo preciso de 5 minutos de tudo...
 De tudo o que me faz amar-te. De tudo o que me faz desejar-te. 
De tudo o que me faz sentir viva. 
De tudo o que me faz sentir-te parte de mim...

"Give me please five minutes of everything."
Texto: Butterflies & Hurricanes


The Gift: Five minutes of everything

Sugestão do dia: Agenda 2013

Ilustrações e Design: Mafalda Gomes Mafalda Illustration
Textos: Liliana Fernandes Butterflies & Hurricanes
Todos os direitos reservados
Encomendas: mafaldaliliana.encomendas@gmail.com

Saudade...Maior que o corpo que a envolve, maior que a alma que a embala.



Há 3 anos perdi uma pessoa muito especial, que amava (amo) profundamente. 
Com a minha dor, aprendi que se nos negarmos a fazer o luto sofremos ainda mais ... porque nos agarramos a uma situação que não existe mais e por isso “ficamos” impedidos de reconstruir a vida. Sim, porque a perda é como um limite entre a vida que possuíamos antes e uma nova, diferente, sem o nosso objeto de amor perdido.

E como é que se faz quando a pessoa de quem se precisa já lá não está? Sim, como se faz?

"É preciso aguentar. É preciso paciência. A tristeza só há de passar entristecendo-se. Quem procura evitar o luto prolonga-o no tempo. Quanto mais conseguimos fugir, mais temos, mais tarde, de enfrentar. Fica tudo à nossa espera. Acumula-se-nos tudo na alma, fica tudo desarrumado…"

O processo de luto não se trata de um único sentimento, mas de um conjunto de sentimentos que necessitam de algum tempo para serem resolvidos e que não devem ser apressados. Apesar de sermos todos diferentes, a forma como todos nós experienciamos o luto é muito semelhante.

AS FASES DO PROCESSO
(Fonte: Aconselhamento Psicológico - Faculdade de Ciências e Tecnologias da Universidade Nova de Lisboa)

Torpor

Nas horas e dias seguintes à morte desse outro importante, a maioria das pessoas passa por uma fase de descrença, ficando totalmente "atordoadas", como se não pudessem acreditar no acontecido. Mesmo quando a morte era esperada, este sentimento pode surgir. Este sentimento de torpor ou dormência emocional pode ajudar a levar a cabo todos aqueles procedimentos burocráticos inerentes a este processo, mas pode tornar-se num problema se continuar a subsistir. Ver o corpo da pessoa falecida pode, para alguns, ser um modo importante de começar a ultrapassar tudo isto. Da mesma forma, para algumas pessoas, o velório e o enterro podem ser situações onde a realidade começa a ser encarada. Apesar de ser difícil lidar com estas situações, o facto é que elas constituem um modo de dizer adeus àqueles que amamos. Na altura, estes acontecimentos podem parecer demasiado dolorosos para que sejam vividos, mas o facto é que fugir aos mesmos pode levar a um arrependimento tardio.

Agitação, Revolta, Culpa

Depois da fase de "torpor", poderá surgir um período de grande agitação, ansiedade e ânsia pelo que foi perdido. Surge o sentimento de querer encontrar essa pessoa seja de que maneira for, mesmo que tal seja impossível. Por isto, a pessoa começa a não conseguir relaxar ou concentrar-se e o sono pode ser perturbado.
É o início do luto, apego ao que se perdeu e uma tentativa de manter consigo, algumas vezes chega até a ver ou ouvir a pessoa perdida. Aqui muitas coisas perdem o sentido, e até as tarefas mais simples são difíceis demais de serem realizadas. É a fase de maior sofrimento.
Com muita frequência, a pessoa em luto sente-se muito zangada e revoltada - contra médicos e enfermeiros que não conseguiram impedir a morte que agora lhe pesa, contra os amigos e familiares que nunca deram o seu máximo ou mesmo contra a pessoa que perdeu e assim a deixou.
Outro sentimento comum é o sentimento de culpa. Nesta altura, começam a pensar em tudo aquilo que podiam ter feito ou dito e que já não tem retorno ou mesmo naquilo que podiam ter feito para impedir essa morte. Naturalmente que a morte é geralmente um acontecimento que está para além do controlo seja de quem for e a pessoa em luto deve ser recordada disto mesmo. A culpa também pode surgir depois de se sentir alívio pela morte de alguém que nos era muito querido mas que sabíamos estar a sofrer. Este sentimento é normal, compreensível e muito comum.

Tristeza, depressão, retiro, silêncio

O estado de agitação referido atrás é geralmente mais forte nas duas semanas que se seguem à morte do ente querido, mas segue-se rapidamente de períodos de grande tristeza e depressão, retiro e silêncio. Esta mudança súbita de emoções pode deixar amigos e familiares confusos, mas faz parte do processo natural de luto.
Apesar da agitação começar a cessar, os períodos de depressão tornam-se mais frequentes e atingem o seu máximo passadas quatro a seis semanas do sucedido. Crises de choro e angústia intensa podem surgir a qualquer momento, sendo habitualmente despoletadas por pessoas, sítios ou acontecimentos que fazem lembrar quem se perdeu. Algumas pessoas podem não conseguir perceber estas crises ou ficar sem saber o que fazer quando isto sucede. Poderá haver uma tendência da parte da pessoa em luto para evitar as outras pessoas mas isto pode trazer problemas futuros e, por isso, será melhor que volte à sua "vida normal" o mais rapidamente possível. Durante este período, pode parecer estranho aos outros que a pessoa em luto passe muito tempo sentada, sem fazer nada, mas o facto é que ela estará a pensar em quem perdeu, recordando constantemente os bons e os maus períodos que passaram juntos. Esta é uma fase silenciosa mas essencial à resolução do luto.

O sentimento de perda desaparece?

À medida que o tempo passa, a angústia intensa resultante do luto começa a desaparecer. A depressão atenua-se e será possível finalmente começar a pensar noutros assuntos e até em projetos para o futuro. No entanto, o sentimento de perda nunca desaparecerá por completo. Depois de algum tempo, deve ser possível sentir-se de novo "completo", apesar de faltar sempre uma parte de si que nunca será substituída.


Ainda hoje, a saudade “assalta-me” e dói. E é uma saudade maior que o corpo que a envolve, maior que a alma que a embala…Mas não me obrigo a esquecer, até porque nada se esquece… Deixo é o meu "coração correr de lembrança em lembrança" até ele se acalmar...