– Penso – disse meu pai – que te darás melhor
em Letras.
Decerto, decerto: eu nunca tivera saúde, a
vida de professor era tranquila. Porque eu sonhara sempre, talvez por isso, com
uma farda militar e uma vida romanesca.
Meu pai corrigiu:
– Não é só isso. Há muitas razões.
Sim. Havia o meu interesse pelas leituras, a
invenção do indizível e o meu verso clandestino que a cantava. Havia a minha
dedicação pela velha tia Dulce e pelo seu álbum, de que depois falarei.
Havia
enfim, desde a infância, essa velha pergunta sobre a descoberta de nós próprios
e que eu também fizera um dia a meu pai:
– Quem sou eu?
Vergílio Ferreira, in Aparição
No processo de tomada de decisões
vocacionais os pais deveriam apoiar os seus filhos e tentar nutrir um ambiente
que lhes permitisse explorarem-se a si mesmos e ao mundo ao seu redor, no sentido
de uma implementação mais adequada no futuro campo de estudos e/ou profissional
que venham a seguir.
Muitas vezes, as dúvidas que
demonstram (que são a maior prova da sua necessidade de assumir
responsabilidades) levam alguns pais a procurarem ajuda de um profissional de
orientação vocacional e a questionarem-se: “Como sei que esse ou aquele
profissional é bom?”.
Um bom profissional da área deve,
acima de tudo, esforçar-se por conhecer o jovem em dúvida. Para tal, deve,
antes de mais, saber escutar com atenção. Além disso, existem inúmeros métodos
e testes que permitem avaliar características como: maturidade, aptidões, interesses, valores,
traços de personalidade, …
Por outro lado, deve saber,
também, se o jovem possui capacidades de pesquisa e investigação – isto é, se
sabe onde e como procurar informação sobre o que quer e se sabe organizar essa mesma informação para posteriormente a aplicar.
Por fim, o profissional
competente deve saber esclarecer as dúvidas que surjam, tanto pelo adolescente
em “busca de sentido”, como pela família, que o quer apoiar.
Mais importante, é permitir aos adolescentes analisarem o
seu perfil, os vários ambientes à sua volta, ajudá-los a explorar os diferentes
campos da vida e permitir que sejam eles a tomarem as suas decisões, pois
somente através da decisão é que as pessoas se tornam capazes de viver as suas
vidas com plenitude, consciência e responsabilidade.
Deixo-vos com o interessante testemunho de uma amiga e colega de profissão:
"Um dos aspetos a que dou muita relevância no processo de Orientação Vocacional é o suporte parental. Neste sentido, desafio muitas vezes os alunos, que estão a frequentar as sessões de Orientação Escolar e Profissional, a envolverem os pais na definição do seu projeto vocacional, isto porque considero que este projeto não é exclusivamente individual, mas sim familiar.
Assim, interpelo os alunos a recolherem conjuntamente com os pais informação sobre os vários tipos de cursos e profissões, a esclarecerem com os pais conhecimentos sobre o mundo do trabalho e a contactar com a realidade profissional, (...) envolverem os pais no processo de exploração das suas características pessoais, como os seus interesses, as suas capacidades e os seus valores, (...) discutirem com os pais os cenários possíveis para o seu futuro e a analisar cuidadosamente os diversos aspetos favoráveis e desfavoráveis implicados na tomada de decisão vocacional.
Quanto mais realistas forem os cenários imaginados mais facilmente os alunos conseguirão fazer um planeamento adequado e definir os diferentes passos que terão de empreender para alcançar os objetivos definidos."
Deixo-vos com o interessante testemunho de uma amiga e colega de profissão:
"Um dos aspetos a que dou muita relevância no processo de Orientação Vocacional é o suporte parental. Neste sentido, desafio muitas vezes os alunos, que estão a frequentar as sessões de Orientação Escolar e Profissional, a envolverem os pais na definição do seu projeto vocacional, isto porque considero que este projeto não é exclusivamente individual, mas sim familiar.
Assim, interpelo os alunos a recolherem conjuntamente com os pais informação sobre os vários tipos de cursos e profissões, a esclarecerem com os pais conhecimentos sobre o mundo do trabalho e a contactar com a realidade profissional, (...) envolverem os pais no processo de exploração das suas características pessoais, como os seus interesses, as suas capacidades e os seus valores, (...) discutirem com os pais os cenários possíveis para o seu futuro e a analisar cuidadosamente os diversos aspetos favoráveis e desfavoráveis implicados na tomada de decisão vocacional.
Quanto mais realistas forem os cenários imaginados mais facilmente os alunos conseguirão fazer um planeamento adequado e definir os diferentes passos que terão de empreender para alcançar os objetivos definidos."
Natalina Araújo
Psicóloga - EB2,3/S Monte da Ola e EB2,3 Carteado Mena
“Tomar consciência de si mesmo é o processo mais importante na vida de uma pessoa.” (Allport)
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