De todos os relacionamentos que
temos, são os nossos amigos que revelam mais claramente o tipo de pessoa que
somos.
Se quisermos compreender alguém basta-nos olhar para o seu
círculo de amigos, o qual nos dirá quais são os seus valores e as suas prioridades
– afinal, tal como é muitas vezes demonstrado, o semelhante atrai o semelhante.
O homem é um ser sociável, não nasceu para viver só. A família,
lugar onde acontecem os primeiros relacionamentos, não se escolhe, nessa o
indivíduo nasce, é criado, e forma os primeiros vínculos afetivos. Mas a
amizade é possível selecionar.
Amizade é um sentimento de lealdade, confiança e amor, muito
importante na vida. Lealdade essa, expressa através de manifestações de carinho
como abraços, telefonemas, beijos, …Um sentimento que não depende da faixa
etária, status, …, ou seja, a amizade é o encontro entre duas pessoas que
decidem colocar-se no mesmo plano, onde não há diferenças, ninguém é superior
ou inferior.
A amizade nasce
espontaneamente, desenvolvendo-se gradativamente, caracteriza-se por uma grande
afinidade baseada no respeito, no carinho, na ternura, na compreensão e na
troca. E as boas amizades são aquelas que nos ajudam a aperfeiçoar o nosso
carácter moral, estimulam o nosso autodesenvolvimento e enriquecem a nossa vida
interior.
Confúcio afirmou: ”Beneficia
aquele que faz amizade com três tipos de pessoas. Da mesma forma, tem prejuízo
aquele que faz amizade com outros três tipos de pessoas. Travar amizade com
aqueles que são corretos, dignos de confiança e bem informados é ter
benefícios. Travar amizades com aqueles que são insinuantes, de modos gentis e
de discurso plausível é ter prejuízo”.
BONS AMIGOS
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MAUS AMIGOS
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Amigos Corretos. O amigo correto é sincero, tem uma espécie de abertura gentil e
bondosa que nos envolve, sem o menor traço de bajulação. O seu carácter terá
uma boa influência sobre o nosso próprio carácter. Dá-nos coragem quando nos
sentimos tímidos, e infunde-nos uma atitude decidida e resoluta quando
estamos hesitantes.
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Amigos Bajuladores e Aduladores – Lisonjeadores sem Pudor. É frequente encontrarmos este tipo de pessoas na
nossa vida. Não importa o que dissermos, eles dirão sempre: ”Isso é absolutamente
brilhante”; façamos o que fizermos, o seu comentário será invariavelmente
este: “Isso é admirável”. Nunca nos dirão que não. Pelo contrário,
seguir-nos-ão com subserviência e ajustarão as suas palavras às nossas,
lisonjear-nos-ão com os seus elogios.
Este tipo de amigo
tem um grande talento para pesar as nossas palavras e avaliar as nossas
expressões. Ajusta os seus comportamentos ao nosso gosto, tendo muito cuidado
para não fazer nada que sinta que nos poderá desagradar.
É exatamente o
oposto do amigo correto. O seu objetivo é fazer-nos felizes, mas apenas com o
intuito de tirarem alguma vantagem de nós.
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Amigos Leais e Confiáveis. Este amigo é sincero na sua forma de se relacionar
com os outros e nunca é falso. O relacionamento com este tipo de amigo
faz-nos sentir calmos, centrados e seguros, ele eleva o nosso estado de
espírito.
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Amigos de modos gentis, ou aqueles que têm duas caras. Ele é todo sorrisos e doçuras à nossa frente,
radioso enquanto elogia e bajula; “um homem de palavras hábeis e de rosto
insinuante!”. Mas nas nossas costas espalhará rumores e boatos maliciosos.
Este tipo de
pessoa é falsa e hipócrita, o oposto da franqueza e da honestidade do amigo
leal e digno de confiança.
Este tipo de
pessoas são as verdadeiras “pessoas mesquinhas”.
No entanto, estas
pessoas usam muitas vezes uma máscara de bondade. Pelo facto de terem um motivo
dissimulado aparentam ser muito nossas amigas; podem ser dez vezes mais
simpáticas connosco do que alguém sem segundas intenções. Por isso, se não
tivermos cuidado e nos deixarmos manipular por uma pessoa destas,
descobriremos que nos metemos a nós próprios numa armadilha. Isto constitui
um teste ao nosso discernimento e à nossa compreensão das pessoas e do que se
passa à nossa volta.
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Amigos bem Informados. Este tipo de amigo possui um conhecimento muito
vasto sobre muitos assuntos.
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Amigos que têm um discurso plausível. Pessoas que se
gabam a si próprias e que exageram. Normalmente as pessoas chamam-lhes “fala-baratos”.
Não há nada que
este tipo de pessoas não saibam e nenhum raciocínio que não compreendam. Falam
sem parar, levando-nos atrás do seu entusiasmo até ao ponto em que não
podemos deixar de acreditar nelas. Mas a verdade é que, para além da sua
loquacidade, não têm mais nada.
Existe uma clara
diferença entre este tipo de pessoa e a pessoa “bem informada” e essa
diferença é que a pessoa de “discurso plausível” nem tem qualquer talento ou
conhecimento real. Uma pessoa que tem um discurso plausível tem uma língua
astuciosa, mas não tem o correspondente conteúdo interior
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Fonte: “Os
ensinamentos de Confúcio”
Se quisermos fazer bons amigos e evitar fazer maus amigos
precisamos de duas coisas: a primeira é o desejo de fazer bons amigos e a
segunda é a habilidade para os fazer...
Aqui fica a “lição” dada pela raposa ao Principezinho no livro: “ O Principezinho”, de Antoine de Saint-Exupéry.
“ – Anda brincar comigo – pediu-lhe o principezinho – Estou tão
triste…
– Não posso ir brincar contigo – disse a raposa. – Ainda
ninguém me cativou …
– Ah! Então desculpa! –
disse o principezinho.
Mas pôs-se a pensar, a pensar, e acabou por perguntar:
– "Cativar” quer dizer o quê?
– É uma coisa que toda a gente se esqueceu – disse a raposa. – Quer dizer
criar laços…
– Criar laços”?
– Sim, laços – disse a raposa. – Ora vê; por enquanto tu não
és para mim senão um rapazinho perfeitamente igual a cem mil outros rapazinhos.
E eu não preciso de ti. E tu também não precisas de mim. Por enquanto eu não
sou para ti senão uma raposa igual a cem mil outras raposas. Mas, se tu me
cativares, passamos a precisar um do outro. Passas a ser único no mundo para
mim. E eu também passo a ser única no mundo para ti…
– (...) se tu me cativares, a minha vida fica cheia de sol. Fico
a conhecer uns passos diferentes de todos os outros passos. Os outros passos
fazem-me fugir para debaixo da terra. Os teus hão de chamar-me para fora da
toca, como uma música.
E depois, repara! Estás a ver aqueles campos de trigo
ali adiante? Eu não gosto de pão e, por isso, o trigo não me serve para nada. Os
campos de trigo não me fazem lembrar nada. E é uma triste coisa! Mas os teus
cabelos são da cor do ouro. Então, quando tu me tiveres cativado, vai ser
maravilhoso! O trigo é dourado e vai fazer com que me lembre de ti. E hei de
gostar do som do vento a bater no trigo…
A raposa calou-se e ficou a olhar para o principezinho
durante muito tempo.
– Por favor…cativa-me! – acabou finalmente por pedir.
– Eu bem gostava – respondeu o principezinho -, mas não tenho
muito tempo. Tenho amigos para descobrir e muitas coisas para compreender.
– Só compreendemos o que cativamos – disse a raposa. – Os homens
deixaram de ter tempo para compreender o que quer que seja. Compram as coisas
já prontas nas lojas. Contudo, não há nenhuma loja onde possa comprar-se
amizade e, portanto, os homens deixaram de ter amigos. Se queres um amigo,
cativa-me…
– E tenho de fazer o quê? – perguntou o principezinho.
– Tens de ter muita paciência – respondeu a raposa. –
Primeiro, sentas-te longe de mim…assim…na relva. Eu olho para ti pelo canto do
olho e tu não dizes nada. As palavras são uma fonte de mal-entendidos. Mas podes
sentar-te cada dia um bocadinho mais perto…"
Antoine de Saint
Exupéry – O Principezinho