Sim, como se faz?
"Como é que se faz quando a pessoa
de quem se precisa já lá não está?
Sim, Como se faz? Como se
esquece?
Devagar…
É preciso aguentar. É preciso
paciência.
A tristeza só há de passar
entristecendo-se. Não se pode esquecer alguém antes de terminar de lembrá-lo. Quem
procura evitar o luto, prolonga-o no tempo.
A saudade é uma dor que pode
passar (ou melhor, tornar-se mais serena) depois de devidamente doída,
devidamente sentida. E o primeiro passo é aceitá-la.
É preciso aceitar esta dor que
nos despedaça o coração. É preciso aceitar o amor e a morte, a separação e a tristeza,
a falta de lógica, a falta de justiça, a falta de solução…
Dizem-nos para ocupar a cabeça, para trabalhar mais, para distrair a vista, para nos divertirmos mais, mas quanto mais conseguimos fugir, mais temos, mais tarde, de enfrentar. Fica tudo à nossa espera. Acumula-se-nos tudo na alma, fica tudo desarrumado…"
Dizem-nos para ocupar a cabeça, para trabalhar mais, para distrair a vista, para nos divertirmos mais, mas quanto mais conseguimos fugir, mais temos, mais tarde, de enfrentar. Fica tudo à nossa espera. Acumula-se-nos tudo na alma, fica tudo desarrumado…"
Nada se esquece. O que é preciso é
deixar correr o coração de lembrança em lembrança até ele se acalmar.
E, um dia, as lembranças deixam
de nos magoar… Confortam-nos.
Adaptação de texto de Miguel Esteves Cardoso
Inocente maroteira!...
Depois das causas sociais e
económicas, uma das razões que levam ao mau trato das crianças é a crença entre
os adultos de que algumas delas são más realmente. Más por dentro e não apenas
capazes de se comportarem mal em certas situações!...
É errado interpretar os
comportamentos da criança de um ponto de vista da lógica do adulto. E acredite
que esta tendência existe em muitos pais, professores e talvez mesmo nalguns
psicólogos. Além de, em geral, ser errado de um ponto de vista científico
pensar que as crianças são adultos em ponto pequeno, tal crença tem
consequências pedagógicas funestas. Uma delas é fazer-lhes exigências lógicas,
sociais, ou morais para as quais não estão preparadas. O trabalho infantil é
talvez a forma mais condenável da mentalidade adulta aplicada à criança. Outra,
de consequências também muito negativas, é pensar que ela é má, quando se trata
de inocência ou de saudável maroteira.
Se pensarmos que a criança é má, será
inevitável a tendência para tratarmos mal. Física e psicologicamente. Se pensarmos
em vez disso que é apenas marota e inocente, então a tendência é para falar com
ela. Para lhe explicar, por exemplo, o que é certo ou errado.
Não se esqueçam: quando muito a
criança é marota. Ou seja, é ingénua na sua “maldade”, não procurando, por
isso, esconder as suas maroteiras.
Einstein dizia que a natureza
física é subtil, não maliciosa. Mas se alguém é subtil e não malicioso, as
crianças são o candidato mais sério a ocuparem o primeiro lugar.
Olho para o meu sobrinho e penso:
Más as
crianças?!...Nem pensar. Quando muito, são marotas!...
E nisso têm muita graça.
MUITA GRAÇA.
Levante-se e vá caminhar!
CURIOSIDADE: a
ciência diz-nos que um passeio no parque melhora a nossa memória e que um
passeio, seja lá onde for, melhora o humor depressivo.
Investigadores canadianos e norte-americanos
demonstraram, recentemente, que um passeio
de uma hora num parque tem como
resultado uma melhoria de 20% nas
competências de atenção e memória – extremamente útil quando sentimos
necessidade de libertar recursos intelectuais para um trabalho cansativo, ou
precisamos de aumentar rapidamente a capacidade criativa para resolver um
problema.
Porquê apenas se for no meio da
natureza? Uma hipótese explicativa é de que a calma exterior permite
que os nossos processos internos fiquem mais livres, menos assoberbados de informação
exterior, mais libertos para serem direcionados para onde for preciso.
O bónus desta descoberta é que passear é gratuito e
acessível à larga maioria das pessoas! Além disso, para nós neste cantinho sul
da Europa, entre o bom tempo e as nossas belíssimas paisagens, não nos podemos
queixar de falta de oportunidade...
Entretanto, os investigadores resolveram ver se o humor depressivo também
melhorava com um passeio; uma vez que a depressão se caracteriza por uma
atenção que fica presa no interior de pensamentos ruminativos de natureza
negativista, talvez a melhoria nos processos de atenção ajudasse a descentrá-la
dos processos interiores para um exterior calmante e tranquilo. Além disso, tem vindo a ser repetidamente demonstrado que mexermo-nos, provocando
a ativação cardiovascular de uma forma regular, é um poderoso ansiolítico e
antidepressivo. E de facto, de acordo com este novo estudo, passear alivia a
sintomatologia depressiva, mas os resultados são os mesmos quer o passeio seja
num cenário bucólico ou no meio da confusão.
Por isso, se anda em baixo, tem expectativas negativas a respeito de si, dos
outros e da vida, por favor, levante-se e vá caminhar! De preferência num
parque perto de si mas, se não puder, passeie em qualquer sítio!
(Fonte: Oficina da Psicologia)
Boas Notícias para uma fã confessa de caminhadas!
Quanto ao principal cenário das minhas caminhadas...
@ Salvaterra do Minho/Galiza & Monção
Dia Internacional da Família
A FAMÍLIA NA ADOLESCÊNCIA
"Relações com uma vinculação segura entre pais e filhos não representam um obstáculo para as tarefas de desenvolvimento da adolescência (autonomia e independência), pelo contrário, este processo é facilitado com a proximidade emocional e a segurança transmitidas pela família".-- Butterflies & Hurricanes
***
A adolescência é, talvez, a fase com maior desenvolvimento humano, onde os esforços para confrontar e superar os desafios visam estabelecer de entre outros aspetos a identidade individual e social e desenvolver sentimentos de autonomia.
Os contextos sociais e
interpessoais, em que o adolescente se encontra inserido, podem, por um lado,
promover um desenvolvimento normal e adaptativo e, por outro, desencadear problemas de ajustamento com consequências negativas que, dalgum modo, podem
comprometer a saúde do sujeito em questão.
Papel da família
A família é o ambiente social
básico do adolescente. Apresenta-se como uma forte fonte de adaptação ou, pelo
contrário, de desadaptação, dependendo da qualidade das relações entre os seus
membros.
As relações positivas na família,
assim como o suporte emocional e social dos pais, um estilo de disciplina parental construtivo e consistente, e a qualidade
dos laços familiares e das normas transmitidas, a modelação e a monitorização
parental, tendem a estar relacionados com maiores índices de bem-estar e de
ajustamento na adolescência. Nesse caso, a consequência será um menor envolvimento em comportamentos de
risco, tais como: consumo de substâncias ilícitas, comportamentos sexuais
de risco, conduta violenta e a procura de grupos de pares desviantes.
A aquisição de autonomia
revela-se como uma das tarefas de desenvolvimento mais importantes da
adolescência. No entanto, considera-se que o processo de crescimento
psicológico em direção a esta não implica a desvinculação da família.
Relações com uma vinculação
segura entre pais e filhos não representam um obstáculo para as tarefas de desenvolvimento
da adolescência (autonomia e independência), pelo contrário, este processo é
facilitado com a proximidade emocional e a segurança transmitidas pela família.
Seguem-se alguns dos fatores
importantes no comportamento adolescente, nomeadamente na prevenção de
comportamentos de risco: comunicação pais-filhos (apesar de sofrer alterações na adolescência, assume um papel
decisivo nomeadamente no ajustamento e no desenvolvimento de competências psicossociais); estilos educativos e as atitudes dos pais (são fatores importantes na gestão de conflitos e na
negociação); atividades conjuntas (devem ser escolhidas no sentido de serem agradáveis para
ambas as partes, podendo promover um melhor conhecimento mútuo, mais diálogo e
um fortalecimento da relação) e o envolvimento dos pais (este envolvimento carece de um equilíbrio entre a monitorização
parental e a promoção da autonomia do adolescente).
É fundamental que os pais
promovam uma separação positiva do adolescente mesmo se por vezes vivam a
separação do adolescente como uma perda e, como tal, com sentimentos de dor ou
mágoa. A adolescência é um desafio para o adolescente e para os pais, este tem
de aprender a lidar com as suas mudanças físicas, negociar a autonomia na
relação com os pais, gerir conflitos e desenvolver uma crescente intimidade na
relação com os pares.
O modo como pais e filhos vivem
as suas próprias mudanças e reações pode facilitar ou agravar as dificuldades
existentes. Assim, a forma como os pais gerem os conflitos a nível emocional e
comportamental, nomeadamente, com afeto, assertividade face às regras, normas e
valores e, essencialmente, com capacidade para ouvir, explicar e negociar, vai
influenciar toda esta etapa.
Bibliografia:
Matos et al (2003): A Saúde dos Adolescentes Portugueses - Quatro Anos Depois
Bibliografia:
Matos et al (2003): A Saúde dos Adolescentes Portugueses - Quatro Anos Depois
A criança que não queria falar
Recentemente, o meu amigo JC ofereceu-me este livro. Afirmou, perentoriamente, que eu iria gostar...Não se enganou (curioso como através de um presente conseguimos perceber se os outros nos conhecem...ou não... ou apenas assim, assim!!!)...
Por ter gostado, e por considerar que é um ótimo livro para colegas de profissão, professores, educadores, pais, ... Deixo a sugestão:
SINOPSE
“Esta é a história verídica e
comovente da relação entre uma professora que ensina crianças com dificuldades psicológicas
e emocionais e a sua aluna, Sheila, de seis anos, abandonada por uma mãe adolescente
e que até então apenas conheceu um mundo onde foi severamente maltratada e
abusada. Relatada pela própria professora, Torey Hayden, é uma história
inspiradora, que nos mostra que só uma fé inabalável e um amor sem condições
são capazes de chegar ao coração de uma criança aparentemente inacessível. Considerada
uma ameaça que nenhum pai nem professor querem por perto de outras crianças. Sheila dá entrada na sala de Torey, que costuma ficar com crianças que... não se integram noutro lugar. É o princípio de uma relação tocante, que irá gerar fortes laços entre ambas, e o início de uma batalha duramente travada para esta criança tão solitária poder desabrochar para uma vida nova de descobertas e alegria”.
PRÓLOGO
“(…) Interrogam-me muitas vezes sobre o meu trabalho. Talvez a pergunta mais
comum seja: “Não é frustrante?”(…)
Não.
Na verdade, não é. Trata-se simplesmente de crianças por vezes frustrantes,
como todas as crianças o são. Mas elas também são de uma extrema ternura e de
uma incrível perceção (…)
Algumas
destas crianças vivem com pesadelos tão medonhos nas suas cabeças, que cda
movimento fica imbuído de um terror desconhecido. Algumas vivem debaixo de uma
violência e perversidade impossíveis de expressar por palavras. Algumas vivem
sem a dignidade concedida aos animais. Algumas vivem sem amor. Algumas vivem
sem esperança. No entanto, aguentam. E, na sua maioria, aceitam, por
desconhecerem outro tipo de atitude.
Este
livro conta a história de uma só dessas crianças. Não foi escrito para
despertar piedade. Nem para elogiar o trabalho de uma professora. Nem tão pouco
deprimir aqueles que encontraram a paz na ignorância. Trata-se, em vez disso,
de uma resposta à pergunta sobre a frustração inerente ao trabalho psiquiátrico.
É um cântico à alma humana, porque esta
menina é como todas as minhas outras crianças. Como todos nós. É uma
sobrevivente”.
Obsessão Fatal
Os distúrbios alimentares afetam um número cada vez maior de crianças e adolescentes.
A Anorexia Nervosa, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), “é
uma doença que se caracteriza por uma perda deliberada de peso, induzida ou
mantida pelo(a) próprio(a) doente”. Por seu lado, a Bulimia é uma síndrome que se caracteriza por “episódios repetidos
de ingestão excessiva de alimentos e por uma preocupação quase obsessiva pelo
controlo do peso corporal, o que leva o(a) doente a adotar medidas extremas
para mitigar o aumento de peso produzido pela ingestão de comida”.
Juntas, estas duas doenças afetam mais de três por cento das mulheres em algum momento da sua vida. É preciso não se esquecer que a anorexia e a bulimia são dez vezes mais frequentes no sexo feminino do que no masculino (embora a sua incidência esteja a aumentar discretamente nos homens) e que afetam principalmente raparigas de idades compreendidas entre os 13 e os 23 anos.
Há dois tipos de anorexia nervosa: a restritiva e a purgativa. As anoréxicas restritivas, que mostram uma disciplina férrea, costumam deixar de comer de forma radical, perdendo peso até adoecerem. Em contrapartida, as anoréxicas purgativas, que são incapazes de manter o autocontrolo alimentar, recorrem a medidas absurdas, como os vómitos e os laxantes.
Ao contrário do que muitos imaginam, a anorexia não é um “disparate da adolescência”: é uma doença grave de foro psicológico; não é uma mania alimentar, como as manias das dietas. É, de facto, algo complicado, que tem a ver com complexos e outros fatores. É uma doença da adolescência que tem de ser encarada como grave.
Juntas, estas duas doenças afetam mais de três por cento das mulheres em algum momento da sua vida. É preciso não se esquecer que a anorexia e a bulimia são dez vezes mais frequentes no sexo feminino do que no masculino (embora a sua incidência esteja a aumentar discretamente nos homens) e que afetam principalmente raparigas de idades compreendidas entre os 13 e os 23 anos.
Há dois tipos de anorexia nervosa: a restritiva e a purgativa. As anoréxicas restritivas, que mostram uma disciplina férrea, costumam deixar de comer de forma radical, perdendo peso até adoecerem. Em contrapartida, as anoréxicas purgativas, que são incapazes de manter o autocontrolo alimentar, recorrem a medidas absurdas, como os vómitos e os laxantes.
As mesmas estratégias purgativas são usadas pelas pessoas com bulimia, que, presas a uma fome desmedida e voraz, se satisfazem com grandes ataques ao frigorífico de forma compulsiva.
Ao contrário do que muitos imaginam, a anorexia não é um “disparate da adolescência”: é uma doença grave de foro psicológico; não é uma mania alimentar, como as manias das dietas. É, de facto, algo complicado, que tem a ver com complexos e outros fatores. É uma doença da adolescência que tem de ser encarada como grave.
As consequências destas doenças
para o(a) próprio(a) e para os familiares são assustadoras. Para o(a) próprio(a),
a pior consequência da anorexia nervosa é a osteoporose. O longo período sem
funcionamento dos ovários, a desnutrição e o stresse fazem com que haja
osteoporose na quase totalidade dos casos, e há dúvidas quanto à sua possível
recuperação, a médio e a longo prazo. São traços que ficam para sempre, além de
todo o sofrimento. Na bulimia as piores consequências são gastrointestinais e
gastroesofágicas, e nos dentes.
Por outro lado, as famílias passam um período terrível. É quase como se fosse uma questão de toxicodependência. Gera-se um grande confronto com o(a) jovem que não quer comer, o que faz aparecer conflitos, os que já existiam e outros novos. É uma situação grave dentro da família.
Por outro lado, as famílias passam um período terrível. É quase como se fosse uma questão de toxicodependência. Gera-se um grande confronto com o(a) jovem que não quer comer, o que faz aparecer conflitos, os que já existiam e outros novos. É uma situação grave dentro da família.
Os sinais
da anorexia…
Para médicos experientes, o diagnóstico não é
difícil. As vítimas da doença apresentam alguns destes sinais e sintomas
comuns, embora nem todos os atinjam de igual modo
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e os da
bulimia
O comportamento bulímico pode manter-se escondido
durante meses (até anos), perante a ignorância de familiares e amigos. Eis alguns
dos sintomas que podem ocorrer
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SINTOMAS DO COMPORTAMENTO
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SINTOMAS DO COMPORTAMENTO
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SINTOMAS PSICOLÓGICOS E EMOCIONAIS
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SINTOMAS PSICOLÓGICOS E EMOCIONAIS
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SINTOMAS FÍSICOS
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SINTOMAS FÍSICOS
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10 Conselhos Para os Pais
Os pais podem ajudar os filhos a prevenir perturbações alimentares
- Analise de que modo o excesso de peso influenciou a atitude e opinião dos seus filhos face ao seu corpo e ao dos demais. Depois, informe-os sobre a natureza e os perigos de danos contra as várias constituições corporais;
- Examine detalhadamente os objetivos que marcou para os seus filhos. Nãos lhes transmita a falsa ideia de que o êxito está ligado à beleza e a um corpo estilizado;
- Informe-se e discuta com os seus filhos os riscos que implica emagrecer com regimes alimentares, os benefícios do exercício moderado e as virtudes da alimentação saudável e equilibrada;
- Faça desporto com fins saudáveis e não para emagrecer ou queimar o excesso de calorias;
- Não deixe de praticar atividades como a natação e a dança por medo de mostrar o corpo;
- Quando estabelece relações, não julgue as pessoas exclusivamente pelo seu aspeto físico;
- Faça os seus filhos entenderem de que forma a televisão, as revistas e outros meios de comunicação usam de forma interessada a imagem corporal;
- Informe os seus filhos sobre as várias formas de violência contra a mulher, incluindo o excesso de peso, e ensine-os a evitá-las;
- Nunca limite a ingestão de calorias aos seus filhos, salvo por prescrição médica;
- Nunca discrimine os seus filhos por questões de sexo, e ofereça a todos as mesmas oportunidades de estudo e lazer.
PARA SABER MAIS
- Madrugada de Lágrimas. Dulce Bouça. Dinter, 1997.
- Magros, Gordinhos e Assim, Assim. Isabel do Carmo. Dinter, 1997.
- Vivemos Livres Numa Prisão. Daniel Sampaio. Editorial Carminho, 1998.
O Amor
O AMOR, quando se revela,
Não se sabe revelar.
Sabe bem olhar p'ra ela,
Mas não lhe sabe falar.
Quem quer dizer o que sente
Não sabe o que há de dizer.
Fala: parece que mente...
Cala: parece esquecer...
Ah, mas se ela adivinhasse,
Se pudesse ouvir o olhar,
E se um olhar lhe bastasse
P´ra saber que a estão a amar!
Mas quem sente muito, cala;
Quem quer dizer quanto sente
Fica sem alma nem fala,
Fica só, inteiramente!
Mas se isto puder contar-lhe
O que não lhe ouso contar,
Já não terei que falar-lhe
Porque lhe estou a falar...
Fernando Pessoa
Na hora de escolher...
– Penso – disse meu pai – que te darás melhor
em Letras.
Decerto, decerto: eu nunca tivera saúde, a
vida de professor era tranquila. Porque eu sonhara sempre, talvez por isso, com
uma farda militar e uma vida romanesca.
Meu pai corrigiu:
– Não é só isso. Há muitas razões.
Sim. Havia o meu interesse pelas leituras, a
invenção do indizível e o meu verso clandestino que a cantava. Havia a minha
dedicação pela velha tia Dulce e pelo seu álbum, de que depois falarei.
Havia
enfim, desde a infância, essa velha pergunta sobre a descoberta de nós próprios
e que eu também fizera um dia a meu pai:
– Quem sou eu?
Vergílio Ferreira, in Aparição
No processo de tomada de decisões
vocacionais os pais deveriam apoiar os seus filhos e tentar nutrir um ambiente
que lhes permitisse explorarem-se a si mesmos e ao mundo ao seu redor, no sentido
de uma implementação mais adequada no futuro campo de estudos e/ou profissional
que venham a seguir.
Muitas vezes, as dúvidas que
demonstram (que são a maior prova da sua necessidade de assumir
responsabilidades) levam alguns pais a procurarem ajuda de um profissional de
orientação vocacional e a questionarem-se: “Como sei que esse ou aquele
profissional é bom?”.
Um bom profissional da área deve,
acima de tudo, esforçar-se por conhecer o jovem em dúvida. Para tal, deve,
antes de mais, saber escutar com atenção. Além disso, existem inúmeros métodos
e testes que permitem avaliar características como: maturidade, aptidões, interesses, valores,
traços de personalidade, …
Por outro lado, deve saber,
também, se o jovem possui capacidades de pesquisa e investigação – isto é, se
sabe onde e como procurar informação sobre o que quer e se sabe organizar essa mesma informação para posteriormente a aplicar.
Por fim, o profissional
competente deve saber esclarecer as dúvidas que surjam, tanto pelo adolescente
em “busca de sentido”, como pela família, que o quer apoiar.
Mais importante, é permitir aos adolescentes analisarem o
seu perfil, os vários ambientes à sua volta, ajudá-los a explorar os diferentes
campos da vida e permitir que sejam eles a tomarem as suas decisões, pois
somente através da decisão é que as pessoas se tornam capazes de viver as suas
vidas com plenitude, consciência e responsabilidade.
Deixo-vos com o interessante testemunho de uma amiga e colega de profissão:
"Um dos aspetos a que dou muita relevância no processo de Orientação Vocacional é o suporte parental. Neste sentido, desafio muitas vezes os alunos, que estão a frequentar as sessões de Orientação Escolar e Profissional, a envolverem os pais na definição do seu projeto vocacional, isto porque considero que este projeto não é exclusivamente individual, mas sim familiar.
Assim, interpelo os alunos a recolherem conjuntamente com os pais informação sobre os vários tipos de cursos e profissões, a esclarecerem com os pais conhecimentos sobre o mundo do trabalho e a contactar com a realidade profissional, (...) envolverem os pais no processo de exploração das suas características pessoais, como os seus interesses, as suas capacidades e os seus valores, (...) discutirem com os pais os cenários possíveis para o seu futuro e a analisar cuidadosamente os diversos aspetos favoráveis e desfavoráveis implicados na tomada de decisão vocacional.
Quanto mais realistas forem os cenários imaginados mais facilmente os alunos conseguirão fazer um planeamento adequado e definir os diferentes passos que terão de empreender para alcançar os objetivos definidos."
Deixo-vos com o interessante testemunho de uma amiga e colega de profissão:
"Um dos aspetos a que dou muita relevância no processo de Orientação Vocacional é o suporte parental. Neste sentido, desafio muitas vezes os alunos, que estão a frequentar as sessões de Orientação Escolar e Profissional, a envolverem os pais na definição do seu projeto vocacional, isto porque considero que este projeto não é exclusivamente individual, mas sim familiar.
Assim, interpelo os alunos a recolherem conjuntamente com os pais informação sobre os vários tipos de cursos e profissões, a esclarecerem com os pais conhecimentos sobre o mundo do trabalho e a contactar com a realidade profissional, (...) envolverem os pais no processo de exploração das suas características pessoais, como os seus interesses, as suas capacidades e os seus valores, (...) discutirem com os pais os cenários possíveis para o seu futuro e a analisar cuidadosamente os diversos aspetos favoráveis e desfavoráveis implicados na tomada de decisão vocacional.
Quanto mais realistas forem os cenários imaginados mais facilmente os alunos conseguirão fazer um planeamento adequado e definir os diferentes passos que terão de empreender para alcançar os objetivos definidos."
Natalina Araújo
Psicóloga - EB2,3/S Monte da Ola e EB2,3 Carteado Mena
“Tomar consciência de si mesmo é o processo mais importante na vida de uma pessoa.” (Allport)
MUDAR O COMPORTAMENTO. Já se interrogou porque é tão difícil alterar alguns dos seus comportamentos?
Deixar de fumar, fazer dieta e respeitar o código da estrada são apenas
alguns exemplos de comportamentos que, apesar de, em muitas circunstâncias,
colocarem em risco a nossa vida, muito dificilmente os conseguimos modificar.
PORQUÊ?
Basicamente porque na
generalidade dos casos o risco associado a um determinado comportamento (ou o
ganho associado a um outro comportamento alternativo) não é óbvio e imediato. Afinal
de contas, o cancro no pulmão derivado do consumo do tabaco ou os problemas
cardíacos originados pela obesidade só surgem após muitas décadas de consumo
inadequado ou excessivo. E os acidentes de viação com vítimas mortais são uma
pequena exceção, sendo a regra a viagem que decorre sem incidentes de maior (para
além disso, pensamos sistematicamente que os acidentes só acontecem aos
outros).
Apesar de muitas vezes ser difícil mudar o comportamento, certamente
que não é uma tarefa impossível e, em muitos casos, até é desejável que
ocorra essa mudança.
A informação sobre os malefícios
do tabaco e da obesidade é muito abundante. No entanto, o impacto dessa
informação sobre o comportamento dos fumadores ou dos obesos é limitada. Exceto
quando os indivíduos vivenciam direta ou indiretamente as consequências
nefastas desses comportamentos. No entanto, mesmo nestas situações as
alterações são momentâneas, pois os indivíduos muito rapidamente retornam aos
seus hábitos e estilos de vida anteriores.
Há dias, um colega contava-me que
chegou a fazer uma viagem de carrinha com mais cinco amigos por Portugal,
Espanha e França. A rir comentava que “tivemos a preocupação de passar sempre
os limites máximos de velocidade estabelecidos em cada um dos países”. Acontece
que no regresso cruzaram-se com dois grandes acidentes numa das autoestradas
mais movimentadas de França. Na sequência desses acidentes morreram no local 10
pessoas e em relação a muitas destas pessoas foi perfeitamente visível para o
meu colega, e seus companheiros de viagem, que elas estavam mortas. CONSEQUÊNCIA: durante cerca de 800 Km o
condutor andou sempre abaixo do limite máximo de velocidade, quer em França,
quer em Espanha. Depois de dois dias de descanso numa estância balnear
espanhola, a viagem prosseguiu ao ritmo inicial: a alteração de comportamento
tinha sido momentânea.
É por isso que as campanhas de prevenção rodoviária nos meios de
comunicação social possuem efeitos tão reduzidos: são apenas informação que
(como se diz na linguagem corrente) “entra a 100 e sai a 200”.
Por vezes são desenvolvidas campanhas de prevenção rodoviária que
conseguem pôr as pessoas a pensar e a conversar sobre o tema. Em Portugal
foi desenvolvida, há já algum tempo, uma campanha que consistia na visualização
de sobreviventes de acidentes de viação a desempenharem com extrema dificuldade
ações do quotidiano que, em circunstâncias normais, não colocam qualquer tipo
de dificuldade (como apertar um botão de uma camisa, por exemplo). Estavam
planeados vários spots publicitários, cada um deles com uma pessoa diferente a
apresentar o seu testemunho. Só o primeiro foi emitido na íntegra, pois alguém
decidiu o cancelamento da campanha.
No entanto, se a razão da
anulação da campanha foi o desconforto gerado pelo spot, esse mesmo desconforto
é que justificava a implementação integral da campanha que estava a alcançar o
seu objetivo – porque se as pessoas
conversavam sobre a campanha , era certamente porque as suas crenças eram
colocadas em causa, o que consequentemente punha em questão a sua atitude em
relação à condução e talvez mesmo o seu comportamento de condução.
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