Obrigada!


"OBRIGADO.                                                                  
                                                                                                       
(…) todas as palavras me parecem insuficientes…não ter palavras é muito melhor do que ter rios de palavras. Aquilo que não sei dizer, existe com muita força e, se tentasse encontrar-lhe nomes, estaria a diminuí-lo, a transformá-lo em qualquer coisa possível.
É essa a natureza da matéria que partilhamos, é essa a forma daquilo que nos juntou. Sem esse mistério, continuaríamos a seguir os nossos caminhos. Talvez a metros, talvez a quilómetros, talvez em hemisférios distintos, talvez em ruas paralelas, as nossas existências seriam indiferentes uma à outra. Não quero sequer imaginar a possibilidade desse mundo cinzento. Ainda bem que existem os livros, ainda bem que existe esta revista, ainda bem que existem a internet, o facebook, as feiras do livro e todos os lugares físicos e não-físicos onde nos encontramos. Ainda bem que existe o pensamento e a memória. Ainda bem que existe a ternura.
(…) Vocês foram chegando devagar, foram entrando e quero que saibam que, hoje, são parte da minha família. Penso em vocês entre aquilo que me é mais valioso e, sem explicação, sinto saudades vossas de repente. Muitas vezes, sinto o toque do sol, tão suave, e sorrio ao lembrar-me que vou partilhar esse bem-estar convosco. Sinto-me muito grato pela companhia que me fazem. Convosco, nunca estou sozinho. (…)
(…) Vocês têm muitos rostos, muitas histórias. Eu ouço-vos e encho-me de esperança humana, de amor humano, e transbordo. Mesmo quando estou em silêncio, agradeço-vos por me acrescentarem um sentido tão profundo. Estar-vos grato é estar grato ao mundo inteiro, ao fácil e ao difícil, ao doce e ao amargo. Sem um, não existiria o outro. Mesmo. Sem um, não existiria o outro, repito para que não restem dúvidas. Chegou a hora de, todos juntos, agradecermos pelas contrariedades. São elas, por mais feias, que nos permitem alcançar aquilo que está para lá delas. Ao mesmo tempo, são essas contrariedades, esses silêncios, que nos permitem prestar atenção ao que realmente nos interessa e que, como uma fogueira, nos ilumina o rosto (…)”
                                            Crónica de José Luís Peixoto, de 09/02 -- REVISTA VISÃO
Para ler crónica na integra http://aeiou.visao.pt/obrigado=f645618

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