"As pobres de espírito e as outras"

Longe de mim querer dar protagonismo a um texto que condeno da primeira à última palavra. Mas tenho de partilhar com vocês que a minha vontade era sugerir à senhora Margarida Rebelo Pinto o seguinte: "Imagine-se sem matéria. Um círculo difuso. Interrogue-se sobre o que seria de admirar em si. Uma vez que é só espírito, vai ter que pensar em qualidades, princípios morais, carácter e inteligência. Não esqueça que a imagem corporal é apenas uma das dimensões da nossa identidade... 
Pois é, acertou. Existem 'As pobres de espírito e as outras'"

Segue-se o texto mais hediondo que li nos últimos tempos.
"As Gordinhas e as Outras"


(ACHO CURIOSO QUE DEPOIS DE TANTA INSENSIBILIDADE LHES CHAME GORDINHAS E NÃO GORDAS)

"Serve esta crónica para retratar e comentar um certo elemento que existe frequentemente em grupos masculinos e que responde pelo nome genérico de ‘Gordinha’
(...) Ora acontece que a Gordinha é geralmente gorda e sem formas, tornando-se aos olhos masculinos pouco apetecível, a não ser em noites longas regadas a mais de sete vodkas, nas quais o desespero comanda o sistema hormonal, transformando qualquer bisonte numa mulher sexy, mesmo que seja uma peixeira com bigode do Mercado da Ribeira.
A Gordinha é porreira, é fixe, é divertida, quer sempre ir a todo o lado e está sempre bem-disposta, portanto a Gordinha torna-se uma espécie de mascote do grupo que todos protegem, porque, no fundo, todos têm um bocado de pena dela (...)

À partida, não tenho nada contra as Gordinhas, mas irrita-me que gozem de um estatuto especial entre os homens. Às Gordinhas tudo é permitido: podem dizer palavrões, falar de sexo à mesa, apanhar grandes bebedeiras e consumir outras substâncias igualmente propícias a estados de euforia, podem inclusive fazer chichi de pernas abertas num beco do Bairro Alto (...)

Agora vamos lá ver o que acontece se uma miúda gira faz alguma dessas coisas sem que surja logo um inquisidor de serviço a apontar o dedo para lhe chamar leviana, ordinária, desavergonhada e até mesmo porca. Uma miúda gira não tem direito a esse tipo de comportamentos porque não é one of the guys: é uma mulher e, consequentemente, deve comportar-se como tal. E o que mais me irrita é quando as Gordinhas apontam também elas o dedo às giras, quando estas se comportam de forma semelhante a elas.

Ser gira dá trabalho e requer alguma diplomacia. Que o digam as minhas amigas mais bonitas e boazonas que foram vendo a sua reputação ser sistematicamente denegrida por dois tipos de pessoas: os tipos que nunca as conseguiram levar para a cama e as gordas que teriam gostado de ter sido levadas para a cama por esses ou por outros. Uma mulher gira não pode falar alto nem dizer palavrões que lhe caem logo em cima. Já uma Gordinha pode dizer e fazer tudo o que lhe passar pela cabeça, porque conquistou um inexplicável estatuto de impunidade.

Porquê? Porque não é vista como uma mulher? Porque todos têm pena dela? E, já agora, porque é que quando uma mulher está/é gorda nunca ninguém lhe diz, mas quando está/é magra, ninguém se coíbe de comentar: «Estás tão magra!?»
Como dizia a Wallis Simpson: «Never too rich, never too slim». E quanto às Gordinhas, o melhor é arranjarem um namorado. Ou uma dieta. Ou as duas coisas."
Margarida Rebelo Pinto
 in Semanário Sol

3 comentários:

  1. Hi Lili, cool post! Here is the same situation. Thin women have to listen to "you look so thin" all the time and fat ones are ok.
    I wish you a lovely week,
    kisses

    ResponderEliminar
  2. De facto o texto é de uma conteúdo péssimo! Não consigo perceber é porque é que já é de 2010 e só agora está a causar esta revolução! Mas que é infeliz, é!
    **

    ResponderEliminar
  3. Ouvi falar que a falta de hidratos de carbono no organismo provoca danos graves no cérebro. Se calhar, foi mesmo o que aconteceu com esta "senhora".
    Não sou gorda nem magra, mas quando tive o meu mais pequeno engordei um pouco na amamentação. Quando voltei mais ou menos ao meu volume normal, ouvi comentários semelhantes aos escritos no teu post, inclusivamente que uma mulher nunca é magra demais! Tenho pena dessas pobres de espírito, que vivem para as aparências e esquecem o mais importante: o carácter!

    ResponderEliminar

Obrigada pela visita e por partilhar a sua opinião! Beijinho.