Porquê? Porque sim!...

Em regra, é por volta dos 3-4 anos de idade que se inicia a “fase dos porquês”. E, como é óbvio, está relacionada com a curiosidade da criança em querer saber como tudo acontece.
Porquê?!

Porque esta fase está intimamente ligada à construção da identidade, ou seja, a criança inicia, por esta altura, o seu processo de auto-descoberta, começando a ter noção do seu próprio “Eu”, e, também, da importância daquilo que consegue fazer, daquilo que vê e ouve. Com esta descoberta, os pequenos começam a perceber a sua realidade envolvente e dão ênfase aos porquês de tudo. 

É habitual questionarem-nos repetidamente e encadearem um porquê a outro porquê. Não desesperem!! Aliás, é fundamental ter paciência e respeito por toda essa curiosidade e, na medida do possível, ajudar a esclarecer todas as dúvidas.
Porquê?!

Porque é essa curiosidade, essa tentativa de compreensão do mundo que levará a criança a fazer novas descobertas, “aguçando” a sua perceção, o seu gosto para o aprender.
Se a criança é tolhida pelo adulto, no momento em que faz perguntas, poderá perder o interesse, a vontade de descobrir coisas novas, ficando paralisada no seu processo de aprendizagem por medo ou insegurança.

Uma estratégia para amenizar as perguntas é devolvê-las para que a própria criança tente explicar, ou utilizá-las em momentos em que esta não queira obedecer. Por exemplo, quando diz que não quer tomar banho a mãe poderá perguntar-lhe o porquê, e, assim, mostrar que nem tudo pode acontecer da forma como ela deseja.

E à medida que vai compreendendo o mundo que a rodeia esta fase desaparecerá, tal como surgiu…sem nos darmos conta!
Sobrinho & Tia @ Parque
E quando "Porque sim" é a melhor resposta, ou a mais conveniente!!


Uma das muitas conversas dos porquês com o meu sobrinho (de apenas  2 anos e 4 meses, mas já na fase dos porquês...é verdade!)
Eu: És muito malandro.
Ele: “Poquê”
Eu: Porque só fazes malandrices (e dei exemplos, muitos!!)
Ainda Eu: Explica-me porque és tão malandro?
Ele: “poque xim”
Eu: Isso não vale, tens de me dizer porquê!
Ele: “Já dixe, POQUE XIM”...

SUGESTÃO:
Lourenço, O. (2007). (2007). Psicologia de Desenvolvimento Cognitivo. Teoria, dados e implicações (2ª ed.). Coimbra: Almedina.

4 comentários:

  1. Sabes, desde sempre pensei que, quando fosse mãe, lidaria com este assunto dos porquês muito bem. Gosto imenso de falar (não sei se te lembras...), sempre fui habituada a que me contassem a verdade das coisas (dentro da capacidade que eu tinha de compreensão, de acordo com a idade). Assim, quando a minha Giraça começou a perguntar coisas, ainda não tinha 2 anos, sempre respondi e justifiquei tudo, dentro daquilo que eu achava que ela ia perceber. O problema é que os porquês e as curiosidades "aprimoraram-se" de tal forma que, há já alguns meses que me pergunta coisas sobre o decorrer da vida, as gerações, a morte e sobre o que somos antes de nascer... A minha pestinha tem uma curiosidade complicada! Tenho tido dificuldade em explicar-lhe algumas coisas, porque acho que ainda não tem idade para as entender e porque acho que ainda não são questões que ela deveria sequer questionar... Por vezes mudo a conversa, mas ela, sempre que se lembra, volta à carga!

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    1. Lembro sim :)
      A tua Giraça deve ser o máximo...
      Compreendo o que dizes...mas isto só prova que tens feito um ótimo trabalho. Afirmas que ela tem aprimorado a curiosidade o que, em parte, significa que a tens motivado o que é o mais importante...Por outro lado, o facto de conversares com ela, ofereceres-lhe uma grande variedade de estímulos, e em contextos diversos, ... acaba por a enriquecer (e estimular)cognitivamente, o que, por sua vez, aumenta a sua curiosidade/vontade de saber mais, de aprender...É um ciclo viciso.
      Antes ciclos viciosos e virtuosos, do que viciados (negativamente)!
      Não tenho dúvidas de que és uma mãe exemplo. Beijo grande.

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  2. Se os meus futuros filhos sairem a mim, estou tramada. Eu melgava imenso a paciência à minha mãe com os Porquês.

    Bjokas

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