O encontro que leva à construção de uma relação entre um casal não pode ser encarado somente como o encontro de duas pessoas, mas sim como o encontro de dois mundos, dos seus respetivos valores, culturas, famílias, códigos de conduta, vivências individuais e experiências que se revivem no aqui e no agora. Pressupõe, à partida, pontos de vista diferentes.
Não resisto a contar uma pequena história (adoro histórias!!).
O tio do António era casado com uma mulher que não parava de falar. A uma dada altura disse-lhe: “Sabes, tenho uma ideia; tens uma vida tão repleta de aventuras fantásticas! Em vez de mas contares devias escrevê-las.” E ela assim o fez. Escrevia durante o dia e à noite lia-lhe o que tinha escrito.
O que é que terá falhado aqui? Quereria ele pedir à mulher para deixar de falar dessas histórias? Que não fosse uma chata? Que transformasse a competência de contadora de histórias numa atividade rentável? Toda e qualquer interpretação corre o risco de estar completamente al lado se não conhecermos bem o tipo de relação do casal. Só este aspeto poderá clarificar aquilo que é dito.
A comunicação no casal é de facto, a interseção de dois mundos e grande parte dos problemas que resultam do encontro destes dois mundos estão condensados na comunicação. É aí que se conjuga, se expressa e se procura resolver toda a espécie de diferendos. A procura de soluções passa sempre pela comunicação, através da palavra e do corpo e inclui aspetos como a palavra, o gesto, a mímica e o olhar. Estamos sempre em comunicação, e mesmo quando estamos em silêncio, estamos a dizer que não queremos comunicar!
É fundamental uma comunicação baseada na COMPREENSÃO DO OUTRO, na capacidade de escuta e na devolução ao outro daquilo que se compreendeu. Torna-se também fundamental uma maior congruência entre o verbal e o não-verbal, entre aquilo que se diz e aquilo que se faz.
Ideias que facilitam a comunicação com as pessoas que nos são mais próximas
Aceitar que a forma como cada um interpreta o mundo é única e que vários pontos de vista podem enriquecer e ajudar a encontrar melhores soluções.
Estar atento e demonstrar ao outro que compreendemos aquilo que ele está a querer transmitir.
Perceber que com frequência aquilo que é dito serve para falar da relação.
Não "obrigar" o outro a falar. Saber respeitar o silêncio do outro. Estar atento à comunicação não-verbal.
Não utilizar em excesso estilos de comunicação menos claros como as metáforas, a ironia, a brincadeira, o humor. Não deixar de os utilizar.
Não dizer tudo o que pensa. Ser capaz de guardar algumas coisas dentro de si próprio.
Interessar-se pelos conceitos e valores da família do seu amigo, parceiro...: eles são uma espécie de dicionário daquilo que o outro diz e pede.