Um bom desafio. Bom humor. Gente educada. Abraço apertadinho (e sincero). Escrever. Café quentinho. Gentileza. Perfume. Praia no início da manhã. Família. Uma boa piada. Música (muita e variada). O sorriso da minha afilhada. Livrarias. O cheiro de um livro novo. "TU". Os meus "leitores". Céu estrelado. Sexta-feira à noite. Ter saúde. Tardes de Inverno no conforte de casa. A liberdade. As covinhas da Maria! Dizerem que me querem bem. Ler à noite. O silêncio. Uma bela história de encantar. Olhar para o mar. A minha independência. Poder ajudar. A criatividade. Gente de bem com a vida. Sapatos (muitos!). O poder de decisão. Oito horas de sono. Livros. Ouvir o outro. O amor eterno da minha mãe (saudades). Ir ao cinema. Uma boa surpresa. O meu sobrinho pedir-me que lhe conte uma história ("Li tória, Li tória"). Um banho demorado. Um bom filme. Gente humilde. Viajar. Pessoas que sabem elogiar. Telefone no silêncio (!). Receber e dar miminhos. Ficar sem fazer nada (viva o ócio!). A psicologia. A amizade. Um bom pequeno-almoço. Integridade. Acordar tarde aos sábados. Cheiro a terra molhada. Pagar todas as contas do mês (e ainda sobrar dinheiro). A arte. O profissionalismo. Gente com atitude. Gente otimista. Homens bem resolvidos. Mulheres que se valorizam. Conversar só com o olhar. Beijo. Colecionar frases. Caminhadas. Sol de Inverno. As pequenas e as grandes conquistas. A natureza. Conversar com crianças. Pensamento mágico das crianças. Letras de música que falam por mim. Ver que alguém lavou a louça da cozinha (e não fui eu!). Lençóis cheirosos na cama. Casa arrumadinha. Carro limpinho. Fazer um “ok” em todos os itens do dia na minha agenda (é raro, mas acontece). Pessoas autênticas. Cantar enquanto conduzo. Céu azul. Uma boa conversa. Sentir-me em paz. Sentir amor. Acreditar (sempre!). E o melhor: saber que esta lista apenas começou…
Vale a pena efetuar este exercício, EXPERIMENTEM!! Afinal, não é preciso muito para que existam coisas extraordinárias na vida…
A criança/indivíduo é um ser bio-psico-social. Portanto, a nossa personalidade tem uma base biológica, mas, ao longo do nosso desenvolvimento, vamos moldando-a em função do meio (e os primeiros anos de vida são fundamentais) … Como já referi numa publicação anterior, as crianças “não são o melhor do mundo”, mas O MELHOR (ou o pior) de nós mesmos…Children see, children do.
O autismo é uma das mais graves perturbações de desenvolvimento da criança, que resulta numa incapacidade que se prolonga durante toda a vida. Manifesta-se através de dificuldades muito especificas ao nível da interação social, da aquisição e uso convencional da comunicação e da linguagem, pela restrita variedade de interesses e alterações do comportamento.
Estas perturbações, estão geralmente associadas a dificuldades em utilizar a imaginação, em aceitar alterações de rotinas, a um défice de atenção e de concentreção, à falta de motivação e à exibição de comportamentos estereotipados, implicam também um défice na flexibilidade de pensamento e um modo de aprender peculiar.
SUGESTÕES:
Filme: "Loucos e Apaixonados" (2005)
Antes de mais, queria salientar que o título original do filme é "Mozart and the Whale", estando em sintonia com o filme e sendo uma metáfora correspondente a cada uma das personagens protagonistas. "Loucos e Apaixonados" parece-me um pouco descabido e a utilização do termo "loucos" infeliz.
De qualquer das maneiras, e adaptações ingratas à parte, queria falar sobre este filme, que é interessante e importante para o público em geral e especialmente para quem se interessa por psicologia. Apesar de ser, no geral, uma ficção em forma de comédia romântica, "Mozart and the Whale" baseia-se na história, vida e dados verídicos de um casal em que ambos sofrem da Síndrome de Asperger. No filme, Donald (Josh Harnett) forma um grupo no qual indivíduos com diferentes tipos de autismo se juntam para fazer atividades, conversarem, conviverem, enfim, para terem companhia. É assim que conhece Isabelle (Radha Mitchell), e rapidamente começa uma história de amor, mas que, devido às dificuldades relacionais de cada um, não se adivinha fácil.
Através de uma versão algo romantizada e "hollywoodesca", vemos estes dois jovens a chocarem entre si, a se encontrarem de novo, a desistir e voltar a tentar, sendo sempre acompanhados pelos membros do grupo, algo invulgares. Por entre os elementos típicos deste tipo de filmes, são-nos dadas a conhecer algumas das características das pessoas com esta síndrome: o facto de, muitas vezes, terem aptidões fora do normal (Donald é obcecado por números e é eximio em matemática), a rotina necessária no seu dia a dia, o medo da mudança, a ligação aos animais, as dificuldades de integração social. Tudo isto exposto de forma bonita, comovente e mesmo desmistificadora do preconceito relacionado com alguns tipos de autismo. O próprio Jerry Newport, em quem a personagem de Donald é baseada, ajudou o argumentista, o que traz mais beleza e veracidade à história.
Como qualquer filme a tender para o comercial, temos muitos momentos em que os alegados "loucos" afirmam inocentemente coisas que os supostos "sãos" não têm simplicidade para compreender. A chamada "estalada de luva branca" que resulta na perfeição.
Enfim, é para ver (ou rever) para crer, compreender, conhecer, analisar e criticar.
Livro: O menino e o Cavalo. Autor Rupert Isaacson.
Autor de reportagens sobre viagens publicadas em prestigiados jornais e revistas, Rupert Isaacson, britânico a residir no Texas, utiliza a capacidade descritiva própria do jornalismo de género para partilhar a aventura mais importante da sua vida: uma viagem de cavalo pela Mongólia, na companhia da mulher, Kristin, e do filho, Rowan. O relato fascinante de um pai que descobre, por acidente, que o contacto do filho autista de cinco anos com Betsy, uma égua trigueira, desperta na criança reacções de afecto e progressos linguísticos.
Movido pela força do amor, Rupert ambiciona partir «para lá do Sol-posto», procurando juntar o poder curativo dos animais com o dos xamãs mongóis, os únicos elementos que exerceram alguma mudança no comportamento de Rowan. Durante muito tempo, Kristin, professora catedrática de Psicologia Clínica, mostra-se céptica face às ideias do marido, mas, cansada de submeter o filho a dezenas de terapias sem quaisquer resultados, sente que não tem nada a perder.
Além do receio das tempestades neurológicas de Rowan perante situações imprevisíveis, esta família, à beira da ruptura, carrega na bagagem a esperança de retirar o filho do seu mundo distante e incompreensível. «Oitenta por cento dos casais com filhos autistas, separam-se. Era fácil perceber porquê», escreve o autor.
Em permanente desespero para ajudar Rowan desde que confirmaram o seu autismo, aos 18 meses, estes pais reaprendem a sentir o espírito da aventura que os juntou e descobrem, que afinal, há lugar para os sonhos.
A cada passo de viagem, Rowan deixa o seu mundo fechado para partilhar emoções.
Um exemplo de coragem, apresentado com uma narrativa descontraída, mas profunda, que pode ajudar outras famílias com o mesmo problema.
Um livro que nos prova que, na vida, não existem impossíveis, por mais firmes que nos pareçam os obstáculos..
(...) Antes que o sol se vá
Como um gesto de agonia
Cairás nos olhos meus
Soledad
Indiazinha,
Indiazinha tão sentada
Na cinza do chão deserta
Que pensas, não pensas nada!
Soledad,
Soledad,
Que a vida é toda secreta. Como estrela,
Como estrela nestas cinzas
Antes que o sol se vá
Nem depois não virá Deus
Soledad,
Soledad,
Nem depois não virá Deus (...)
-- Poema de Cecília Meireles
Pesquisadores da Universidade de Chicago concluem que a solidão é tão prejudicial à saúde, ao bem-estar físico e mental como a obesidade ou o vício de fumar.
A sensação de rejeição aumenta a pressão sanguínea, o nível de stresse e a probabilidade de desenvolver Alzheimer. Os solitários também têm dificuldade para dormir e uma diminuição de glóbulos brancos no sangue – o que prejudica o sistema imunológico. Consequentemente, causam perturbações psicológicas e isolamento social.
SUGESTÃO
Livro: Nagasáqui de Éric Faye, Gradiva Publicações.
Individualismo e solidão. Onde começa um e onde acaba o outro? Convivem de mãos dadas? Este romance fala disso mesmo. Relata a história de um homem que vive isolado numa casa silenciosa, perto dos estaleiros de Nagasáqui. Não gosta do canto das cigarras mas aprecia a ida, diariamente, à estação meteorológica da cidade. Conta escrupulosamente e regista os mantimentos que guarda no móvel da cozinha, até porque ele sabe que neste mundo os imprevistos, ainda que possam ser previstos, acontecem…
Caprichosos, mimados, egocêntricos. A lista de adjetivos é interminável quando falamos de filhos únicos.
MAS SERÃO ESSAS CACTERÍSTICAS COMUNS A TODAS AS CRIANÇAS QUE CRESCEM SEM IRMÃOS?
Num século em que a maioria dos casais opta por ter apenas um filho, os especialistas sublinham a importância dos limites, regras e afetos na educação. Ao contrário do que se possa pensar, um filho único pode representar um desafio maior do que gerir uma família numerosa. O risco de criar um pequeno ditador existe, mas é contornável com bom senso e imposição de limites. Estejam atentos: transformar o vosso(a) filho(a) numa criança responsável, sociável e com autoestima elevada só depende de vocês.
Não existem “famílias ideais” ou um número ideal de filhos por casal. Um filho único não tem necessariamente que ser um pequeno ditador, impertinente e intolerante. Tudo depende da educação e da relação que se estabelece entre pais e filhos: as pessoas são bastante complexas e, nessa medida, uma característica da história pessoal não dita o futuro.
Há especialistas que têm uma visão mais radical. Na opinião destes, é frequente que os filhos únicos sejam arrogantes e com sentimentos de grandeza. Defendem que (os filhos únicos) têm mais dificuldade em temperar o seu egoísmo natural. Paralelamente, os filhos únicos podem também ser crianças demasiado tímidas e introvertidas, por não terem passado por um processo de socialização que a existência de irmãos permite.
Para contrariar esta tendência, e para que a criança se sinta bem consigo própria, é fundamental que os pais sejam dialogantes e envolventes. Assim, tentem proporcionar ao vosso(a) filho(a) um ambiente rico em estímulos e sentimentos positivos. Transmitam-lhes valores e regras que o(a) ajudem a crescer de forma equilibrada, responsável e aberta ao mundo e, sobretudo, não cometam os exageros comuns da superproteção. Imponham limites, mas concedam também alguma liberdade: tropeçar, cair, errar e voltar a erguer-se são contrariedades que fazem parte do crescimento.
VANTAGEM DE SE SER FILHO ÚNICO: maior atenção e tempo recebidos por parte dos pais.
DESVANTAGEM: isolamento em que a criança pode viver, caso os pais tenham vidas muito ocupadas. Ela terá de brincar e passar muito tempo sozinha, podendo desenvolver sentimentos de desamparo e abandono.
A criança que tem irmãos vive desde cedo a experiência do ciúme e da partilha, uma vez que tem um “rival” face ao amor dos pais, enquanto o filho único concentra em si toda a atenção de ambos, para o bem e para o mal.
Assim, a forma como um filho é desejado e criado não depende da quantidade ou inexistência de irmãos, mas da educação e relação que se estabelece com ele.
Qual a relação entre a ansiedade, o stresse e a depressão? Será o stresse causa ou consequência da depressão? Pesquisas recentes sugerem que o stresse crónico pode ser um desencadeadore não um sintoma da depressão. As pessoas com depressão tendem a possuir níveis elevados de hormona humana do stresse – o cortisol – , contudo não era totalmente claro se tal era causa ou efeito da depressão. Novos estudos com ratos demonstraram que a exposição por períodos prolongados ao cortisol pode de facto levar à depressão. Neste estudo, os ratos foram expostos a doses agudas (24 horas) e crónicas (entre 17 a 18 dias) da hormona do stresse dos roedores – a corticosterona. Comparados com os ratos expostos por um pequeno período de tempo, os resultados sugeriram que os ratos com uma exposição crónica estavam mais receosos e menos dispostos a explorar o seu novo ambiente. Estes demoraram muito mais tempo a sair de um pequeno compartimento escuro para um espaço aberto e bem iluminado (teste comportamental muito utilizado para avaliar a depressão nos animais). Segundo a equipa de investigação de Harvard Medical School, a descoberta pode ajudar a melhorar significativamente o tratamento da depressão.
Quem é que esquece o primeiro amor? A sensação do coração a pular, o ritmo cardíaco a disparar, as mãos suadas a segurar o caderno da escola, as maças do rosto coradas? E o primeiro beijo? E aquele bilhete deixado no livro emprestado à espera de uma resposta que não fosse "vou pensar"? São estes os primeiros passos do namoro, das primeiras paixões. E cada vez mais são cenários reais em crianças de nove anos, ou menos. Deixaram de ser sintomas de adolescentes. Os especialistas têm dispensado diversos estudos sobre o tema e afirmam que as crianças se apaixonam cada vez mais cedo. Entre os 9 e os 12 anos as hormonas já vão causando esse turbilhão de sentimentos.
Planificação diária ideal, segundo artigo publicado no jornal The Sun Cada segundo que passa é importante, e ajustar a rotina de acordo com as horas do dia pode ser uma maneira de ter um dia saudável. Segue-se a planificação proposta pelo referido artigo:
7h22 - Despertar
Especialistas acreditam que o organismo fica pronto para acordar após sete ou oito horas de sono. No entanto, pesquisas da Universidade de Westminster descobriram que pessoas que despertam entre 5h22 e 7h21 têm uma maior concentração da hormona humana do stresse – o cortisol, independentemente do horário a que se foram deitar. A situação aumenta o risco de paragens cardíacas.
7h30 – Para quem tiver tempo!!
Faça amor. O corpo produz uma onda de hormonas sexuais e adrenalina para a pessoa começar bem o dia.
8h10 – Pequeno almoço
A melhor coisa é tomar o café da manhã cerca de uma hora após ter acordado, segundo cientistas Australianos. "O apetite está em alta neste horário", explicou o cientista Brett Harper. Antes disso, o estômago não está pronto para uma correta digestão e absorção dos alimentos.
9h00 – Executar tarefas difíceis
As pessoas estão num estado mais alerta entre a primeira e segunda hora após acordar, segundo pesquisas. Este momento é quando os níveis de setresse e de açúcar no sangue estão mais altos. Por isso, a pessoa tem energia para lidar com situações de dificuldade, de acordo com o professor Simon Folkard, da Universidade de Wales.
10h30 – Pequena pausa
O ideal é estabilizar a queda de energia com um lanche rápido. Comer várias vezes ao dia ajuda o corpo a funcionar de forma mais eficiente do que se concentrar a alimentação em apenas três refeições diárias.
13h30 - Almoço
Os processos de digestão funcionam a todo vapor neste horário, segundo a nutricionista do Hospital St Geroge em Londres, Cath Collins.
14h16 – Coffee/Tea Time
De acordo com uma pesquisa feita pelo fabricante de chá Typhoo, neste horário, o corpo perde a energia. Todos os 2 mil entrevistados disseram ter falta de entusiasmo para qualquer tarefa neste momento. Apenas a esta hora do dia, a cafeína é indicada em doses adequadas.
16h00 – Lanche
Para estabilizar os níveis de açúcar no sangue e evitar comidas em exagero no início da noite, tome um iogurte às 16h. "Escolha iogurtes com baixos índices de gordura", aconselhou a nutricionista Clare Stanbull.
17h00 – Ginasticar :) (porque faz bem ao corpo e à mente!)
Hora do exercício físico. Pesquisas na Califórnia descobriram que a hora melhor para a coordenação é às 17h00. Neste horário, a hormona do setresse - que pode danificar o sistema imunológico – encontra-se em níveis mais baixos.
19h00 – Tome uma taça de vinho
Se aprecia/gosta de tomar uma ou duas taças de vinho, este é o momento. Mas não exagere, apenas deguste. Várias funções do organismo funcionam em ritmo mais lento ao final do dia e o álcool ajuda a relaxar ainda mais.
19h30 – Jantar/refeição leve
Comer carboidratos e comidas gordurosas à noite provocam elevação dos níveis de açúcar no sangue e sobrecarrega o sistema digestivo, o que afeta a qualidade do sono. Prefira vegetais e saladas para o jantar.
22h00 – Um banho bem quente!
A temperatura do corpo precisa estar em ordem para uma boa noite de sono. Um banho quente relaxa o corpo e ajuda a pessoa a adormecer. Não leia, assista televisão ou coma na cama para ter uma noite tranquila. O professor da Universidade de Loughborough, Jim Horne, disse que o hábito irá maximizar a produção de melatonina durante as horas de escuridão e combater os radicais livres.
Concluo que ando com os horários um pouco trocados! Quanto aos hábitos saudáveis... não andam muito longe :) E VOCÊS?!
Trechos de afirmações proferidas por Nicholas Carr em entrevista à Revista Visão (N.º984)/ Emília Caetano
“À medida que nos habituamos a ter toda a informação disponível na Internet, o nosso cérebro torna-se mais preguiçoso a criar memórias internas.”
“(…) a Net está provavelmente a reduzir a nossa capacidade de armazenar memória a longo prazo. Só temos de nos lembrar de “googlar” e, para muitos fins, não há mal nenhum nisso. Só existe um risco: a profundidade do nosso conhecimento e a riqueza da nossa vida intelectual depende da capacidade de formar essas memórias a longo prazo. São elas que ligam a nova informação a tudo o que aprendemos, às nossas experiências e emoções.”
“(…) a Internet leva-nos a raciocinar de forma superficial. Encoraja-nos a tirar muita informação e muito depressa, mas não nos dá hipótese de pensar sobre ela. Por isso, receio que estejamos a deixar de ser capazes de formular sequer raciocínios que requerem concentração e reflexão. E creio que essas capacidades que a Rede nos está a roubar são os modos de pensar mais humanos e valiosos.”
“(…) o livro deu-nos uma mente mais atenta. Quando se lê um livro, não se passa mais nada à nossa volta. O livro treina-nos a focar num assunto, num artigo ou numa história por um longo período. É uma maneira de pensar contranatura, porque somos naturalmente dados a distrações, interrupções, mudanças de assunto. De certa forma a Internet está a fazer-nos regredir a uma forma de pensar mais primitiva. Inverte a espécie de revolução cognitiva que a imprensa representou para a sociedade.”
“(…) Ganha-se rapidez e a possibilidade de juntar muitos pedaços de informação mas perde-se a capacidade de prestar atenção a uma única coisa e de nos concentrarmos nela muito tempo.”
Nicholas Carr, lançou recentemente o livro (cujo título já foi adiantado no próprio título desta publicação): “The Shallows – What the Internet is doing to our brains” (Os superficiais. O que a Internet está a fazer aos nossos cérebros)
FUNDAMENTAÇÃO DO TÍTULO
“Parti da minha própria experiência. Apercebi-me de que algo estava a mudar, mesmo quando tinha o computador desligado. Por volta de 2007 escrevia sobre tecnologia, usava muito computador e dei-me conta de que estava a perder capacidade de concentração. Ao fim de algumas páginas, começava a achar difícil ler um artigo ou um livro. Sentia que a minha mente não queria prestar atenção, mas sim comportar-se como se eu estivesse ao computador – saltar de um link para outro, ir ao Google, consultar o e-mail ou o twiter. Isso encorajou-me a investigar a forma como o nosso cérebro estava a adaptar-se à tecnologia.”
Opinião de Butterflies & Hurricanes
A Internet está a alterar o nosso cérebro, e o estranho seria se não houvesse qualquer alteração! Modificar o cérebro não é um privilégio da Internet – acontece com qualquer processo de aprendizagem. Por exemplo, quando aprendemos a conduzir, uma área específica do cérebro é ativada. O mesmo acontece quando aprendemos a resolver um “quebra-cabeças”, a fazer um café ou a usar o Google. Por definição, maior atividade cerebral não é problema, pelo contrário. O próprio Carr reconhece que o uso da Internet estimula a Inteligência visual e espacial. Mas alega que isso se dá em detrimento da capacidade de análise, reflexão e pensamento crítico. Este sim é um grave problema, principalmente, para as gerações que cresceram com a tecnologia
Sugestões:
NIHOLAS CARR: “The Shallows – What the Internet is doing to our brains” (Os superficiais. O que a Internet está a fazer aos nossos cérebros)
(como estou a ler vários livros ao mesmo tempo, em relação a este só posso dizer: estou lendo!)
REVISTA VISÃO N.º 984 (PÁGINAS:18-19) –Entrevista a Nicholas Carr por Emília Caetano
Felicidade. Qual a sua definição? Quais as suas causas? Como atingi-la?
A felicidade não pode ser universalmente definida. Sendo relacionada à alegria e ao prazer, cada um tem a sua maneira própria de a atingir.
Pode-se ser feliz com a riqueza, a beleza, o conhecimento, o reconhecimento, as relações interpessoais...
Provocar e promover felicidade aos outros também pode surgir como fonte de felicidade individual. O nosso amor-próprio não pode ser separado do nosso desejo de ser amado, assim amar e ser amado, ou ajudar e ser ajudado, pode provocar sentimentos positivos, de bem-estar e, consequentemente, felicidade.
A realização da felicidade resulta da satisfação dos nossos sonhos e desejos, depende do sentimento de prazer e desprazer de cada um; e no mesmo indivíduo esse sentimento pode mudar com o tempo.
A felicidade pode resistir às adversidades da vida, só precisamos de sabedoria para avaliar as situações pela perspetiva mais positiva e construtiva.
Todos temos sonhos, projetos, ambições e desafios... a felicidade está no equilíbrio entre esses sonhos e a nossa capacidade em os atingir. Por exemplo, se a distância entre o que queremos e o que conseguimos for excessiva ficamos desiludidos, desanimados, ansiosos, irritados. Se a distância for muito reduzida, numa primeira fase ficamos calmos e tranquilos mas rapidamente ficamos entediados e limitados. Assim, para mim, a felicidade está em encontrar a distância certa entre o que se quer e o que se consegue.
Mas ... a felicidade é efémera, é um processo, é dinâmica, e não é um estado permanente ou um lugar onde se chega e não se faz mais nada.
Depende de nós passar a maior parte do tempo possível a usufruir, saborear e planear novas sensações de felicidade...
Como diria o imortal Tom Jobim: “A felicidade é como uma gota de orvalho numa pétala de flor, brilha tranquila, depois de leve, oscila e cai, como uma lágrima de amor (…). A felicidade é como uma pluma que o vento vai levando pelo ar, voa tão leve, mas tem a vida breve: precisa que haja vento sem parar. A minha felicidade está sonhando (…), e como esta noite, passando, passando, em busca da madrugada...
A tristeza não tem fim, a felicidade sim..."
Só para relembrar! A felicidade é algo pelo qual temos de lutar e procurar ... E nada é mais útil ao homem do que o próprio homem … pois na vida tudo pode acontecer, e sobretudo pode não acontecer absolutamente nada, tudo depende de nós enquanto realizadores (e atores!) do filme da nossa vida.
“Somos todos filhos do cosmos, mas transformamo-nos em estranhos através do nosso conhecimento e da nossa cultura”. -- Edgar Morin
No século XVIII, Voltaire, disse: “os chineses são iguais a nós, têm paixões, choram”. Herbert, o pensador alemão, afirmou:” entre uma cultura e outra não há comunicação, os seres são diferentes”. Afirmações polémicas?...Os dois tinham razão, mas na realidade essas duas verdades têm que ser articuladas. Nós temos os elementos genéticos da nossa diversidade e, é claro, os elementos culturais da nossa diversidade.
Hoje, perante uma sociedade multicultural, é preciso lembrar que rir, chorar, sorrir, não são atos aprendidos ao longo da educação, são inatos, mas modelados de acordo com a educação/cultura…
Falar de multiculturalidade é falar de diferenças: de língua, de religião, de costumes, …; é falar de uma cultura que acolhe outras culturas.
PALAVRA-CHAVE: Diferença. E a diferença constitui-se como um desafio.
O desafio de aceitar e respeitar a diferença. Perceber que não há culturas melhores que outras, mas que há apenas culturas diferentes.
A diferença é um valor que nos enriquece. Conhecer outras culturas, outras formas de estar e de pensar a realidade só nos valoriza e torna-nos mais capazes para nos aproximarmos e compreendermos o outro.
O respeito não passa só pela cultura que recebe, pela sociedade que acolhe. O respeito passa também pela cultura que é recebida, pelo indivíduo que é acolhido. Também ele tem de respeitar as regras da cultura, da sociedade que o acolhe.
O respeito é mútuo. Cabe a cada uma das partes não gerar um confronto de culturas, mas fomentar e construir um encontro de culturas e saberes.
No livro “A Arte de Memorizar”, de Joshua Foer, encontramos um capítulo intitulado: “O fim do recordar”, no qual é abordada a história da memorização, e é curioso constatar como esta faculdade humana foi perdendo “protagonismo”.
Antes da invenção da imprensa, por exemplo, as poucas pessoas que tinham acesso a livros, os quais eram manuscritos, não tinham, em regra, a oportunidade de os consultar mais do que uma vez. Era necessário memorizar o seu conteúdo. A transmissão oral de conhecimentos era, pela inexistência de outros meios, importante e necessária.
Como atualmente possuímos diversos mecanismos externos de armazenamento de informações (cadernos, livros, telemóveis, computadores e a própria internet), os mecanismos internos de memorização foram-se tornando irrelevantes. Não precisamos mais de memorizar o telefone de ninguém, temos o telemóvel para isso; nem de saber a data de aniversário dos nossos amigos, pois o Facebook sabe; nem de guardar qualquer informação específica aprendida em sala de aula, afinal é só pesquisar no Google e encontrámos a informação em poucos segundos...
Foer afirma que "… estamos acostumados a não lembrar… dependemos tanto da tecnologia que não confiamos na nossa memória".
“Acho que somos todos mal-educados. Todos tivemos uma educação judaico-cristã, uma educação positivista que, em muitos aspetos foi importante, mas que criou um vício de forma muito cartesiano que nos leva a imaginar que, quanto mais racionais, melhores pessoas. Fomos todos mal-educados para as emoções. Ainda continuamos a achar que ter raiva é uma coisa feia, como se a raiva não fosse o melhor ansiolítico do mundo. Quem assume que tem ódio de vez em quando? E o ódio só acontece quando alguém que nos ama nos magoa muito. As emoções são um GPS fantástico que temos na nossa vida e nós somos educados para reprimir as emoções. Quando reprimimos as emoções, além dos efeitos neurológicos que isto provoca, vai introduzir uma coisa que é pior: à medida que não transformamos as emoções em palavras, passamos a ficar partidos ao meio. Sentimos tudo, somos tremendamente intuitivos, mas depois deixamos de aprender a falar. Quanto menos somos educados para as emoções, menos educados nos tornamos para as palavras e mais começamos a adoecer.”– Eduardo Sá
Tomar decisões faz parte do nosso dia-a-dia. Este processo, no qual é necessário avaliar as diversas alternativas existentes de forma a poder escolher as mais apropriadas, é elaborado, normalmente, através de atalhos cognitivos que determinam o nosso “percurso” até à tomada de decisão. E estes perante a dimensão e a complexidade de alguns problemas, são baseados na intuição e no conhecimento empírico acumulados, que sabemos não serem suficientes para tomar as melhores opções.
O estudo de Herbert Simon, 1957, pelo qual lhe foi atribuído o Prémio Nobel da Economia, em 1978, demonstrou que, usualmente, somos pouco sistemáticos e racionais na tomada de decisão, que apresentamos uma capacidade limitada para processar e avaliar as informações das diversas alternativas possíveis e que tendemos a usar estratégias elementares invocando apenas alguns aspetos das noções disponíveis.
Segundo a sua teoria sobre a racionalidade limitada, ao usarmos este tipo de estratégias, devido às nossas limitações cognitivas acabamos por adotar decisões “irracionais” que se revelam, por vezes, pouco acertadas ou até irresponsáveis quando efetuadas sob circunstâncias de incerteza. Estas limitações reforçam a ideia de parar para pensar. É indispensável que qualquer decisão que tomemos tenha como base uma atitude de humildade, na qual procuramos adquirir o conhecimento necessário para desencadear um pensamento crítico e criterioso, que passa por pôr em questão todos os argumentos que utilizamos e despender o tempo e o esforço necessários para pensarmos por nós próprios de uma forma racional. Porque as decisões devem ser tomadas sem subterfúgios como crenças, demagogias ou uma falsa consciência grupal.
Não estamos apenas a tentar interpretar o mundo e a dar uma mera opinião, mas sim a participar na sua transformação. O próximo video, de apenas 51 segundos, demonstra como é habitual recorrermos a "atalhos mentais" nos nossos julgamentos...
A cafeína pode vir a tratar as doenças de humor, nomeadamente a depressão, considerada um dos mais graves problemas de saúde da sociedade atual, afetando uma em cada quatro pessoas.
Um grupo de investigadores do Centro de Neurociências e Biologia Celular (CNC) de Coimbra afirma ter aberto uma nova linha de investigação centrada nas doenças de humor, na sequência dos seus estudos com café para tratamento de doenças do cérebro.
"Alguns estudos iniciais mostraram que populações de risco, como os enfermeiros dos serviços de urgência, toleram muito melhor ao longo do tempo situações de stress repetido quando consomem café de forma regular, em doses toleráveis e normais, do que profissionais com funções semelhantes, mas que não tomam café regularmente", sublinha Rodrigo Cunha, da Faculdade de Medicina de Coimbra.
Além dos testes psicológicos, é possível verificar estes resultados em testes biológicos com os níveis de cortisol, que confirmam esta impressão, de que há um benefício em termos de controlo de humor associado à toma regular de doses moderadas de cafeína.
Um estudo levado a cabo por uma equipa da Harvard Medical School, analisando os ritmos de vida de 50 mil enfermeiros, e agora publicado pela Archives of Internal Medicine, chega às mesmas conclusões. Acrescentando, ainda, que aqueles que consomem café regularmente estão menos propensos a ter peso acima da média, pressão alta e apresentar diabetes.
Parece que a minha amiga cafeína provoca sentimentos de bem-estar e energia!
Parafraseando Orlando Lourenço (1996), sou da opinião que devemos educar as crianças para a:Clareza, Graça, Elegância e Estilo… para poderem ir longe em termos de desenvolvimento: Intelectual, Sociomoral, Emocional e Estético.
“Quando um pai exige obediência ao filho sem lhe explicar qua
l o sentido dessa obediência, está a violar o princípio da clareza.
O mesmo acontece quando as pessoas falam ou escrevem para os outros sem elas próprias saberem muito bem o que lhes querem dizer. Aliás, quando não sabemos bem do que falamos, ou temos pouca, se alguma coisa, para dizer, temos tendência a ser confusos. Pouco claros, portanto.
Quando a mãe é superexigente e não é capaz de desculpar uma falha do/a filho/a, está a violar oprincípio da graça. Ao invés, quando é capaz de brincar a propósito de um comportamento menos feliz (dela própria ou do/a filho/a), a sua relação tende a ter graça.
Como tende a ter graça a escrita das pessoas que, por exemplo, tendem a utilizar metáforas e analogias para falar das coisas. É que a brincar dizem-se coisas muito sérias! E a graça está em dizer coisas muito sérias de um modo muito divertido!...
Quando os pais maltratam os filhos estão a transgredir o princípio da elegância. De facto, somos muito pouco elegantes quando ofendemos os outros, que sempre merecem respeito e consideração (...)
Quando os pais se oferecem aos filhos como pessoas muito preocupadas com a submissão e obediência aos seus superiores hierárquicos, estão a violar o princípio do estilo.Ter estilo é ser capaz de dizer não ao conformismo; de dizer que não vamos para não queremos ir; e de assumir que somos assim porque é assim que queremos continuar a ser.
É muito difícil termos estilo se passarmos a vida a receber ordens, ainda que disfarçadas de pedidos. Quem recebe muitas ordens tende a ter de si uma baixa auto-estima e, por conseguinte, a ter pouco estilo (pessoal). Confunde-se em demasia com os outros!...É por esta razão que a interação é, enquanto prática educativa, muito melhor do que o discurso.
Se utilizar sobretudo a interação como prática educativa, é provável que os seus filhos venham a ter mais clareza quando escreverem, falarem ou interagirem com os demais…Sejam capazes de dizer coisas sérias com humor, ironia e graça. É provável, ainda, que venham a ser elegantes. Quer dizer, bastante capazes de estabelecer relações de igualdade e de pós-socialidade com todos aqueles com quem se relacionarem, por mais que discordem deles ou tenham de os criticar. E é possível, finalmente, que sejam capazes de imprimir a sua marca e estilo a muitas das coisas que decidirem fazer.”
ORLANDO, L. (1996). Educar Hoje Crianças para o Amanhã. Porto: Porto Editora.
Um estudo efetuado por um centro de pesquisas na Austrália, e publicado no Journal of Epidemiology and Community Health, acentua que ter bons amigos pode prolongar a vida. Intitulado: “Estudo Longitudinal do Envelhecimento na Austrália” (ASLA, na sigla em Inglês),seguiu cerca de 1,5 mil pessoas com mais de 70 anos na cidade de Adelaide.
O objetivo do estudo era avaliar os fatores sociais, físicos e psicológicos envolvidos na longevidade.
Como tal, os idosos foram questionados sobre a sua atividade social (quanto tempo passavam com filhos, netos, amigos), quantos amigos tinham e que tipos de atividades sociais exerciam.
Posteriormente, e após serem submetidas a diversas avaliações, os cientistas perceberam que as pessoas que mantiveram "bons laços de amizade" viveram mais. Para os investigadores, os amigos estimulam os idosos a tomarem conta da sua saúde, atenuando sentimentos de depressão e ansiedade nos momentos difíceis
E por falar em idosos...
"Uma publicidade do complexo vitamínico Centrum, extremamente bem feita e bem humorada. Acima de tudo, chama-nos a atenção para o fato de que não precisamos de envelhecer as nossas "mentes", ainda que os nossos corpos, inevitavelmente, carreguem os sinais da passagem do tempo. Um lição que está ao alcance de todos, tanto dos que tomam vitaminas como dos que, simplesmente, preferem se alimentar de forma saudável."-- (texto descritivo do vídeo no Youtube)
Depois de uma interessante conversa, não recomendada a pessoas mais sensíveis (!), sobreSerial Killers, fiquei com vontade de escrever algo sobre esta temática, ao mesmo tempo sinistra e fascinante. Fascinante? Sim, fascinante… Então como se justifica o sucesso de séries televisivas como: Dexter, Criminal Minds, e tantas outras do género?!...
[Die This Way by Daniel Licht & Jon Licht from the Dexter Soundtrack (Music from the Showtime Series)]
Vou tentar fornecer alguns elementos (sem serem inovadores) que ajudem a perceber a natureza da tortuosidade do ato e da mente que o pratica.
Este é, felizmente, um fenómeno que em Portugal é raro e bastante espaçado no tempo. Historiando, e antes de ir ao cerne da questão, recordo-vos alguns casosocorridos no nosso país.
Temos o que foi protagonizado por Diogo Alves, um espanhol residente em Lisboa, que, entre 1836 e 1839, assassinou algumas dezenas de cidadãos da capital no Aqueduto das Águas Livres, atirando-as dali abaixo. Pensa-se que muitos dos seus crimes terão sido instigados pela sua companheira de nome Parreirinha. Foi condenado à morte e enforcado em 1841. Este terá sido, porventura, o mais mortífero dos assassínios em série de Portugal
Já no século XX há vários casos. Na década de 60 e 70, José Domingues Borrego, pastor na região de Penamacor, assassinou vários homossexuais e, mais tarde, um colega de trabalho. Ao ser condenado disse ter sido incumbido de uma “missão purificadora”.
Em 1974, Domingos Pereira matou a mulher e mais duas companheiras. Em 1987, Vitor Jorge, pessoa tida como tranquila e reservada, assassina sete pessoas incluindo a sua amante, dois casais seus amigos, a mulher e a filha mais velha. Estes atos tresloucados ficaram conhecidos como “o crime da Praia do Osso da Baleia”, embora a morte da mulher e da filha tenham ocorrido noutro local (há especialistas que dizem que este crime não reune características psicológicas e de atuação que o permitam declarar como assassínio em série).
Decorria o ano de 1992 e dá-se entre nós o crime mais intrigante e insolúvel de todos (apesar das recentes notícas). É o caso do “Estripador de Lisboa”, que assassina várias prostitutas, algumas seropositivas, retalhando-as e essventrando-as à “boa maneira” do seu homólogo londrino do século XIX “Jack”, que também escolheu prostitutas para consumar os seus hediondos crimes. Nunca o nosso estripador (salvo seja) foi apanhado, apesar da inequívoca eficácia da polícia portuguesa…
Bom, e quanto às caraterísticas dos assassinos em série? Começo por definir o assassino em série dizendo que este é alguém que reincide nos seus homicídios pelo menos três vezes e com intervalos de tempo variáveis, que poderão ir da regularidade (talvez reflexo de uma natureza metódica ou, mesmo, obsessiva) à imprevisibilidade temporal.
Nos períodos que medeiam os crimes estes indivíduos têm, geralmente, comportamentos considerados normais, inserindo-se no seu nicho biopsicossocial de modo, aparentemente, adequado. São, não raro, membros respeitados no meio a que pertencem, cidadãos ativos e preocupados com as problemáticas sociais. É a chamada fase de “cooling-off”, durante a qual apresentam a que podemos chamar uma “máscara de sanidade mental”. A motivação sexual é um dos principais motores deste tipo de crimes, mas nem sempre está presente (vejamos o caso de Diogo Alves, cujo móbil era o roubo). Muitas vezes a razão de base é uma afirmação, doentia, de poder sobre as vítimas.
Os antecedentes pessoais dos homicidas são variados, não se podendo, no entender dos especialistas, falar num modelo único de referência. Assim, alguns revelam grandes dificuldades ao nível da integração social, enquanto outros, tal como já referi, estão perfeitamente integrados no seu meio sociofamiliar e profissional. Por outro lado, há assassinos em série que têm histórias de assedio psicológico e/ou sexual, enquanto noutras nada disso se assinala. Na realidade este tipo de crimes constitui, muitas vezes, um quebra-cabeças para os especialistas, embora a grande maioria se possa incluir no grupo dos psicopatas ou dos sociopatas.
A fantasia patológica parece ser comum a todos os assassinos em série, que muitas vezes começam a manifestar pulsões de morte e destruição durante a infância e a adolescência, sem que isto seja suficientemente evidente ou valorizado para com quem com eles convive (tendência para a destruição compulsiva e/ou zoo-sadismo). Na maioria dos casos os assassinos em série são do sexo masculino. Existem dois grandes tipos: os organizados e desorganizados. Os primeiros são, regra geral, intelectualmente diferenciados, metódicos, simpáticos para as vítimas como forma de as atraírem, cometem o crime num local e depositam os corpos noutro.
Muitos possuem bons conhecimentos forenses e sentem-se orgulhosos dos seus atos que identificam como “missões nobres e incontornáveis”. Pelo contrário, os segundos apresentam-se com baixo grau de diferenciação intelectual e cometem os crimes de forma impulsiva, matando sempre que há oportunidade para tal. Deixam, muitas vezes, pistas inequívocas que permitem a sua rápida captura, ao contrário dos primeiros. Sofrem, com frequência, de bloqueios mnésicos relativamente aos crimes cometidos.
Um número significativo apresenta caraterísticas dos dois grupos. Com o andar dos tempos, e à medida que o número de homicídios aumenta, alguns “organizados” tornam-se, progressivamente, “desorganizados”.
Quando da tentativa para consumar o homicídio optam por uma contacto direto com as vítimas, com o uso de armas brancas, o estrangulamento e o recurso a objetos contundentes a assumirem-se como os meios de eleição. São muito raras as situações de agressão com arma de fogo.
Ao serem capturados, muitos dos assassinos em série confessam sem problemas de maior os seus crimes, manifestando um hedonismo exacerbado. Os atos cometidos têm, muitas vezes, uma “auréola ritualística” bastante evidente.
Apesar de muito ter ficado por dizer, tentei tecer algumas considerações que permitam ter um conhecimento global do fenómeno “assassínio em série”.